Educar para emancipar: Escola Maria Felipa abre inscrições para ciclo de formação

AfroEducativa acontece nos dias 13, 14 e 15 de setembro, com inscrições custando R$60

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  • Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2021 às 18:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Fróes/CORREIO

Um ciclo de formação pensado para pessoas que querem criar uma educação que emancipe o povo negro no Brasil e no mundo. Essa é a definição que Bárbara Carine, idealizadora da Escola Maria Felipa, dá sobre o projeto AfroEducativa - as formações pedagógicas que acontecerão durante o mês de setembro na escolinha afro-brasileira de educação infantil afro-brasileira e trilíngue (português, inglês e libras).

O projeto só foi batizado como AfroEducativa agora, mas já acontece há dois anos e disponibilizou sete módulos de formação voltados para as relações étnicas-raciais. O ciclo terá a participação da Dra. em educação Nilma Lino Gomes - autora do livro O Movimento Negro Educador, entre outros, e do Dr. em semiótica e linguística e babalorixá Sidney Nogueira, além de Bruno Coelho, professor de línguas, e da pedagoga Cristiane Coelho, a próxima formação ocorre nos dias 13, 14 e 15 de setembro, através do Google Meet, de 19h às 21h respectivamente. As inscrições custam R$60 e podem ser feitas até o dia 13 de setembro clicando neste link.

Bárbara Carine explica que as formações pedagógicas da Maria Felipa são ferramentas para construir conjuntamente a superação das discriminações, preconceitos e violências, consequentes do racismo, machismo e lgbtfobia, através da educação.

"O público-alvo são pessoas interessadas em construir, pela via da educação, uma sociedade igualitária em todos os sentidos, mas temos o eixo das questões étnico-raciais. Pensamos tanto na perspectiva da comunidade negra, no entendimento da população negra e de como pensar numa educação que emancipe a população negra brasileira e do mundo, como também da população indígena, que são as duas populações racialmente subalternizadas em nosso país pelo brancocentrismo e o eurocentrismo", afirmou a sócia.

Para Bárbara, o projeto ainda tem o obejtivo de  desmistificar o entendimento coletivo acerca da educação escolar afro-brasileira e afroafetiva: “Geralmente as pessoas cometem erros ao pensar a educação que pautamos e um deles é: acreditar que a nossa abordagem é unilateralizada e focada apenas nas religiões de matriz africanas, como se essa fosse a única possibilidade de pensar a comunidade negra na diáspora. Desejamos mostrar que somos pluriversais, que temos múltiplas frentes de atuação, de trabalho, na sociedade, intelectuais, conhecimentos científicos e filosóficos, aspectos culturais de naturezas diversas, a cultura popular, diversas frentes culturais a serem socializadas coletivamente e na escola”, disse.

Também sócia da escola, Maju Passos aponta que toda a formação abre uma série possibilidades: “Toda a formação e esse material é uma possibilidade de fazer um caminho reverso dentro das suas próprias casas até, para quem não tem condições de ter a Maria Felipa para trabalhar com as suas crianças, para quem sente a necessidade e a importância de criar condições para que tenham referências para além das que negam a africanidade e as outras perspectivas que positive a existência do povo negro", afirma.

Programação A formação será iniciada no dia 13 de setembro com o ciclo que tem como perspectiva uma formação coletiva, emancipadora, que liberta e é equânime, com a Pró Cris Coelho e Prô Bruno Brito, no encontro "História pretinha das coisas: o caderno bilíngue de atividades afrocentradas de ciências".

O caderno será apresentado com intuito de difundir uma ancestralidade outra, que foge dos estigmas do escravismo e coloca a população negra em um lugar de positivação das suas memórias, da sua existência, da sua subjetividade. Este material foi desenvolvido pelos professores e pode ser utilizado em casa e em qualquer escola, diante da falta de referências em materiais afrocentrados para trabalhar a educação infantil.

No segundo dia (14/09), as inscritas(os) ficam com a professora e doutora em educação, ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos no governo de Dilma Roussef e a primeira mulher negra do Brasil a comandar uma universidade federal, ao ser nomeada reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, em 2013, Nilma Lino Gomes, no encontro "O movimento negro educador: o papel da escola na construção da sociedade que queremos". 

O debate, que traz em seu tema o título do livro da mestra, foca em  compreender como o movimento negro se materializa no espaço escolar e como ele pode ser materialzizado na contemporaneidade, para avançar em uma educação equânime.

Para fechar os inscritos(as) ficam com a mesa "Superando o racismo religioso na educação escolar: desafios e estratégias", ministrada pelo Professor Dr. e babalorixá Sidney Nogueira, no dia 15 de setembro. 

O encontro com o coordenador e professor do Ilê Ará de São Paulo - Instituto Livre de Estudos Avançados em Religiões Afro-brasileiras e autor do livro Intolerância Religiosa da coleção Feminismos Plurais, coordenado por Djamila Ribeiro, tem o objetivo de pautar o racismo religioso e buscar a sua superação através de mecanismos como a fuga da ótica de demonização das religiões de matriz africanas e as suas entidades, compreendendo o espaço escolar como um ambiente de libertação dos estigmas e sistemas de opressões.