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Domingo de Carnaval no Pelourinho tem festejos reduzidos

Baile a fantasia do Ilê Aiyê reuniu turistas e baianos

  • Foto do(a) author(a) Luana Lisboa
  • Luana Lisboa

Publicado em 28 de fevereiro de 2022 às 04:59

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

O domingo de Carnaval no Pelourinho foi marcado pela busca de um espírito carnavalesco, materializado no bater dos pés no ritmo das músicas de fundo dos sentados em mesas de bar, no batuque dos tambores à distância, nas crianças adereçadas e no glitter espalhado pelo chão das ruas de pedra. Com aglomerações pontuais e máscaras presentes, mesmo que abaixo dos narizes, os festejos só se iniciaram mesmo no fim da tarde - com destaque para o Baile a fantasia do Ilê Aiyê.

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Na Rua Gregório de Matos, da onde saem os Filhos de Gandhy, uma escassa presença de fantasiados, e, para uma bela tarde de sol de 27 de fevereiro, um movimento típico de qualquer fim de semana.

A Rua das Laranjeiras, por sua vez, onde se localiza o Largo da Tieta, só “mostrou as caras” às 18h. Um fluxo maior de pessoas chegou para acompanhar o Ilê, já que não foi possível o acompanhar pela Ladeira do Curuzu, como é de costume dos foliões.

Até antes da entrada da principal atração do baile, os bares da rua já estavam bem ocupados, e a fiscalização do uso de máscaras era realizada pela equipe de seguranças da festa. A abordagem era que, para as pessoas que estivessem com o adereço no queixo, a levantassem para cobrir o nariz. O cartão de vacinação foi um pré-requisito para a entrada. Assim que atravessavam os portões, entretanto, o movimento era imediato, quase instantâneo: muitos abaixavam a máscara novamente.

A Polícia Militar e a Vigilância Sanitária, da Secretaria de Saúde Estadual, também faziam a fiscalização. O ambiente tem capacidade para 2 mil pessoas, mas apenas mil entradas foram disponibilizadas, de acordo com a produção do evento.

Maria de Fátima Júnior, 52 anos, associada do bloco Ilê Ayê, só parou de dançar para conversar com a reportagem. Fantasiada com roupas de outros carnavais e sem retirar a máscara para curtir o momento, se prontificou a declarar sua saudade do Carnaval: “Com fé em Deus, voltaremos com nosso desfile na Avenida, dói o coração a falta que faz, não estamos como gostaríamos, mas é necessário”, disse.

                         Maria de Fátima dançava antes de ser abordada pela reportagem. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

A essa altura, Maria aproveitava o número de abertura, o DJ Branco. Em seguida, veio o Bloco Muzenza, e o próprio Ilê Aiyê. O Grupo Movimento veio depois, e o Ilê veio novamente para fechar as atrações com chave de ouro.

A ideia do baile, de acordo com o fundador do bloco, Antônio Carlos, ou como é conhecido, Vovô do Ilê, era a de demonstrar a sobrevivência do grupo em épocas de Carnaval, mesmo sem ser possível realizar os festejos. “Não estamos tendo ensaios, Beleza Negra, festival de música, viagens, os eventos que ajudam a manter a entidade, então com isso mostramos que estamos vivos, e o Pelourinho era um lugar excelente para demonstrar isso”, explica.

Paula Fróes/CORREIO

O momento era ansiosamente esperado, principalmente para os associados. Dançarino do Ilê há 25 anos, Ítalo Peixoto ingressou no grupo aos 9 anos de idade. Crescido entre os ensaios, para ele foi um alívio a retomada de um evento carnavalesco, mesmo que somente durante um dia.

“Não é só um baile de Carnaval, mas participamos de um processo de conscientização, em que as pessoas param para refletir: O que é ser negro? No mercado de trabalho, na família, na música. Tudo isso é possível encontrar na nossa música, estética, dança e produção”, esclarece.

Pelourinho e o Carnaval

As ausências da festa de rua foram sentidas principalmente pelos trabalhadores do Centro Histórico. Apesar de alguns bares movimentados, como o clássico “Ó paí ó”, contarem com a animação da música ao vivo, os poucos integrantes presentes dos Filhos de Gandhy e as baianas de acarajé eram facilmente avistados, avulsos nas ruas.

João Paulo Gomes, de 37 anos, e integrante do grupo, revelou que o domingo de Carnaval, que, antes, significava a saída do bloco do Pelourinho em meio à folia, neste ano, estava sendo pretexto para uma confraternização interna do pessoal - que, há dois anos, não se viam. Somente os curiosos que colocassem os ouvidos nas portas da Associação podiam ouvir, de longe, o som dos batuques e tambores, saídos de dentro do local.

A baiana Matildes de Souza, de 53 anos, por sua vez, aguarda pelo ano que vem para ver ruas e becos movimentados novamente. “Eu estou triste, mas ao mesmo tempo feliz, porque é para o bem da humanidade. Vamos aguardar para curtir com saúde. Continuem se protegendo que a doença ainda está aí. O mal da falta de festa é para o bem coletivo”, finalizou.

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*com orientação de Monique Lôbo