Elsimar, o Cientista

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  • Aninha Franco

Publicado em 23 de agosto de 2020 às 15:30

- Atualizado há um ano

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A semana foi de notícias desagradáveis para aqueles que sofrem, quando descobrem, que Humanos de sua espécie desviaram verbas destinadas a Humanos que não têm sequer água para o lava_lava a que estamos todos obrigados para sobreviver ao pequeno vírus que parou o Planeta. Mas quando chegou a notícia de que Elsimar Coutinho, aquele humano enorme, sucumbiu ao vírus, percebi seu poder. 

Humano de uma safra de baianos inéditos, de Tom Zé (1936), Glauber Rocha (1939-1981), Florisvaldo Mattos (1932), Fernando da Rocha Péres (1936), criadores de uma estética cinematográfica, de movimentos literário e musical determinantes, Elsimar (1930) veio cientista. Sei, por experiência pessoal, dos infortúnios de vir à Bahia, ao Brasil, como artista, mas devo convir que é menos exaustivo nascer artista na Bahia do que cientista, criador em laboratórios, salas fechadas, ambientes assépticos no meio de tanto sol, tanta luz, tanto som e tanto milagre. 

Para fazer seu trabalho, Elsimar enfrentou além do Sol, da Luminosidade atordoante e da inquietude rítmica da Bahia, sua mentalidade católica que, no século 21, endossa os preceitos do Jesus Cristo vivo, de crescei e multiplicai-vos. Por isso, Elsimar Coutinho foi um milagre. Se nós, Artistas, temos problemas para criar na Cidade da Baía, originalmente São Salvador da Bahia de Todos os Santos, pensem num cientista que pretendeu, nela, interferir nos desígnios divinos.

Preocupada com a quantidade de gente que ocupa seus belíssimos quilômetros quadrados, alguns poucos muito bem, e milhares de outros muito mal, a Bahia trouxe Elsimar para aparar esse desarranjo e, se o cientista geneticista tivesse feito tudo para o que se capacitou, certamente já teria resolvido muitos dos problemas que os governos não conseguem há décadas. Mas o que conseguiu fazer, e o que não conseguiu porque foi boicotado, lhe conferem o título de um Humano Criador. Que se foi. 

Trechos dessa trilha pertencem a um prefácio que escrevi para sua biografia escrita por Ana Tereza Baptista e publicada em 2012. E logo depois que soube da notícia e sofri, lembrei que se existe Céu, Elsimar está no Céu, e lá, depois de conversar com Deus, poderá fazer o inverso do que fez na Terra. Poderá fazer com que os Anjos se multipliquem. Fazendo sexo, quem sabe. Afinal, é muita Sodoma e Gomorra neste Brasil de Todos os Santos para pouquíssimos Anjos.