Edital da Vale do Dendê incentiva produção de música e podcast

Empresas lideradas por afrodescendentes passarão por incubadora e terão até R$ 50 mil para projeto

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  • Roberto Midlej

Publicado em 14 de outubro de 2021 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: fotos: divulgação

Que a Bahia tem talento musical de sobra, isso é óbvio. O que talvez falte no estado seja mais planejamento e profissionalismo. Por isso, o Programa de Incubação de Produtores de Áudio que a Vale do Dendê está lançando pode ajudar a fomentar essa indústria na Bahia. O edital foi lançado no dia 8 e seus detalhes estão no Instagram @valedodende. As inscrições vão até o dia 22 deste mês.

Nesta primeira etapa, 20 produtoras serão contempladas. Nos próximos meses, um novo edital será lançado para mais 25 projetos. Serão premiados projetos de podcasts, com R$ 20 mil cada, e de música, com R$ 50 mil cada. A iniciativa é da Vale do Dendê, organização social criada em 2016 que cumpre, entre outras funções, o papel de aceleradora de negócios. O programa surgiu a partir de uma doação que o Spotify fez à organização, no valor de R$ 3,5 milhões. 

As vagas serão destinadas para empresas lideradas por afrodescendentes formalmente constituídas (incluindo Micro Empreendedores Individuais) de Salvador e Região Metropolitana. Nesta primeira etapa, não é necessário apresentar um projeto, mas os seus portfólios. Na segunda fase, acontecerão entrevistas e apresentação de documentos.

Segundo Paulo Rogério Nunes, cofundador da Vale do Dendê, esse investimento pode acelerar o ecossistema de áudio na Bahia."Queremos que os criadores e grupos musicais daqui possam ganhar cada vez mais  espaço, levando inovação e criatividade para além das fronteiras locais. A cultura da Bahia precisa ser  divulgada para o mundo", afirma. Depois de aprovadas, as empresas serão submetidas ao período de incubação,  de 25/11/21 até 11/02/22. "É um programa inovador, que vai abordar questões como direitos autorais e uso de inteligência artificial em música. Há, no Brasil, e, especialmente na Bahia, uma carência para executivos da música. Entendemos que é necessário fortalecer as produtoras, por isso optamos por trabalhar com elas", justifica Paulo Rogério. Marketing digital, tecnologia, finanças e contabilidade também serão temas do programa. Paulo Rogério Nunes, cofundador da Vale do Dendê Embora o foco do edital sejam as produtoras de afrodescendentes, os temas dos podcasts propostos não precisam estar ligados a questões raciais: "Nos preocupamos com a diversidade de maneira geral, mas trabalhamos muito com africanidade, pois a Vale do Dendê nasceu em Salvador. Mas temos interesse e sensibilidade para trabalhar com outras diversidades", diz Paulo Rogéio. Ele acrescenta que os podcasts podem ser de qualquer gênero: desde uma radionovela até algo sobre física quântica.

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Alguns dos mentores da incubação são internacionais e participarão à distância. Está também nos planos do programa um intercâmbio via internet com profissionais do áudio que atuam fora do país. Participarão pessoas de cidades que relação próxima com  a música, como New Orleans, nos EUA, e Cali, na Colômbia.

O financiamento para a incubação surgiu por iniciativa do Spotify, que procurou a Vale do Dendê."Eles [o Spotify] já estavam querendo trabalhar com a inclusão afro e haviam lançado campanhas com alguns artistas. E a Vale do Dendê tem sintonia com isso, até porque estamos em Salvador, que é reconhecida como Cidade da Música pela Unesco. Foi um casamento perfeito", comemora Paulo Rogério. Pesquisa sobre podcasts Foi lançada uma nova edição da pesquisa sobre produção de podcasts na Bahia, realizada pela grupo de pesquisa científica Observatório da Produção Audiovisual e Audiofônica na Bahia, dos cursos de Comunicação Social da Unijorge. 

O questionário é aberto a qualquer participante, ouvinte ou não de podcast, e pode ser acessada no link: https://forms.gle/a3dejSNMm8KPXjdX9. As respostas podem ser enviadas até o dia 25 deste mês. A primeira edição aconteceu em 2020 e a proposta é comparar os dados e publicá-los em um artigo científico sobre a análise do biênio (2020/21).

De acordo com o estudo, a maioria do público ouvinte é do gênero feminino.  Quanto à faixa de idade, 60% estão na faixa dos 18 aos 29 anos; 19% entre 30 e 39 anos. Dos 40 aos 59 anos 15%. E, dos 60 ou mais anos de idade, corresponde a 3%, a faixa dos menores de 17 anos corresponde a menos de 1%. 

Quanto ao meio para ouvir os programas, a maioria dos ouvintes respondeu que utiliza o smartphone. Outros 28% escutam também pelo computador. A plataforma de streaming de áudio mais utilizada para ouvir podcast foi o Spotify, com 83% das respostas.