Em velório, ex-presidente Lula diz que dona Marisa 'morreu triste'

Ex-primeira dama foi cremada hoje. Lula afirmou que vai viver muito para ver "fascínoras" pedirem desculpas

Publicado em 4 de fevereiro de 2017 às 17:33

- Atualizado há um ano

A ex-primeira-dama Marisa Letícia foi velada neste sábado (4) no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP), local onde ela e o marido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se conheceram. O velório contou com a presença de integrantes e simpatizantes do PT, como a ex-presidente Dilma Rousseff.

Emocionado diante do caixão da mulher, Lula disse que chorou o suficiente para "recuperar a Cantareira", em referência ao sistema de reservatório de água da Grande São Paulo. "Sou o resultado de uma menina que parecia frágil e segurou a barra para eu ser o que sou", discursou. "Ela cuidou de todo mundo e nunca reclamou da vida", disse o ex-presidente.

"Eu vou continuar agradecendo a Marisa até a hora de eu morrer. Espero encontrar com ela com o mesmo vestido vermelho que escolhi pra ela. Porque quem não teve medo de vestir vermelho na vida. Não terá em morte", afirmou.

Perfil de Lula no facebook transmitiu ao vivo despedida da ex-primeira dama; assista

Em seu discurso, no final da cerimônia, Lula afirmou que a esposa morreu triste. “Na verdade, Marisa morreu triste. Porque a canalhice que fizeram com ela, e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela, eu vou dedicar [Lula não encerrou a frase]. Eu tenho 71 anos, não sei quando Deus me levará, acho que vou viver muito, porque eu quero provar que os fascínoras que levantaram leviandade com a Marisa tenham, um dia, a humildade de pedir desculpas a ela”, disse, emocionado.

"Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui enterrando esta mulher não tem. Eu tenho a consciência tranquila. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que têm que provar que as mentiras que estão contando são verdade. Então, Marisa, descanse em paz porque esse Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito", completou o ex-presidente. A cerimônia terminou pouco antes das 16h. 

No final da tarde, o corpo foi cremado em cerimônia reservada para a famíli no crematório do cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo. A ex-primeira-dama morreu na sexta-feira (3), aos 66 anos, após ficar dez dias internada no hospital Sírio-Libanês onde estava internada desde o dia 24 de janeiro após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico.

RELATOSRelatos de pessoas próximas da família Lula dizem que a vida da ex-primeira-dama virou uma agonia permanente depois da busca e apreensão na casa dela, dos filhos e da condução coercitiva de Lula, determinada pelo juiz Sergio Moro em março do ano passado. A informação foi publicada com exclusividade pela jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha de S. Paulo. 

"Numa certa ocasião, assustada com um barulho na rua no meio da noite, de acordo com os mesmos relatos, Marisa chegou a cair da cama e a quebrar um dedo", afirma a coluna. Bergamo diz ainda que nas conversas com amigas, a ex-primeira-dama repetia sempre os detalhes da operação de busca e apreensão na casa dos filhos, em que até geladeiras foram vasculhadas e os iPads de seus netos, levados embora.

A colunista afirma ainda que a tensão de Marisa preocupava Lula, situação que se agravou com o fato de que neste ano ela teria que prestar vários depoimentos à Justiça. O primeiro deles seria no próximo dia 17 em Brasília. A intimação foi feita antes de Marisa Letícia ter o AVC e Lula teria pedido para ser ouvido por videoconferência, em São Paulo. O depoimento diz respeito ao processo em que é investigado por supostamente tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. A denúncia, feita pelo ex-senador Delcídio do Amaral, não foi confirmada por Cerveró.