Educação sem barreiras: conheça o trabalho da Escola Municipal Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce

Em hospitais ou residências, cerca de 900 alunos em tratamentos médicos têm garantido o direito de estudar

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  • Da Redação

Publicado em 5 de março de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Imas Pereira

“Se essa escola não existisse, não sei como meu rapazinho iria estudar. As clínicas de fisioterapia não aceitam ele, imagine como seriam as escolas”, afirma Patrícia Barbosa Santana. Ela é mãe de Vinicius, 9 anos, que precisa ser internado, frequentemente, para tratamentos de diferentes patologias decorrentes de uma síndrome rara que possui - a síndrome de Loeys Dietz tipo 4. Hoje o garoto estuda em casa, graças à existência da Escola Municipal Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce.

A rotina de Patrícia é extenuante e gira em torno de atender as necessidades do pequeno Vini. Além de toda a preocupação quanto à saúde do filho - não existem muitas informações sobre a síndrome, que acomete 0,06% da população mundial -, ela enfrentou muito preconceito nas tentativas de matricular a criança em escolas infantis particulares e até mesmo clínicas de fisioterapia rejeitam atendê-lo. Ele, um guerreiro, que mesmo entre as internações e o uso de ventilação mecânica para respirar, faz questão de vestir o uniforme da escola três vezes por semana para receber a professora, ter aulas e fazer os deveres de casa em uma rotina que a cada dia é feita com sucesso. “Meu rapazinho está evoluindo muito bem, já está no quarto ano do ensino fundamental e sabe ler, escrever e fazer conta”, comenta Patrícia.

O alívio desta mãe é semelhante ao de outras famílias que também sentiam receio de ver suas crianças fora da escola, por motivos de doenças. A realidade começou a mudar em 2001, quando o projeto Vida e Saúde ganhou a parceria das Obras Sociais Irmã Dulce e as crianças lá internadas tiveram acesso ao ensino. Por ser a Santa Dulce dos Pobres uma defensora da saúde e da educação, a escola, fundada em 1º de outubro de 2015, na gestão de ACM Neto, recebeu o nome de Escola Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce.

A escola vai até o aluno - De acordo com a gestora da unidade, Maria Íris Dias de Souza, hoje a Escola Municipal Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce, que tem sede em Amaralina, funciona em hospitais, clínicas e domicílios (Casas de Apoio, Casas Lares e Residências) com pessoas impossibilitadas, por motivo de doença, de frequentarem as escolas comuns também chamadas de regulares.

“Quando a pessoa está internada ou em clínicas de hemodiálise, há o convite para que assista aulas ou seja matriculada na nossa escola. Nos domicílios ocorre o pedido para as aulas, a gestão e coordenação pedagógica visitam, fazem uma anamnese pedagógica,  se forem pessoas que possamos dar aulas (premissa estarem em estado de adoecimento atestado por médico e afirmando que a doença impede de ter aulas em escolas comuns) e se tiver professor para ser designado para o local, as aulas são iniciadas”, explica Maria Íris.

Em média são realizados atendimentos a 900 alunos por mês, sendo 202 com matrícula efetiva na EMHDID e os demais matriculados em outras redes de ensino. A escola hospitalar e domiciliar atua hoje em 11 hospitais, quatro clínicas, duas Casas de Apoio, 14 residências e três casas lar.

A gestora destaca, ainda, que todos os professores e as coordenadoras pedagógicas têm especialização em Educação Especial Inclusiva e outras áreas afins, vários deles são mestres e doutores. “É um grupo estudioso, com cursos de aperfeiçoamento em classes hospitalares, muitas leituras e escritas de artigos na área. Somos a primeira Escola Hospitalar e Domiciliar do país ligada a uma rede de ensino e referência para outros estados. Já  apresentamos nossa experiência em congressos aqui no Brasil e no exterior“, salienta.

Para atendimento no domicílio, a escola realiza uma anamnese pedagógica e, posteriormente, as aulas. Já em hospitais e clínicas, as aulas são oferecidas aos pacientes novos ou em tratamento prolongado.

Experiência pioneira Há 21 anos, a professora Kátia Cardoso foi uma das primeiras a abraçar a missão das classes hospitalares e, apesar da experiência, se emociona em cada encontro com seus alunos. Adaptar as estratégias pedagógicas do currículo escolar da Rede Municipal de Educação às condições física, emocional e psicológica do estudante, através de um currículo escolar flexibilizado e adaptado às necessidades de aprendizagem dos alunos, é um desafio, mas por outro lado, ela tem grandes alegrias, como: “Proporcionar, em muitos momentos, o início, a permanência e/ou a continuidade do processo de escolarização do aluno, garantindo o direito à educação do estudante em processo de adoecimento”, frisa.

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