'Ele trabalhou na minha casa', diz pai sobre suspeito de matar menina de 10 anos

Maria Elaine saiu para comprar pipoca quando foi assassinada

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  • Gil Santos

Publicado em 27 de maio de 2019 às 19:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo

Pai de Maria Elaine já desconfiava que autor do crime era alguém próximo da família (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) O pai da menina Maria Elaine Sobras Cortes, de 10 anos, não ficou surpreso ao receber a notícia de que um conhecido foi preso na manhã desta segunda-feira (27), apontado como suspeito de matar sua filha. Para o pedreiro João Cortes, 47, não há dúvida de que é ele o assassino da garota. Como a polícia ainda não tem certeza da autoria do crime, o nome dele não foi divulgado.

O corpo de Maria Elaine foi encontrado no dia 17 de janeiro deste ano, em um terreno vizinho à casa onde ela morava, no bairro de Alto de Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. A menina foi vista pela última vez três dias antes, quando saiu de casa para comprar pipoca. Garota foi encontrada morta perto da casa onde morava (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) O suspeito de assassinato era vizinho da vítima e, segundo o pai de Maria Elaine, é um velho conhecido da família, exatamente como ele suspeitou. “Moro há 20 anos no bairro e ele já morava lá antes de mim. Ele faz bicos como servente de pedreiro e já trabalhou na minha casa. Tem uns dois anos que eu chamei ele para fazer um serviço”, afirmou João Cortes ao CORREIO.

O pai da menina disse, que ficou inconformado após o crime, ainda que desconfiou do suspeito porque ele apresentou um comportamento estranho após o crime."A gente conversava, mas ele mudou muito comigo depois do que aconteceu com minha filha. Por isso, comecei a desconfiar dele".Em nota, a polícia informou, nesta segunda, que cumpriu um mandado de prisão temporária relacionado ao caso, mas não deu mais detalhes. “Outras informações acerca dos desdobramentos da apuração não serão divulgadas imediatamente, para não interferir no andamento do inquérito policial”.

Ao saber que a polícia apontou um suspeito, a tia da menina, Viviane Sobral, 27, lamentou ao saber que a prisão seja temporária. Apesar disso, ela acredita que a investigação vai identificar o culpado. “Nós sabemos que ainda é uma preventiva de 30 dias, mas eu torço para que, agora, muita coisa apareça. Ela só tinha 10 anos, era uma menina obediente, espontânea e muito alegre. Ela ia para a igreja junto com a gente”, lembrou. Tia da menina, Viviane ficou emocionada ao saber da prisão (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Vizinha e amiga da família, a autônoma Fátima Bispo, 47, afirma que desde o início das investigações, todos os moradores já suspeitavam do homem preso pela polícia.

“Estamos felizes que a polícia tenha cumprido a prisão dele. Foi uma luta que passamos nesses quase quatro meses. Sabemos que nada disso vai trazer a nossa princesa de volta, mas só em saber que a justiça está sendo feita, já é um alívio para nós”, disse ela, que está organizando uma manifestação para esta quarta-feira (29), em homenagem à memória de Elaine. 

Outros moradores que preferiram não se identificar relataram que o suspeito de matar a menina era usuário de drogas e álcool. Pouco depois do crime, após ser apontado como suspeito por populares, ele chegou a se apresentar ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas negou envolvimento e foi liberado.

A 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS) é quem investiga o caso. Clima ainda é de comoção entre os vizinhos (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Relembre o caso Maria Elaine estava sozinha em casa, no dia 14 de janeiro, quando decidiu sair de casa, na Travessa 15 de Novembro, para comprar pipoca em uma rua próxima. Para a polícia, alguns indícios dão conta de que a menina não pretendia demorar: ela deixou a TV da sala ligada em um canal de desenho animado, a porta aberta, e não calçou os chinelinhos preferidos da Hello Kitty. Trancou apenas o cadeado do portão, por volta das 15h, e saiu.

O corpo dela foi encontrado três dias depois, em um terreno nos fundos de um prédio, no mesmo bairro em que a família morava. O local é de difícil acesso. A blusa dela estava suspensa e o short na altura da virilha. Segundo a polícia, Maria Elaine foi estuprada e estrangulada. Ela perdeu a mãe, Maria Quitéria Sobral, há dois anos, e deixou, além do pai, a madrasta e dois irmãos. A mulher, que era dona de casa, morreu aos 45 anos, em decorrência de problemas cardíacos, além de diabetes e hipertensão. Local onde corpo de Elaine foi achado: embaixo de vão de uma casa na rua em que família mora (Foto: Almiro Lopes/ ARQUIVO CORREIO) O CORREIO chegou a ir ao lugar onde o corpo de Elaine foi encontrado. Para chegar, a equipe contou com a ajuda da balconista Marta Rúbia Santos, 39, quem encontrou o cadáver da criança, e permitiu o acesso por sua casa. 

O terreno, um pequeno espaço localizado na parte inferior de uma das casas, em uma ribanceira cercada de mato, é uma área comum aos fundos de todas as casas do lado direito da rua. "Não entendo como trouxeram ela pra cá. Eu tinha tanta esperança, toda a comunidade, de encontrar ela viva. Foi horrível. Eu achei que era um rato morto, comecei a procurar, quando olhei direito, vi uma perna humana", relatou Mara, à época. 

Nesse dia, a balconista precisou queimar palha para espantar o odor. Logo que o corpo foi encontrado, os moradores entraram em contato com o Departamento de Polícia Técnica (DPT). Os peritos precisaram quebrar parte do vão em que estava a garota, já que o corpo inchou e já não pôde ser retirado pelo mesmo espaço em que foi colocado.

* Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier