Em reformulação, Vitória demite auxiliar, preparador físico e fisiologista

Clube também desligou o técnico Lucas Grillo, que estava à frente do sub-20

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  • Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 16:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Letícia Martins/EC Vitória

O rebaixamento à Série C provocou no Vitória uma reformulação interna - em linguajar direto, demissões. Isso porque o clube está em processo de corte de gastos para se adequar à realidade financeira da terceira divisão. Vale lembrar que o Leão também não receberá as cotas da Copa do Nordeste em 2022, já que não se classificou para a fase de grupos.

Entre os demitidos estão profissionais que eram da comissão técnica fixa do clube - aquela que não se altera a cada troca de treinador. O auxiliar Flávio Tanajura, o preparador físico Ednilson Sena e o fisiologista Alexandre Dortas foram desligados, além do treinador do time sub-20, Lucas Grillo.

Flávio Tanajura tem uma longa trajetória no Vitória. Ele trabalhava no clube desde 2007 e exerceu diversas funções ao longo desse período. Foi gerente de futebol, técnico de várias categorias de base, treinador de zagueiros, analista de mercado, analista de desempenho e, atualmente, era auxiliar da comissão técnica permanente. Ele também chegou a comandar a equipe principal de forma interina.

O profissional confirmou que foi desligado por contenção de gastos do clube e lamentou a situação atual do Leão."Víamos, já há alguns anos, que ficava cada dia mais preocupante. E já vínhamos dando indícios de que não estávamos bem sob vários aspectos - como alguém adoecendo aos poucos… E, apesar do todos os esforços e tanta dedicação por parte da grande maioria, mesmo assim nunca era o suficiente para vencermos nossos adversários, sejam eles externos ou internos", disse Tanajura."Já vi muita coisa no futebol nesses mais de 30 anos e, muitas vezes, perdíamos para nós mesmos e não era algo que me surpreendia. Futebol é algo apaixonante e multifatorial, tinham situações que iam além de nossas forças ou capacidade. Como uma bola de neve e em um efeito dominó, por mais que houvesse um esforço coletivo, víamos no campo um reflexo de que a bola não entra por acaso. No nosso caso, por mais que jogássemos relativamente bem, ou dominássemos alguma partida, sempre algo dava errado e sofríamos um gol em um vacilo ou, no final, saímos derrotados", completou.

Tanajura, aliás, tem o histórico ligado ao Leão desde quando era atleta, na década de 1990. Ex-zagueiro, Flávio, de 46 anos, ocupa o posto de jogador que entrou em campo pelo Vitória por mais vezes: foram 323 partidas disputadas, com oito gols marcados.

"Tinha mais de 24 anos de serviços prestados ao clube, nove como atleta (entre 1992 e 2002) e 15 como funcionário em várias funções (de 2007 até 2021). Claro que continuarei torcendo e sei que o Vitória é maior do que isso, as pessoas passam mas o Vitória ficará. Temos ainda muitas coisas boas, uma tradição centenária, estrutura de dar inveja a muitos clubes de renome, uma imensa e apaixonada torcida, uma base que sempre revela talentos. Sou grato por tudo que vivi e aprendi, os amigos que fiz, as relações que construí. A vida dá muitas voltas e espero, quem sabe um dia, retornar em uma outra condição", disse.

O auxiliar também pediu desculpas ao torcedor do Vitória pela situação atual, mas disse ver o momento como oportunidade para que o clube se torne mais sólido."Sei que não conseguimos agradar a todos e, apesar de nossas limitações, peço desculpas a nosso torcedor - quem menos tem culpa em tudo isso - por ter permitido que estejamos passando por este momento. Mas creio que esse clube é grande e Deus precisa, de fato, abalar algumas estruturas e estabelecer alicerces mais firmes, onde poderemos construir um Esporte Clube Vitória mais sólido".Flávio falou sobre o futuro, e disse que pretende se profissionalizar ainda mais.

"Aproveitarei este tempo para continuar me reciclando. Depois de ter concluído a licença B e os dois módulos da A , estou agora no segundo módulo da licença PRO da CBF, último estágio do curso para treinadores no Brasil - e que me permitirá treinar clubes na Libertadores e no exterior. Continuarei dando aulas no Rio de Janeiro, na Granja Comary, e em São Paulo, como instrutor da licença A da CBF, para técnicos de Serie A. E continuarei lendo e estudando bastante como sempre fiz, para evoluir como profissional".

Mais desligamentos Ednilson Sena, por sua vez, estava em sua segunda passagem no rubro-negro, iniciada em maio de 2019. Antes, ele tinha trabalhado no Leão até 2012. O preparador físico também já esteve em clubes como Fluminense, Botafogo e Santos, entre outros.

Já Lucas Grillo estava no Vitória há quatro anos. Ele foi contratado para comandar o time feminino do clube, até assumir a equipe sub-20 na disputa da Copa do Nordeste da categoria, que está em andamento. 

Nas redes sociais, o treinador se despediu do Leão. “Foram 4 anos de muito trabalho. Registro minha gratidão pela confiança que recebi durante esse período. Fizemos história ao levar o nome do futebol feminino do clube ao cenário nacional! Dois meses atrás, assumi o time masculino Sub-20 e deixo o Leão na liderança do seu grupo na Copa do Nordeste. Fica o meu muito obrigado ao clube, aos funcionários, colegas de trabalho (amigos que construí) que me apoiaram e contribuíram grandemente para os meus passos (...)”, postou.