Eles querem voltar: ex-presidentes polarizam eleições do Vitória

Paulo Carneiro e Raimundo Viana protagonizam a disputa; inscrições terminam na quarta-feira

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  • Vitor Villar

Publicado em 8 de abril de 2019 às 05:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação e Francisco Galvão / EC Vitória

Nesta semana, o torcedor do Vitória sentirá um clima de campanha no ar. O prazo para inscrever as chapas visando às eleições do Leão acaba na quarta-feira (10). A partir daí, serão 14 dias de campanha, com votação no dia 24 de abril.

É natural que os principais candidatos à presidência sejam já conhecidos pela torcida. Ao que tudo indica, a disputa será entre dois ex-ocupantes do cargo: Paulo Carneiro e Raimundo Viana.

Será, portanto, uma eleição altamente polarizada e centrada em Paulo Carneiro. De um lado, estão aqueles que desejam o seu retorno; do outro, os que se unem para evitar que isso aconteça.

A volta de ex-presidentes é ainda uma reação ao fracasso das duas últimas gestões, conduzidas pelos novatos Ivã de Almeida e Ricardo David.

Paulo Carneiro

Presidente de 1991 a 2005, Carneiro perdeu as duas últimas eleições. Em 2016, concorreu a uma chapa derrotada para o Conselho. Em 2017, estava na chapa do candidato Manoel Matos, segundo colocado.

Mais uma vez, Paulo Carneiro terá o apoio de figuras importantes da política do clube. É apoiado por Alexi Portela Júnior, Ademar Lemos (ex-presidentes) e Manoel Matos (ex-vice-presidente). Em 2017, o grupo indicou ele a diretor de futebol. Agora, para presidente.

Carneiro não dá quaisquer detalhes de quem será seu vice-presidente e de como será a chapa: “Nosso grupo decide amanhã (nesta segunda-feira) a chapa. Não vou especular nomes para você. Apenas digo que estamos unidos”, diz ao CORREIO.

Segundo o estatuto, o candidato à presidência precisa ter 36 meses ininterruptos de associação e não ter recebido suspensão do clube nos últimos três anos. De acordo com a última lista divulgada pelo Vitória, Carneiro tem 24 meses de associação. Também foi punido pela comissão de ética do Conselho Deliberativo em 180 dias.

Na última semana, ele conseguiu liminar suspendendo a punição. Para chegar a 36 meses, a comissão eleitoral terá que considerar também o período como conselheiro vitalício. “Não tenho o que comentar sobre isso. Não é apenas o plano de sócio-torcedor que diz quem vota e quem pode ser votado. Eu sou o conselheiro-nato mais antigo do clube, desde 1991”, alega Carneiro.

Chegou-se a aventar que Manoel Matos seria lançado como vice-presidente da chapa, para que ocupasse o posto principal caso Paulo Carneiro fosse impedido de concorrer.

Ao CORREIO, Matos nega sair como vice: “Nem de Paulo nem de ninguém. Já dei minha contribuição nesse cargo. Vou trabalhar pela eleição de Paulo, o mais capacitado a tirar o Vitória da situação atual”.

Raimundo Viana

Do outro lado, sócios se unem em torno do único ex-presidente a ter se manifestado publicamente contra Paulo Carneiro: Raimundo Viana.

Presidente em 2015 e 2016, Viana também foi derrotado nas duas últimas eleições. Em 2016, encabeçava uma chapa de Conselho; em 2017, ficou em terceiro lugar para a presidência.

Viana não conta com apoio de outros ex-dirigentes, e sim de empresários. Um deles é Marcelo Brito, sócio da Salvador Produções, que chegou a lançar pré-candidatura ao lado do advogado Nilton Almeida. Ao final, retirou-a e decidiu apoiar Viana.

Outro é Marcus Sarmento, empresário do setor de saúde e de engenharia. Ele foi indicado à presidência pelo grupo Raiz Rubro-Negra, mas também foi convencido a apoiar Viana – e inclusive será candidato à vice-presidência.

O ex-presidente terá também o apoio de atuais conselheiros do Vitória, eleitos em 2016 pela chapa Vitória do Torcedor – a mesma que colocou Ivã de Almeida na presidência do clube.

Viana, porém, nega que já exista uma definição em torno do seu nome: “Há um apelo de vários movimentos para que eu concorra contra o que está aí, mas não existe nada. Só durante a semana vamos definir”, diz ao CORREIO.

O PASSO A PASSO DAS ELEIÇÕES

Eleição aprovada No dia 31 de março, os sócios do Vitória aprovaram, em assembleia, que as eleições gerais, previstas no estatuto para setembro, fossem antecipadas para abril. Por votação apertada (188 x 184), venceu a proposta de ser feita em dois turnos. Serão eleitos novo presidente e novos conselhos deliberativo e fiscal.

Inscrições O prazo final para que os candidatos se inscrevam é quarta-feira, dia 10 de abril. Para concorrer à presidência é preciso mostrar 36 meses ininterruptos de associação e não ter sido suspenso nos últimos três anos. O mesmo vale para o Conselho Fiscal. Para o Deliberativo, a exigência são 18 meses de associação.

Impugnação A lista final de candidatos à presidência e aos conselhos só sairá, de fato, no dia 16 de abril, oito dias antes da realização do pleito. É quando acabam os prazos para pedir impugnação das candidaturas e da defesa das mesmas. Até lá, os candidatos inscritos já podem fazer campanha.

Primeiro turno O primeiro turno das eleições será no dia 24 de abril, uma quarta-feira, das 9h às 21h, no Barradão. Terão direito a voto 2.746 sócios com 18 meses ininterruptos de associação. Neste dia, serão conhecidos os 150 eleitos para o Conselho Deliberativo. Cada chapa elegerá um número de conselheiros de acodo com a porcentagem da sua votação.

Segundo turno Se nenhum dos candidatos à presidência tiver obtido mais de 50% dos votos válidos, a decisão vai para segundo turno, a ser realizado no dia 1º de maio, feriado do dia do trabalhador, também uma quarta-feira, das 9h às 21h, no Barradão. O eleito toma posse imediata, às vésperas da 2ª rodada da Série B, no dia 4 de maio.