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Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2020 às 20:57
- Atualizado há um ano
Salvador é o primeiro dos 22 campi do Instituto Federal da Bahia (IFBA) a retomar as aulas após cinco meses. O retorno remoto não é uma convicção. O IFBA tem experiência no ensino presencial, mas compreendemos que o contexto impensável da pandemia nos obriga a um movimento.
Foram 13 audiências públicas, escuta do Conselho Superior e centenas de sugestões da comunidade em formulários online. Construímos coletivamente este momento para garantir o mínimo de conforto e regras documentadas que podem ser ajustadas conforme a necessidade.
Mas isso não é suficiente e, eu diria, não é sequer o principal. Precisamos garantir a permanência e o aprendizado dos estudantes, construir pontes diante do aprofundamento das desigualdades trazido pela pandemia. Como outras instituições públicas, o IFBA aguarda recursos do Ministério da Educação (MEC) para a compra de tablets e internet para viabilizar a inclusão digital de boa parte dos 76% de estudantes oriundos de famílias vulneráveis socialmente, cuja renda per capita é abaixo de 1,5 salário mínimo.
Sem cair em um negacionismo digital, também não podemos crer ingenuamente no solucionismo tecnológico. A cidadania do estudante se constrói na vida no campus, na formalidade da sala de aula e, especialmente, na experiência extracurricular, que vai do acesso a bens concretos como alimentação, atendimento de saúde e psicopedagógico até a participação em coletivos identitários, atividades culturais, esportivas etc. A experiência remota tem possibilidades, mas contém impossibilidades. Há quem viva com uma família numerosa em uma casa pequena, sem silêncio para o estudo. Há quem perdeu emprego e há quem está enlutado pela covid-19. Condições domésticas adversas reforçam a exclusão.
Portanto, este não é um ensino à distância, mas sim um ensino remoto emergencial. O intuito é controlar a evasão escolar e aproximar estudante e instituição. Se o ensino é emergencial, o trabalho docente e administrativo também. É preciso adaptar rotinas, conteúdos e escolher o que é prioritário ensinar.
A pandemia traz legados para a gestão. O primeiro é a vivência de um espaço virtual de debates dentro de uma instituição multicampi como o IFBA. Agora, resolvemos demandas, debatemos ou compartilhamos a produção acadêmica à distância. Além disso, compreendemos da forma mais difícil que precisamos ter planos para situações que fogem à regra: catástrofes naturais, conflitos. No futuro, temos que pensar o que integraremos à normalidade e o que não aceitaremos integrar.
Gerir crises requer respeito aos ritos democráticos e estratégia crítica para garantir a segurança de servidores e servidoras e a permanência de estudantes. Nunca foi tão importante estarmos todos juntos, ainda que virtualmente.
Luzia Mota é reitora do Ifba, licenciada em Física e doutora em Difusão do Conhecimento