'Ele estava sem ar', diz vizinho que ajudou a salvar rodoviário soterrado em Cajazeiras

Vizinhança cavou com as mãos antes da chegada dos bombeiros

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 30 de junho de 2020 às 17:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

Vizinho do rodoviário que ficou soterrado ao tentar construir uma garagem em Cajazeiras, Rafael Santos Silva, 23, estava conversando com a família na varanda de casa quando ouviu o barulho do desmoronamento na manhã desta terça-feira (30). Outro vizinho, percebendo o que se tratava, pediu ajuda à família para salvar Anderson Santos Lopes, 44 anos. “Ele pediu ajuda, mas falou baixo. Quando minha tia ouviu, escandalizou: ‘Anderson tá soterrado’. Aí foi que a gente começou a se apavorar”, relata. 

Ao tentar prestar socorro, Rafael percebeu que Anderson estava totalmente soterrado e não dava para saber exatamente onde ele estava, nenhuma parte do corpo aparecia e só era possível se orientar pelo som da voz de Anderson. “Não tinha cabeça, dedo, nada. Ele só gritava por ajuda, estava ficando sem ar. Quando a gente achou a cabeça, tiramos um pouco da areia do nariz, aí foi que ele respirou melhor, daí em diante foi só benção”, continua.

No momento de tensão, a vizinhança não teve tempo de buscar uma pá para remover a camada de terra, o jeito foi cavar com as próprias mãos. Se tentassem buscar pela ferramenta, talvez o rodoviário não sobrevivesse, acredita Rafael. “Nosso medo era que ele falecesse, a gente nem tinha medo da terra desabar de novo, só queria tirar ele daquele buraco terrível”, desabafa.

Relembre o episódio

Um motorista de ônibus ficou soterrado após realizar um serviço para construir uma garagem em Cajazeiras XI, por volta das 11h30 desta terça-feira (30). Anderson Santos  Lopes, 44 anos, estava em seu dia de folga quando resolveu dar continuidade à obra.

Segundo vizinhos, Anderson estava em um terreno ao lado da casa onde mora, preparando o espaço para uma obra que seria concluída por um pedreiro. Enquanto escavava o local, um pedaço de terra cedeu e caindo por cima dele, que ficou consciente a todo instante.

Equipes do Corpo de Bombeiros foram até o local para ajudar na remoção de Anderson, que se queixou de dor em uma das pernas, que estava presa por um pedaço de madeira. O resgate, que contou com ajuda de moradores, foi concluído por volta das 13h30. Anderson foi levado para o Hospital Geral do Estado, onde recebeu atendimento médico. Não há informações sobre o estado de saúde dele.

De acordo com Paulo César Passos, plantonista da Defesa Civil de Salvador (Codesal), o terreno era bastante instável, o que pode justificar o deslizamento. "É um lugar bastante acidente, como costumamos dizer. Um terreno formado por expurgo, lixo, ou seja, que é bastante solto, digamos assim. Não é uma área firme, estruturada, então o risco de acidente é sempre maior. Além disso, estava bastante encharcado", disse ao CORREIO.

Ainda de acordo com a Codesal, o caso será encaminhado até no máximo esta quarta (1) para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo, que vai apurar o que ocorreu.

Até às 17h desta terça, a Codesal registrou 133 solicitações de emergência, sendo quatro alagamentos de imóveis, um alagamento de área, 57 ameaças de desabamento, três ameaças de desabamento de muro, 17 ameaças de deslizamento, cinco árvores ameaçando cair, três avaliações de área, cinco avaliações de imóveis alagados, dois desabamentos de imóveis, um desabamento parcial, cinco deslizamentos de terra, dois incêndios, oito infiltrações e 20 orientações técnicas.

Em casos de situações como essas, a população pode acionar a Defesa Civil de Salvador através do telefone gratuito 199.