Dois livros de poesia de baianos serão lançados hoje(11) no Pelourinho

Elizeu Moreira Paranaguá e Bernardo Almeida autografam Saramboke e Arresto na Cantina da Lua

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  • Roberto Midlej

Publicado em 11 de março de 2017 às 06:05

- Atualizado há um ano

Elizeu Moreira Paranaguá tem Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Mello Neto como referência (Foto: Ricardo Prado/divulgação)

O baiano Elizeu Moreira Paranaguá, 53 anos, nasceu na cidade de Castro Alves, a cerca de 200 Km de Salvador. No fundo de sua casa, havia uma reserva de Mata Atlântica, por onde passava um riacho que vinha de uma montanha. Ali, ele se banhava com os amigos, entre os peixes e os pássaros que sobrevoavam a área. Não sabia por que, nem quem havia criado o nome, mas chamavam o lugar de Saramboke.Foi aquele cenário bucólico, cujo nome Elizeu desconhece a origem - “Já pesquisei no Google e em dicionários de todas as línguas, mas nunca o encontrei”, diz o poeta - que resultou no poema que inicia e batiza o livro homônimo, que será lançado hoje na Cantina da Lua, no Pelourinho, às 15h30.“A palavra Saramboke representa minha infância, minha memória, o colorido místico da minha infância”, diz Elizeu.A coleção de poemas está sendo publicada pela editora paulista Penalux, que ainda lança amanhã, no mesmo horário, também na Cantina da Lua, o livro de outro poeta local: Arresto, de Bernardo Almeida, 35 anos.Elizeu, que estreou em 1992, com Poema Terra Castro Alves, diz que seus textos não estão submetidos a uma regra, mas quase sempre abordam questões existenciais e filosóficas. Curiosamente, a pedra, um elemento natural sem vida, tem sido frequente em seus textos. “Mas a pedra, embora não tenha vida, tem alma. E ela vem da terra, que é ‘humus’, que, por sua vez, dá origem à palavra ‘homem’. Então, a pedra tem energia”.Bernardo Almeida também não se atém a formas fixas em seus poemas. “Desde a Semana de Arte Moderna, isso mudou muito e não há mais essa exigência de ser identificado com um estilo”, revela o escritor, que lança seu sexto livro de poemas. O tema dos textos também é aberto, segundo o autor. O título, Arresto, de acordo com Bernardo, está relacionado à “avalanche política” recente que se abateu sobre o país. “Acho que vem a calhar para esse momento em que as pessoas praticamente estão tendo seus bens embargados para se pagar tudo o que foi desviado por corrupção. Os poemas são uma reflexão sobre aquilo que é importante para cada um. É uma provocação sobre aquilo a que você tem direito e perde”, diz Bernardo.