Edilson Capetinha tem patrimônio de R$ 56 milhões bloqueados pela Justiça

Procurador alega que atleta não tem dinheiro para pagar dívidas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 16:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paulo M. Azevedo/Arquivo CORREIO

Ex-jogador da dupla Ba-Vi, o pentacampeão mundial Edílson da Silva Ferreira, conhecido como Edilson Capetinha, 48 anos, está com o seu patrimônio de R$ 56 milhões bloqueado pela Justiça. Por causa de um processo de pensão alimentícia e de ações trabalhistas, ele teve retido seus bens, a maioria imóveis em Salvador.

O CORREIO conversou com Eduardo Pereira, procurador de Edilson. Ele alegou que o ex-atleta não tem condição de pagar o valor determinado judicialmente. “Hoje, Edilson não tem mais o salário de jogador, como antigamente. A pensão alimentícia da filha dele, de 11 anos, é de R$ 10 mil, mas ele não tem mais renda fixa, não é mais atleta", explica.Questionado sobre o valor a ser pago, Eduardo disse não saber ao certo. “Não tenho a exatidão desses cálculos. Nem a gente tem os valores dos bens".

O procurador disse ainda que, embora Edilson tenha um patrimônio milionário, isso não significa que o ex-atleta tenha boas condições financeiras. "Esse desgaste da imagem, provocado pela separação dele, partilha de bens e ações judiciais, trouxe muitos transtornos. Edilson tem um patrimônio avaliado em mais de R$ 56 milhões, porém com dificuldades por causa dos bloqueios devido às ações judiciais e de pensão alimentícia”, completou.

Recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5) determinou o leilão judicial de dois imóveis e a penhora de três residências para quitar as dívidas do ex-atacante. Eduardo classificou a decisão da Justiça como prematura e garante que não houve uma notificação oficial até o momento.

“A gente desconhece a decisão, ele não foi notificado. Isso é notícia de bastidor. Já informamos ao advogado, que vai se inteirar de tudo, até porque temos uma audiência no dia 24 de setembro. As ações trabalhistas foram unificadas, então não sei o motivo desse leilão. Foi prematura essa decisão. Se existe um acordo, não tem motivo para ter um leilão”, declarou Eduardo.

O procurador de Edilson disse também que, nessa audiência no TRT-5, que contará com a presença do ex-jogador, será apresentada uma proposta para a quitação da dívida. 

Ainda segundo o procurador, essa audiência tem como objetivo a apresentação de uma proposta. A ideia é vender um bem para fazer o acordo com as ações trabalhistas, que ainda correm na Justiça. 

O CORREIO entrou em contato com o TRT-5 que, através de sua assessoria, informou que não comenta processos que ainda estão em curso e, portanto, não informará qual o valor devido por Edilson.

Questionado sobre o porquê de somente agora o ex-jogador resolver apresentar uma proposta para quitar as dívidas, o procurador justificou que, para acontecer um desbloqueio, é preciso que ele faça um acordo para pagar as dívidas. "O desenrolar disso também é porque a gente não encontrou comprador. Se tivesse um interessado, a gente já teria feito a proposta à Justiça antes. Se ele ainda tem um bem e não vendeu, mas não tem o dinheiro”. Segundo Eduardo, essas dívidas trabalhistas foram geradas na época em que Edilson era proprietário de uma produtora, que administrava algumas bandas. "Ele sempre foi aquele cara que gostava de tocar cavaquinho, sempre gostou de banda, então ele era só empresário, mas a administração não era dele. Saía um músico, entrava outro. Naquela época, os administradores entendiam que o músico não tinha vínculo empregatício, porque era cooperativa ou acordo entre bandas. Só que, depois, todo mundo acaba atrás de seus direitos na Justiça. Ele deixou na mão dos outros, não entendia do assunto, mas hoje se arrende”, disse. 

Vida conturbada O CORREIO também conversou com Eduardo sobre os inúmeros casos polêmicos envolvendo Edilson Capetinha, como pelo menos quatro prisões por atraso no pagamento de pensão.

“Fazemos tudo o possível para diminuir o desgaste da imagem. Hoje tem feitos os trabalhos e participações em programas esportivos de São Paulo, onde está morando. Ele precisa que os bens sejam desbloqueados para poder começar a movimentar a vida”, finalizou o procurador. 

Em 2017, o Correio obteve, junto ao TRT, a lista de imóveis de Edilson que estavam penhorados ou estão indisponíveis. Confira: •    Imóvel no valor de R$ 3 milhões na Rua da Sapucaia, Horto Florestal  •    Casa em Guarajuba no valor de R$ 1 milhão  •    Apartamento Duplex na Rua Severo Pessoa, Federação •    Prédio na Rua Marques de Leão, Barra •    Casa na Rua Lemos de Brito, Barra •    Duas casas na Rua Souza Uzel, Federação •    Apartamento na Rua Augusto Lopes Pontes, Costa Azul •    Apartamento no Itaigara  •    Apartamento na Pituba Em março de 2014, Edilson foi preso pela primeira vez por não pagar pensão alimentícia, em Salvador. Em julho de 2016, foi detido pela segunda vez, em Brasília, por deixar de pagar mais de R$ 400 mil também em pensão.

A terceira prisão aconteceu em agosto de 2017, quando Edilson foi preso por policiais civis e levado para a sede da Polinter, no Centro de Salvador, por conta da dívida que se arrasta desde 2013 referente ao não pagamento mensal de R$ 8,8 mil em pensão alimentícia para um dos seus filhos, que mora em Brasília. Em agosto de 2018, ele foi preso pela quarta vez em Santa Catarina, pelo mesmo motivo.

Após tantas polêmicas, notícias sobre uma dívida ainda maior vieram à tona. O CORREIO teve acesso ao relatório do TRT-5, onde foi instaurado um processo de penhora unificada que reúne de 20 a 30 processos trabalhistas contra Edilson, contra empresas em seu nome, como a casa de shows Estação Ed Dez, que funcionava no bairro da Federação, com pessoas ligadas a ele. Já naquela época, a maioria dos bens do ex-craque estava bloqueada.

Na lista de bens havia imóveis milionários penhorados ou em processo de penhora, a exemplo de uma mansão no bairro do Horto Florestal avaliada em R$ 3 milhões, e uma casa em Guarajuba, no Litoral Norte, no valor de R$ 1 milhão. Entre os itens, há ainda 10 imóveis, quatro carros, contas bancárias, ativos financeiros e saldos de cartões de débito e crédito provenientes de vendas de abadás para o bloco Bróder. 

Isso porque, para buscar formas de Edilson pagar as dívidas, o TRT rastreou o seu patrimônio milionário, que estaria, em parte, nas mãos de laranjas. Por isso, o tribunal arrolou no processo unificado não só o ex-atleta, mas um grupo econômico que envolve empresas, sócios e familiares de Edilson, inclusive a sua própria mãe, Maria de Lourdes da Silva Ferreira, a qual tem um carro em seu nome. 

Além de familiares e sócios, na lista de “devedores” também constavam as empresas E&E Eventos, a Ed Cem Editora Musical, a Gooold Soccer Assessoria Esportiva, a Tribrazil Produções Artísticas, a Nos Duas Indústria de Moda e mais duas empresas de intermediação de negócios.

“São pessoas e empresas que eventualmente estejam com o dinheiro que não está na mão dele e está na mão de terceiros. São laranjas, né? Filhos menores com imóveis, por exemplo. Isso indica que ele está tentando dificultar uma penhora”, afirma Rogério Fagundes, diretor do TRT, há dois anos.