'E o vento levou': embarcação é carregada por rajada de vento no Comércio

O barco Sol Brilhante foi localizado no inicio da tarde desta terça-feira (2)

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 3 de setembro de 2020 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/CORREIO

O vento foi o responsável por horas de agonia na vida do policial aposentado Natanael Sales, 49 anos. É que foi a força do vento que levou embora a embarcação Sol Brilhante, do pier onde estava amarrado na região do Comércio. O barco ficou à deriva por horas desde que se soltou na madrugada de quarta-feira (2), e só foi encontrado no início da tarde do mesmo dia, depois de ter sido guiado pela correnteza até a região de Madre de Deus. 

Antes de encontrar a embarcação, o ex-policial militar precisou contar com a solidariedade de amigos e conhecidos na busca pelo Sol Brilhante. “Quando dei por falta do barco de manhã, foi acionando a rede de amigos, associação  de pescadores, mergulhadores, pessoal da comunidade náutica. Todo mundo se mobilizou pra ajudar”, conta ele. A história com a embarcação começou há um ano e meio, e há cerca de 10 meses o barco tinha seu lugar no pier do Comércio. Além do prejuízo afetivo, a preocupação de Natanael na busca pelo Sol Brilhante era a de suportar um prejuízo financeiro de 25 mil reais. 

Os ventos que carregaram o barco para longe realmente estavam fortes. A estação de medição mais próxima ao Comércio, localizada em Ondina, registrou rajadas de vento entre a 1h e 2h, com valores de até aproximadamente 43,6 km/h, segundo dados do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema). Segundo o órgão, a velocidade, bastante superior à média de 7,1 km/h registrada, considerando toda a madrugada, é comum no horário e época do ano, caracterizada por ventos intensos em todo o estado. 

Ainda segundo o Inema, no entanto, inúmeros fatores podem ter influenciado na força do vento para que o barco fosse levado, como, por exemplo, uma rajada ainda mais rápida do que a máxima registrada. “Cabe ressaltar que a variável "vento" sofre bastante influência do tipo de terreno, construções, topografia, etc. Assim, não podemos descartar que tenham ocorrido rajadas mais intensas no local”, disse o órgão em nota, chamando atenção também para a possível influência da correnteza no episódio. Embarcação Sol Brilhante foi levada pelo vento (Foto: Acervo Pessoal)

Tentativa de resgate Antes mesmo do sol nascer e as buscas começarem ,entre os amigos de Natanael, pescadores tentaram impedir que a embarcação fosse levada.  “Quando caiu a noite, de madrugada, teve uma ventania muito forte, que estourou a amarração do barco. Ele foi beirando  o cais da marinha. Pescadores que estavam lá ainda tentaram por lá quando viram ele saindo do cais tentaram amarrar ele, mas meu barco é um barco pesado, grande e eles não conseguiram. O barco ficou à deriva a noite toda”, conta o aposentado. 

Depois de uma manhã sem notícias, Natanael encontrou o barco através de um amigo. “O irmão de um colega meu reconheceu o barco quando recebeu a foto. Ele é pescador em Madre de Deus e está com o barco que eu vou buscar amanhã (quinta-feira, 3)”, conta. Depois do susto, o alívio e o barco voltará para seu lugar no pier do Comércio. “Foi um pesadelo. A gente acha que nunca vai acontecer. O barco tava numa amarração, dentro de uma área que tem um cais que protege, mas a corrente de vento é realmente muito forte. Graças a Deus encontraram”, comemora.

*Com orientação da subeditora Clarissa Pacheco