Drive solidário: projetos arrecadam 3,5 toneladas de alimentos para ajudar mães

Ação recolheu doações ao longo do fim de semana no Cidade Jardim

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 9 de maio de 2021 às 15:26

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Wendel de Novais/CORREIO
. por Foto: Wendel de Novais/CORREIO

A pandemia do novo coronavírus trouxe à tona a era dos drive-thrus. O que antes se limitava aos postos de fast food, virou uma tendência segura para entrega de produtos comuns, vacinação e até modelo para ações solidárias como o 'Banquete na Mesa de Uma Mãe', iniciativa promovida por quatro projetos sociais que usaram o dia das mães para mobilizar doações destinadas às matriarcas que passam por dificuldades na capital baiana.

Um drive da solidariedade que aconteceu pelo segundo ano consecutivo neste final de semana no Centro Médico Christian Barnard, no Cidade Jardim, e arrecadou 3,5 toneladas de alimentos que serão repassadas para cerca de mil famílias já cadastradas pelas instituições. 

[[galeria]]

A ação é promovida pelos projetos Patrulha do Bem, Um gesto de amor salva uma vida, Sol Nascente e Malcolm X. Projetos que, além de anos de trabalho social, têm uma coisa em comum: são conduzidos por mães que abrem mão da possibilidade de curtir a data comemorativa para arrecadar itens que farão a diferença na casa de outras mulheres.

Uma delas é Fabiane Mota, 37 anos, presidente da Patrulha do Bem. "Tem muita mãe passando fome, principalmente, na periferia. Eu, como mãe, faço isso pensando nas outras. Não consigo ficar em casa aproveitando um almoço enquanto sei que tem mãe que olha pro filho sem saber o que vai dar de comer pra ele", disse Fabiane. Fabiane preferiu passar o dia das mães arrecadando alimentos (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Engajamento coletivo para fazer o bem  Engana-se quem pensa que o trabalho dos projetos só começa no fim de semana, recebendo os itens. Antes disso, há toda uma articulação que busca apoio estrutural e meios de divulgação para que a iniciativa gere impacto e engaje as pessoas que ficarem sabendo do drive.

Estratégia que, mesmo em meio a pandemia e os seus impactos financeiros, parece dar certo. O aposentado Valdemir Borges, 76, soube da ação no meio da semana e fez questão de contribuir. "Eu vi as placas e soube do projeto pela primeira vez. Quis fazer minha parte e trouxe duas cestas básicas para ajudar. Na minha opinião, quem tem, mesmo que não tanto, precisa ajudar e eu faço a minha parte", falou. Valdemir levou duas cestas básicas ao drive (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Quem também contribuiu com duas cestas básicas foi Ivisson Ribeiro, 41, empresário que trabalha na frente do drive e, antes do serviço, passou lá para deixar a sua contribuição, já que entende como necessária a atitude de ajudar quem tem dificuldade para se alimentar no momento. "Eu doei duas e recebi cestas de outras pessoas que repassei para os projetos também. O coração fica alegre, confortado. A gente sabe como as coisas estão difíceis. Para mim, que não estou mais com minha mãe, fico com dever cumprido sabendo que farei da data um dia de alívio para outras mães", contou.

Maria Gorete Carvalho, 66, psicóloga, foi outra que saiu de casa para levar até o drive sua contribuição. De acordo com ela, o momento é mesmo de ajuda para mães e famílias que passam por problemas para pôr comida na mesa. "Nesse período, em que a gente passa por pandemia e um número elevado de pessoas desempregadas, a demanda por doações está maior. Fiz questão de colaborar pelo trabalho direcionado às mães realizado pelo projeto, que é uma ponte entre quem precisa e quem pode ajudar", declarou. Gorete, de azul, não quis ficar sem contribuir (Foto: Reprodução) União de sucesso O impacto gerado pelo volume de doações em 2020 e 2021 direcionadas aos projetos é muito maior do que as instituições conseguiam de maneira individual na data. Para Alexandra Ataíde, 41, presidente do projeto Um gesto de amor salva uma vida, a unificação entre as instituições cumpriu o seu objetivo principal: aumentar o alcance.

"Nosso trabalho era de formiguinha. A união entre os projetos mudou isso, nos levou a lugares que não chegamos antes. E cresceu de um modo que a gente nem imaginava. Conseguir arrecadar cinco toneladas em um fim de semana como foi em 2020 é a prova disso. E quem mais ganha são as pessoas assistidas pelos nossos projetos", contou alegre com o resultado da campanha.

*sob supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier