Em novo julgamento, homem que matou jornalista em 2017 é condenado por feminicídio

Mateus William Oliveira Alecrim Dourado de Araújo, que era ex-namorado de Daniela Bispo dos Santos, já tinha sido condenado por homicídio qualificado e motivo torpe

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  • Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 19:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/Arquivo CORREIO

Nesta terça-feira (16), Mateus William Oliveira Alecrim Dourado de Araújo, que executou a jornalista Daniela Bispo dos Santos em 2017, foi novamente a júri popular no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador. Neste segundo julgamento, o réu foi condenado por feminicídio, agravante que aumentou sua pena para 23 anos, 4 meses e 15 dias. Segundo o Ministério Público Estadual (MP-BA), a pena deve ser cumprida inicialmente em regime fechado.

Em 2018, um ano após o crime, Mateus Dourado foi condenado a 17 anos e 10 meses de prisão, em regime fechado, por homicídio qualificado e motivo torpe, tornando a defesa da vítima impossível. Na época, o júri recusou a hipótese de que ele tivesse cometido feminicídio. Neste novo julgamento, o MP-BA solicitou à Justiça a formação de um novo júri popular, que aceitou a qualificadora e aumentou a pena em seis anos.

Apesar da segunda condenação, os desdobramentos do caso continuam na justiça. Na esfera cível, a família processa o edifício em que o crime ocorreu por omissão. “No julgamento, o réu afirmou que depois dos diversos golpes que realizou, deixou a vítima viva agonizando nas escadas do prédio. Se o monitoramento do prédio tivesse sido feito, ela com certeza estaria viva”, defende o advogado da família Bruno Santana. O corpo de Daniela só foi encontrado no dia após o ataque.

Segundo o advogado, durante o julgamento, Mateus disse que Daniela não aceitava o fim do relacionamento e o início de um novo namoro dele e que, por isso, fazia ameaças a ele. Entretanto, o MP e a defesa da família da jornalista apresentaram ao júri uma carta na qual a vítima evidencia que a iniciativa do término do namoro partiu dela. 

No documento, Daniela pressionava para que o então companheiro pagasse uma dívida que ele fez, sem autorização dela no cartão de crédito da tia. De acordo com o advogado, Mateus era dependente financeiramente de Daniela. Além disso, a vítima afirmou na carta que queria um fim de relacionamento sem rancor. “Ficamos com a sensação de que o nosso dever foi cumprido e de que a justiça foi feita”, afirma Bruno Santana. 

Relembre o caso O crime aconteceu na noite do dia 13 de novembro de 2017, quando Mateus marcou um encontro com Daniela no prédio em que ela trabalhava, na Avenida Tancredo Neves. Eles mantinham um relacionamento não oficial de três anos, mas estariam sem se relacionar há três meses.

O corpo da vítima foi encontrado na escada que dá acesso ao 5º andar do edifício com um ferimento produzido por arma perfuro-cortante e marcas de espancamento, na região da cabeça. Daniela estava desaparecida desde às 19h do dia anterior, quando saiu da sala onde trabalhava para comprar um remédio. Mateus foi preso no mesmo dia em que o corpo foi achado e confessou o crime. À polícia, ele contou que assassinou a vítima com três pedradas na cabeça, na testa e no rosto.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo