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Editorial
Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 05:00
- Atualizado há um ano
Não há nada mais desejado, neste momento, por todos, do que o acesso à vacina contra a covid-19. E ela chegou. Evidentemente - pelos conhecidos entraves políticos e também por questões logísticas -, não para todos, ao mesmo tempo, mas já há mais de um milhão de pessoas vacinadas no Brasil. Ainda existe um longo caminho pela frente, esse número significa menos de 1% da população brasileira, mas é uma marca digna de reconhecimento e comemoração.
Está funcionando. Temos planejamento, o SUS é uma estrutura sólida e de capilaridade inquestionável. As vacinas estão chegando aos mais distantes lugares do Brasil, como sempre chegaram em programas de imunização reconhecidos internacionalmente pela sua eficácia. Assim, erradicamos doenças como a poliomielite e a varíola. Esta, nove anos antes da erradicação mundial anunciada em 8 de maio de 1980, na 33ª Assembleia Mundial da Saúde.
Para que funcione, essa estrutura precisa de regras, planejamento e profissionais capacitados no comando das ações. Um processo que, com o advento da covid-19, toda a população passou a acompanhar. Desde as fases de desenvolvimento de vacinas até o escalonamento da distribuição, tudo é aprendizado para muitos, mas também oportunidade de compreender conceitos importantes. Um deles é o sentido de “etapas”.
Até aqui, todos entenderam que há quatro fases de testes antes da distribuição de imunizantes, que há etapas necessárias para a segurança da população. Isso se repete no âmbito da distribuição. Agora, portanto, é o momento de todos entenderem e, sobretudo, respeitarem as fases de vacinação. Há uma lógica sustentando as escolhas dos grupos prioritários, e ela pretende atender à coletividade. O Ministério da Saúde oferece uma proposta de escalonamento que deve ser, por todos, respeitada: estados, municípios e indivíduos.
É óbvio que existem discordâncias, mas essa discordância não autoriza descumprimentos. É necessário vacinar a população com a máxima urgência, e, nesse sentido, obedecer a fila é o que de melhor cada um pode fazer. Não precisamos tensionar o que já está, por demais, tensionado. O plano é que a vacina chegue para todas as pessoas do mundo e já chegou para milhões. Descumprir a ordem, além de ser atitude eticamente reprovável, encontra punição prevista em lei. A Prefeitura de Salvador acaba de divulgar um aplicativo específico para denúncias desse tipo.
O Detetive Fura Fila – disponível nesse primeiro momento somente para plataforma Android – pode ser baixado por meio desse link. Desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia da Informação da Secretaria Municipal da Saúde, o aplicativo já está disponível para denúncias anônimas, através do smartphone. A plataforma permite ainda a possibilidade de encaminhar uma foto como comprovação do eventual delito. Todas as denúncias registradas serão apuradas pela Ouvidoria em Saúde.
Não há argumento que justifique a desonestidade na distribuição dos imunizantes. Ao agir dessa maneira, a cidade, estado ou indivíduo apenas atravanca o processo. É vergonhoso assistir a atitudes de figuras públicas que, devendo zelar pelo coletivo, tomam este momento como um “salve-se quem puder”. Deveriam ser, justamente, o exemplo de obediência à estrutura que representam. Busquemos serenidade e ética. Façamos disso nosso Norte. A maior espera já se fez em dez meses de pandemia, sem esperança. Agora, temos imunizantes e prazos para que cheguem até nós. É obrigação de cada um colaborar com esse processo, ainda que isso signifique, apenas, não tentar burlar as regras.