Em jogo da Copa do Brasil, SSP testa esquema de segurança para Copa América 

Reconhecimento facial, análise de drogas e identificação humana fizeram parte do ensaio

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  • Tailane Muniz

Publicado em 30 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alberto Maraux/SSP
Paulo César concorda com esquema de monitoramento por Tailane Muniz/CORREIO

A eficácia de novas tecnologias utilizadas pela polícia foi posta à prova pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) nessa quarta-feira (29), durante as Oitavas de Final da Copa do Brasil - numa partida entre Bahia e São Paulo -, na Arena Fonte Nova, como um ensaio geral antes da Copa América, que acontece em junho. Cinco jogos serão realizados em Salvador.

Ao todo, 300 profissionais da segurança pública, incluindo policiais civis, militares e técnicos, além de outros setores da SSP-BA, participaram do esquema. Com relação às Olimpíadas de 2016, a novidade será o funcionamento das 20 câmeras de reconhecimento facial, instaladas nas áreas interna e externa da Arena Fonte Nova, no Dique do Tororó. Aparelho digital faz análises químicas para identificar drogas (Foto: Alberto Maraux/SSP) Também fazem parte do plano da SSP a identificação humana - feita por meio da coleta da impressão digital (que envia o material, de modo instantâneo, por meio de um computador, para a base de dados do Instituto Pedro Mello, no Departamento de Polícia Técnica - DPT) -, além do aparelho digital chamado Raman, capaz de realizar uma análise química de substâncias (a exemplo de drogas), já utilizado pela SSP em eventos de grande porte, como o Carnaval.

De acordo com o superintende de Tecnologia e gerente de grandes eventos da SSP, coronel Marcos Oliveira, a ideia é que seja feito um panorama do esquema, por meio de um “teste de funcionamento do que é preparado para a Copa”.

Além das polícias Militar e Civil, a Guarda Municipal e agentes da Polícia Federal também integram a força-tarefa. No jogo de ontem, o esquema testou, ainda, a escolta de Bahia e São Paulo, que saíram de hotéis nos bairros da Pituba e São Cristóvão, respectivamente, acompanhados por agentes. Suspeitos sem RG terão digitais colhidas - sistema possibilta envio instantâneo de material para DPT (Foto: Alberto Maraux/SSP) “Testamos o controle de conexão, especialmente, para testar a fibra ótica e câmeras de monitoramento, ou seja, se o que foi idealizado vai funcionar como pensamos. São 80 câmeras ao todo, no entorno e dentro do estádio. Quanto a policiais, temos mais observadores do que atuando propriamente”, disse ele, acrescentando que o número de câmeras de reconhecimento, e efetivo das polícias, deve ser ainda maior no torneio. 

Reconhecimento facial Em frente à Arena, o Centro Integrado de Comando e Controle Móvel (CICCM), caminhão que tem capacidade para oito técnicos, tem toda a estrutura de monitoramento e controle das imagens geradas. De acordo com o coronel, o reconhecimento facial nada mais é do que uma espécie de "cruzamento de dados". A tecnologia já havia sido usada pela SSP no Carnaval deste ano, quando a polícia prendeu um homem que tinha mandado em aberto, e na Micareta de Feira de Santana, quando 33 pessoas foram detidas. "Ela tem uma capacidade de zoom muito melhor, além da qualidade. Tem ainda as lentes especiais e específicas para isso. A resolução é indiscutível, muito maior que câmeras comuns e carrega muitos mais elementos integrados", informou o coronel, sem dar detalhes, no entanto, de onde os equipamentos estão instalados."O primeiro passo é a captura da imagem, que pega vários pontos e transforma em algoritmos. Ela faz várias triangulações, como a distância entre o nariz e a boca, distância entre os olhos e o nariz, e etc. Com isso, ela vai formando uma serie de ângulos, a partir de fórmulas de seno e cosseno e é isso que dá origem aos algoritmos". Centro Integrado de Comando e Controle Móvel (CICCM) tem capacidade para oito policiais (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) E completa: "Cada um de nós tem um algoritmo único. Nós temos uma outra base [fixa, na SSP], que vai receber esse material. Quando um algoritmo se encontra, ele vai dar um percentual de similaridade. E aí, a partir de 90%, ele dá um alerta. É quando ele vai trazer a imagem de uma pessoa, imagem real, do banco de dados. Quanto mais próximo de 100% for esse resultado, maior a certeza do policial", explicou.

O coronel afirmou, no entanto, que embora o reconhecimento seja utilizado com a intenção de assegurar um jeito mais eficaz para a segurança das pessoas, ele não acredita que criminosos "se atrevam a ir em eventos do tipo"."O importante é que as pessoas compreendam que não há uma quebra de privacidade, porque é algo direcionado a alvos específicos, não a qualquer um", ponderou, confessando que todas as pessoas acabam tendo dados coletados.'Mais segurança' A ideia de ser monitorado e ter a imagem chocada com um banco de dados do Estado não é um problema para o autônomo Paulo César Vieira, 35, que esteve na Arena e viu a movimentação de agentes em frente à portaria principal. 

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"Achei super interessante desde o Carnaval a coisa do reconhecimento, com a digital é ainda melhor. Eu não vejo como isso pode ser ruim, já que vivemos em constantes situações de violência", defende. Para ele, que disse não compreender totalmente como funciona a tecnologia, a polícia "sabe o que faz". 

Já o eletricista Eder Bruno Conceição, 38, demonstrou maior interação com o assunto e também defendeu a utilização das câmeras "superpotentes". 

"Fico muito feliz com isso porque é um evento fechado, num lugar privado e que deve, sim, oferecer uma sensação de que há uma monitoração. Acredito que se um bandido sabe que isso existe, ele não vai estar ali, ele vai se inibir e isso nos dá, querendo ou não, uma tranquilidade maior", comentou ele, que se diz frequentador assíduo de eventos de futebol.

A administradora Aline Conceição Silva, 38, disse que passou a "confiar no reconhecimento facial" depois do Carnaval. "Fiquei impressionada com a eficácia depois que aquele homem foi preso. Uma pessoa ali, entre tantas milhares, foi reconhecida e presa. Certamente algo que vem para o bem da sociedade. Traz tranquilidade", diz ela, que não deve assistir aos jogos da Copa América, mas já torce para que a tecnologia continue fixa nos jogos do tricolor baiano.