Dono de lava-jato é morto a tiros no Arraial do Retiro

Carro da vítima tinha adesivo de uma empresa de aplicativo, mas moradores disseram ser disfarce

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  • Bruno Wendel

Publicado em 29 de abril de 2021 às 20:19

- Atualizado há um ano

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Rua da Esplanada, Arraial do Retiro, 22h de quarta-feira (28). O dono de lava-jato Robert dos Santos Santana, 30 anos, providenciava o enterro de um parente, que acabara de falecer de causa natural, quando foi morto a tiros, após três homens efetuarem diversos disparos contra o carro em que a vítima estava. 

A versão foi dada por moradores no local, na manhã desta quinta-feira (29). Eles disseram também que Robert era conhecido como Totó da Engomadeira e que seria uma das lideranças do tráfico na Lajinha, localidade do bairro da Engomadeira, onde morava. Apesar de o carro dele, um Fiat Punto (NZW-7J58), ostentar um adesivo da Uber, Robert não era motorista de aplicativo. “Que nada. Era um disfarce para não ser pego pela polícia”, disse um morador, sem se identificar 

Procurada, a Uber informou ao CORREIO que Robert não era motorista da empresa. (veja nota abaixo). Moradores procurados pelo CORREIO disseram também que Robert promovia paredões.  No entanto, parentes de Robert disseram que a vítima trabalhava como motorista da Uber há cerca de três meses, mas negaram o envolvimento da vítima com o tráfico de drogas e paredões. 

Sobre o caso, a Polícia Civil informou que a 2ª DH/Central é a responsável pela investigação da morte de Robert, vítima de disparos de arma de fogo, dentro do carro Fiat Punto. “Familiares de Robert foram ouvidos na unidade. Outras oitivas foram agendadas e diligências são realizadas para esclarecer a autoria e motivação do crime”, diz nota. 

Em relação ao envolvimento da vítima com o tráfico da Lajinha, a PC disse que não tem essa informação. O CORREIO perguntou ainda se a vítima tem antecedentes criminais, mas até o momento a PC não deu retorno.  

Crime Na versão dos moradores, Robert saiu da Lajinha rumo à Rua da Esplanada para acertar o sepultamento de um parente que tinha acabado de falecer.  Ele parou o seu Fiat Punto já no final da rua, que não tem saída. “Ele chegou com alguns parentes. Ficou no local parado, resolvendo as coisas do enterro, enquanto o pessoal que veio com ele, saiu do local em um outro carro. Vinte minutos depois, escutamos os tiros, muitos tiros”, disse o um morador. 

Um outro contou que acordou com os disparos. “Foram mais de 50 tiros. Não tinha como não acordar. Na hora que aconteceu ninguém estava na rua, porque isso aqui fica desertado a partir das 19h. Muita gente ficou assustada e só saiu quando teve certeza de que não havia mais risco para ninguém”, relatou o morador. 

No local onde ocorreu o crime havia ainda estilhaço de vidro no chão. “Os tiros foram todos no lado dele. Na frente e na lateral. Dizem que foram três pessoas”, contou uma moradora. Segundo ela, os criminosos estavam com armas diferentes. “O pessoal fala que usaram armas de calibre pequeno, pistola 380 e ponto 40 e 45”, declarou a mulher.  

Tráfico Ainda de acordo com os moradores, Robert fazia parta da liderança da Lajinha, onde o território é dominando pela facção Comando da Paz (CP), filial do Comando Vermelho (CV). “Ele era um dos donos da Lajinha, na Engomadeira. O carro era dele, o Punto. Tirava de tempo de Uber para não ser pego”, disse uma fonte ouvida pelo CORREIO na Rua da Esplanada, no Arraial do Retiro.  

Robert era conhecido também por promover paredões na Engomadeira. “Ele é dono do Golzinho Treme Terra, que agora é na Saveiro Treme Terra. Ele fazia esse tipo de festa”, completou a fonte. 

Porém, parentes de Robert negaram algumas versões. Segundo eles, a vítima estava desempregada e há três meses resolveu rodar por aplicativo. Ainda assim passando por dificuldades financeiras, Robert montou um lava-jato no Recanto do Cabula. “Foi a forma que ele encontrou para complementar a renda”, disse um parente. 

Sobre o suposto envolvimento dele com o tráfico, parentes negam. “Ele nunca foi preso, sequer conduzido à delegacia”, disse. Robert deixou três filhos.    Uber A Uber explicou que o motorista e o veículo não são cadastrados na plataforma da empresa. Como o nome da Uber é muito utilizado como sinônimo para categoria de aplicativos de transporte, é possível que tenha acontecido isso quando falaram com a família da vítima.     "A Uber lamenta que cidadãos sejam alvo da violência que permeia nossa sociedade. Ao que tudo indica pelas informações apresentadas, Robert não possuía cadastro na plataforma da empresa. Portanto, o caso não tem relação com o aplicativo da Uber. De qualquer forma, a empresa permanece à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações, na forma da lei", informou a nota.