'Ele está sendo forte por Sophia', desabafa mãe do Tenente Gonçalves

Ele está sem dormir após noiva falecer de AVC na porta da igreja no último domingo (15)

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  • Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 20:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Instagram @tenente_bahia17

“Está sendo muito difícil filha, muito difícil mesmo. Mas a gente tem a Sophia e ele está sendo forte por ela”, disse Maria Gonçalves, mãe do Tenente Gonçalves, ao atender o telefone do filho na manhã de quinta-feira (19). Ela deu entrevista à revista Pais&Filhos e disse que o filho tem passado noites em claro e com dificuldades, mesmo estando feliz com os avanços da filha Sophia.

O tenente Flávio perdeu a noiva no último domingo (15), minutos antes do casamento acontecer: a esposa Jéssica Victor Guedes, 30 anos, sofreu um AVC e foi levada para uma maternidade no centro de São Paulo. Ela estava grávida de uma menina, Sophia, que veio ao mundo depois de uma cesárea de emergência. O telefone ficou chamando por muito tempo até que alguém atendesse e foi a voz de uma mulher quem nos respondeu. 

Maria disse para a Pais&Filhos que apesar do dia anterior ter sido marcado por grandes conquistas, foi muito duro e cansativo. Na última quarta-feira (18), o hospital que está cuidando de Sophia, a Pro Matre Paulista, emitiu uma nota e se prontificou a doar todo o tratamento da menina. Flávio não vai mais precisar pagar pela internação da filha. 

A mãe de Gonçalves contou que o filho tem passado por momentos bem complicados e que está sendo muito duro lidar com a morte da noiva e com o processo do tratamento de Sophia. A bebê nasceu quando Jéssica estava em coma, mas ela ainda não tinha completado 7 meses de gestação. 

“Jéssica batalhou e deu a vida pela nossa filha”

Em entrevista ao mesmo veículo, Flávio contou como conheceu a noiva e relembrou a descoberta da gestação. “Eu conheci a Jéssica no colégio, a gente estudou na mesma escola. Sempre gostei dela, mas ela não dava bola para mim. Então a vida seguiu e a gente se reencontrou na rua, trocamos contato para marcar um cinema, mas ela voltou a namorar”.

“Depois de um tempo a gente se encontrou de novo, começamos aquele relacionamento e assim passaram 7 anos juntos. 7 anos de muita alegria e harmonia. Mas este ano foi um divisor de águas. Além de eu ter uma boa fase na carreira, decidimos nos casar ainda este ano”.

“A gente queria marcar o casamento para o dia 15 de novembro, Proclamação da República. Começamos a nos organizar. Fizemos os preparativos e tudo mais. Foi quando veio a notícia de que a Jéssica estava grávida e precisamos adiantar as coisas”. O tenente explica que a gravidez não estava nos planos do casal, mas que a família se emocionou muito com a notícia.

“Foi uma grande emoção. Ela tinha um irmão mais velho, que também tem uma filha (nossa afilhada), mas Jéssica era a caçula da família e ainda morava com os pais. Tinha todo um xodó em cima dela”.

Chegando o dia do casamento, ele queria surpreender a noiva. “Ela estava superfeliz. E eu queria fazer uma surpresa. Queria chegar na igreja em um caminhão de bombeiros. Sou policial, mas já fui bombeiro por anos. Cheguei na igreja e comecei a ficar preocupado, todo mundo falando que ela não estava legal. Foi então que a prima dela me chamou e contou que ela estava desmaiada”.

“Aí começou o desespero, eu já estava entrando com a mãe dela e saí correndo até o carro que a gente tinha alugado. Começamos com os primeiros atendimentos, checando o batimento cardíaco e a respiração. Ela ainda estava consciente. Estava de olhos fechados, mas falava comigo”.

Jéssica dizia: “Amor, eu tô aqui, eu tô aqui. Mas tá doendo muito. Tá doendo a nuca e a barriga“. Flávio disse que a noiva parecia muito pálida e fraca. “Foi um momento difícil”. Ele acionou os amigos bombeiros e o socorro se deslocou para igreja.

“Eu pedi para chegar na igreja em um carro de bombeiro, mas eu saí de lá em um. Indo para o hospital”, desabafou emocionado. Antes de chegar na maternidade Pro Matre, eles passaram em um hospital que não tinha estruturas para cuidar do caso.

“Começou outro sofrimento, era um entra e sai de médicos. Até que me disseram que o útero e o fígado estavam sangrando e era preciso retirar o útero. Foi tudo muito rápido. Depois eles voltaram e disseram que a cirurgia tinha sido um sucesso, mas que a Jéssica estava sem atividade cerebral”. Sophia está internada no Pro Matre (Foto: Arquivo Pessoal) “Ela foi uma mãe-heroína, o tempo todo batalhou e deu a vida pela Sophia. A Sophia que é um ser de luz. A Jéssica era um ser de luz, com todas as qualidades do mundo. São nessas horas que a gente vê como é essencial ter o apoio da família e dos amigos”.

O depoimento da amiga  A Pais&Filhos também conversou com uma amiga do casal, a tenente Laura, que estudou com o “Gonça”, como é conhecido, por três anos na academia do Barro Branco da Polícia Militar de São Paulo. Ela era uma das guarda de honra de Jéssica e estava na igreja quando tudo aconteceu.

Em entrevista , ela começa dizendo que estavam do lado de fora para receber a noiva quando viu a correria das primas de Jéssica, que perceberam que algo não estava certo e foram chamar o noivo. “Vi uma de suas primas subir aparentando desespero e ir até o noivo. Aí ele passou apressado por nós e eu o segui”.

Foi Laura quem chamou o resgate quando percebeu que Jéssica realmente não estava bem. “Fiz a ligação pro Samu quando a vi passando mal. O Resgate do Corpo de Bombeiros chegou primeiro juntamente de uma USA, que é uma viatura composta por um médico”. Foram eles que fizeram o primeiro atendimento e que até então, acreditavam ser apenas uma crise de estresse e ansiedade. “Até então achávamos que ela havia passado mal pela emoção e pelo estresse. Jamais imaginávamos o que iria acontecer”. Jéssica estava esperando por Sophia (Foto: Reprodução/Facebook Sgt Alecsandro) Jéssica Victor Guedes tinha 30 anos e 29 semanas de gravidez. Ela teve um AVC hemorrágico em decorrência de uma eclâmpsia. Os médicos conseguirem fazer uma cesárea de emergência e salvaram a bebê, Sophia. A pré-eclâmpsia está entre as principais causas da mortalidade materna, e vem crescendo no Brasil, apesar dos avanços da medicina.