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e-Agro: Campos cada vez mais inovadores


 

Feira digital para discutir a inovação reuniu mais de 3,6 mil pessoas durante os três dias de realização

  • Donaldson Gomes

Publicado em 28/11/2020 às 05:00:00
Atualizado em 23/05/2023 às 14:14:31
. Crédito: Reprodução

A inovação é o caminho para o desenvolvimento de um ciclo cada vez mais virtuoso na agricultura brasileira. Com ela é possível produzir mais, na mesma área e com o uso de menos recursos  – o que adiciona a sustentabilidade à equação. O cenário, que pode até parecer milagroso ou, no mínimo, difícil de ser alcançado é uma realidade, não apenas é possível como já é realidade no setor agropecuário brasileiro.

Nos últimos anos, a produtividade no campo cresceu mais de 400%, com um aumento de área no mesmo período quase dez vezes menor, destacou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante a sua participação na e-Agro Bahia – Feira de Inovação e Tecnologia Agropecuária, encerrada na última sexta-feira. Ela é o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins, foram alguns dos destaques do evento, que reuniu produtores, representantes do setor público e algumas das mais importantes empresas que atuam no setor. 

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Durante os três dias de programação, o evento realizado totalmente online recebeu mais de 3,6 mil acessos de visitantes, que puderam acompanhar desde painéis com palestrantes de alto nível, visitas de campo virtuais, workshops com renomanos chefs de cozinha que falaram sobre o uso de produtos regionais, leilões de animais, de máquinas e equipamentos, além de uma inédita Green Friday, a versão agro da Black Friday. 

A inovação é o caminho para que o agro continue a ser a locomotiva econômica por muitos e muitos anos, avaliou a gerente de negócios na área da agricultura de precisão da John Deere, Estela Dias. Em sua apresentação no painel sobre a Agricultura 4.0, ela lembrou que a atividade já caminha em direção à 5.0, notabilizada por um nível cada vez maior de automação. Segundo ela, este processo de evolução está acontecendo de maneira cada vez mais rápida. “A humanidade passou um longo período na Agricultura 1.0, que era marcada pela tração manual. Depois tivemos os motores à combustão, a informação ganhando cada vez mais importância e vamos caminhar rápido rumo à uma maior automatização”, avalia. 

Para ela, as novas tecnologias estão acessíveis para produtores de qualquer porte. “Tem ferramentas que tem um custo mais elevado, porém existem também aquelas que podem ser acessadas pelo celular gratuitamente, ou por um preço muito baixo”, diz. 

O CEO da BovExo, Paulo Dancieri Filho, que por muito tempo comandou a Coimma, eleita pela Forbes como uma das 10 empresas mais inovadoras do Brasil, destacou que a inovação no campo está acessível a produtores de todos os tamanhos. Segundo ele, a produção agrícola nacional está mais desenvolvida que a pecuária em termos tecnológicos. “Em termos tecnológicos, a Pecuária 4.0 está desenvolvendo ações que já são conhecidas da agricultura há muito tempo, como a coleta estrutura da informações”, diz. Para Dancieri, ainda é necessário conscientizar o produtor sobre a importância da tecnologia. 

“É a tecnologia quem vai nos permitir continuar ampliando a produtividade. É muito importante deixar claro que isso vai representar melhores resultados para o produtor. Ele precisa entender que produzir de maneira sustentável dá muito mais resultados”, destacou. 

No painel onde se discutiram as políticas públicas para o setor, o presidente da CNA, João Martins, ressaltou que o Brasil tem potencial para se tornar a maior nação agrícola do mundo. “Temos terra, temos produtores preparados e temos a vontade de alcançar este objetivo”, garantiu. Para isso alcançar o objetivo, ele destacou apenas a necessidade de se superarem alguns gargalos. 

João Martins ressaltou a necessidade de um planejamento mais a longo prazo para o setor. Ele contou que a CNA trabalha em parceria com o Ministério da Agricultura para o lançamento de um plano plurianual. “Nós trabalhamos muito em função da safra atual, com o plano plurianual vamos passar a poder planejar as nossas ações no longo prazo”, ressalta. 

“A nossa agropecuária, há muitos anos, tomou a decisão de andar sozinha, de se modernizar e cresceu”, ressaltou a ministra Tereza Cristina durante a sua apresentação, na última quinta-feira. Para ela, o bom momento é fruto de investimentos em tecnologia. “Os produtores se organizaram, as associações se organizaram em buscas de melhorias e da defesa dos interesses dos produtores. Não aconteceu por acaso, tem muito trabalho e muita tecnologia embarcada”, ressaltou. Ela destacou o avanço no volume da produção agropecuária do país que deve atingir R$ 848 bilhões este ano e se aproxima da casa do R$ 1 trilhão. 

Superintendente do Sebrae-Bahia, Jorge Khouri destacou a importância de o poder público se aproximar do setor neste momento de dificuldades. “Temos na agricultura a nossa principal atividade econômica”, destaca. 

O presidente da Federação da Agricultura da Bahia (FAEB), Humberto Miranda, destacou a importância do e-Agro, como um espaço para discutir o futuro da atividade no Brasil. “Este é um evento que já se mostrou fundamental para a gente que vive do campo. Temos que inovar, temos que ser sustentáveis para ajudarmos o Brasil a construir uma nova classe média rural”, diz. 

A e-Agro foi organizada em parceria pela FAEB e o Sebrae-Bahia. Humberto Miranda destacou a satisfação com o evento deste ano e avisou que pretende trazer novidades para a próxima edição.