Em ação contra a dengue, agentes alertam para perigos no Verão

Saiba como se prevenir e evitar que o mosquito se crie na sua casa

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 14 de novembro de 2018 às 15:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor

O Verão é a época do ano mais esperada por alguns baianos, mas é também a mais perigosa em relação ao mosquito Aedes aegypti, responsável por transmitir doenças como a dengue, zika e chikungunya.

De acordo com a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Andreia Almeida, isso acontece porque o Verão começa após um período de chuvas regulares. E, logo depois, a cidade é invadida por uma onda de calor: tudo o que os insetos precisam para se reproduzir.

Algumas dicas podem ser seguidas para evitar que o inseto se desenvolva, como manter fechadas tampas de vasos sanitários e de ralos pouco usados; manter os quintais sempre limpos; eliminar recipientes que possam acumular água, como tampinha de garrafa, sacolas plásticas e vasos; deixar lonas de cobertura bem esticadas para não haver acúmulo de água; esvaziar os pratinhos das plantas; guardar garrafas vazias de cabeça para baixo; eliminar pneus dos quintais e se atentar à vasilha de água dos animais de estimação, que devem ser trocadas com frequência.

Fiscalização Agentes do CCZ fizeram uma revisita em casas de Salvador. O cheiro de feijão tomava conta da casa de Dona Marinalva e seu Wilson, quando os profissionais bateram na porta. Eles estavam ali para intensificar as ações de revisita aos imóveis sediados em regiões onde o índice de foco do Aedes aegypti estão altos.

A ação aconteceu no Largo São Domingos, que fica próximo à Rua Nilo Peçanha, na região da Baixa do Fiscal. No último Levantamento do Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa), o lugar ficou marcado como zona vermelha - quando há um alto índice de focos de mosquito. O aposentado Wilson abriu as portas para os agentes (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Salvador registrou um índice médio de 2,1%, o que é considerado estado de alerta. De janeiro a outubro, a capital baiana registrou 1.310 casos prováveis de dengue, sendo 41 confirmados. Foram notificados ainda 82 casos de chikungunya e 75 de zika, com confirmação de 11 e 18 casos, respectivamente.

Subcoordenadora de arboviroses do CCZ, Isolina Miguez contou que a parceria entre a população e o poder público é fundamental para reduzir os casos de dengue na cidade. Seu Wilson já é conhecido dos agentes e sempre se mostra disposto para receber a visita.“Eles já vieram aqui algumas vezes. Nunca crio problema e até por isso nunca tive nenhum caso de foco ou de gente que sofreu com dengue aqui em casa”, garante Wilson.Moradora da região há mais de 20 anos, a aposentada Vilma Souza, 52, se define como uma “fiscal da rua”. Fica de olho em lixo no chão, conversa com os vizinhos e sempre recebe os agentes do CCZ. “Eles estão trabalhando aqui para ajudar a gente, né?!”.

A aposentada reclamou da quantidade de insetos na região. Segundo conta, a partir das 16h o lugar fica "insuportável"."Se eu sair na rua após esse horário, é capaz dos mosquitos me carregarem até Paripe”, brincou.A preocupação de dona Vilma não é em vão: o Largo São Domingos está no distrito sanitário da Liberdade. Segundo o LIRAa, ele está nas localidades do Bairro Guarani e Liberdade II e foi quem registrou o segundo índice mais alto da cidade: 4,9%. Só perde para a região da Barra/Rio Vermelho, que compreende os bairros de Amaralina, Caminho das Árvores, Itaigara, Pituba e Rio Vermelho.  

41.315  imóveis foram visitados durante o último LIRAa em Salvador.

887 imóveis registraram focos do mosquito Aedes aegypti. Dona Vilma escuta as orientações de agente do CCZ (Foto: Vinícius Nascimento/CORREIO) Novo vilão Isolina Miguez contou à reportagem do CORREIO que, neste ano, o centro percebeu um novo vilão surgiu: as bocas-de-lobo.

Segundo Isolina, o CCZ começou a detectar um número de focos "fora do comum" nos bairros mais ricos da cidade - um fenômeno classificado como estranho. Ao realizar investigações, os agentes descobriram o culpado e passaram a investir em cima disso para que o mosquito não tenha a possibilidade de se desenvolver.

Na ação de hoje, os agentes atuaram de duas formas: nos bueiros e bocas-de-lobo foi utilizado o Ultra Baixo Volume (UBV), conhecido popularmente como fumacê. Ele é utilizado pra agir contra o mosquito já adulto.

Contra as larvas, os agentes usam o larvicida granulado, uma espécie de pó que serve para deformar o exoesqueleto do mosquito, atrapalhando a sua formação e, assim, impedindo que ele se torne perigoso.

Diferenças Apesar de serem transmitidas pelo Aedes aegypti, a dengue, chikungunya e zika têm diferenças entre si. Entenda:

Dengue: Das três, ela é a mais conhecida e antiga no Brasil. Os sintomas são febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dor no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Nos casos graves, o doente também pode ter sangramentos no nariz e gengivas, dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. Ao surgirem os sintomas, o paciente deve procurar atendimento médico. Geralmente, as recomendações são ficar de repouso e ingerir bastante líquido. 

Chikungunya: De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros casos da doença no Brasil apareceram em setembro de 2014 em Oiapoque, no Amapá. O principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos, que é mais intensa do que nos quadros de dengue. Além disso, causa também febre repentina acima de 39 graus, dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. Segundo o MS, as mortes são raras e cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Para tratar é preciso ficar de repouso e consumir bastante líquido. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia.

Zika: Indivíduos com essa doença apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias, mas vale ressaltar que ela relaciona-se com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia. O paciente infectado pelo zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite. Assim como nas outras viroses, o tratamento consiste em repouso, ingestão de líquidos e remédios que aliviem os sintomas e que não contenham AAS.

* Sob supervisão da subeditora Fernanda Varela.