Emocional nota 1000: alunos precisam cuidar da saúde mental na reta final para o Enem

Psicopedagogos dão dicas de como não sair do eixo e ter um fim de preparação saudável

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  • Wendel de Novais

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/ CORREIO

Restam cerca de sete semanas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). E, no passo que o número de dias para a prova se reduz, o nervosismo, a preocupação e a ansiedade do estudante que ralou um ano inteiro para ser aprovado aumentam. Alunos chorosos, com reações ansiosas e estressados passam a existir em maior volume nos corredores escolares. Uma realidade que, para quem tem a responsabilidade de orientar e ajudar estes jovens, só reforça o valor que o equilíbrio emocional tem na preparação dos candidatos.

Pedagogos, psicopedagogos e orientadores pedagógicos são unânimes ao ressaltar o quanto é importante não descuidar da sanidade mental enquanto se dá os últimos passos para adquirir conhecimentos que serão usados no grande dia.

Maria Fernanda Baqueiro, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Bernoulli, por exemplo, vê a preparação psicológica como mais um assunto valioso que o estudante utiliza da hora que senta na carteira até o momento de entregar o exame ao fiscal de sala. "Entendo que a preparação emocional e o cuidado com o lado psicológico é parte do que a gente leva para a prova. Eu digo muito para os alunos que o Enem é uma matéria extra que a gente tem inteligência emocional, autoconhecimento, autoestima e autoconfiança. Elementos que precisamos levar para a prova junto com a biologia, com a física, com tudo que o estudante aprendeu", salienta.

Preocupação A estudante Giovanna Andrade, 17 anos, que quer cursar Direito ou Engenharia Ambiental Sanitária e até já sentiu a preocupação com a prova aumentando, mas acredita que, para ela, ainda está em níveis aceitáveis. "Penso que ansiedade e nervosismo são reações naturais do organismo mesmo. Só que em excesso pode atrapalhar, claro. É isso que eu tenho evitado para não me prejudicar, não estou tendo esse nervosismo todo justamente por saber que a preparação psicológica que faço é tão importante quanto o estudo", diz. Giovanna tem consciência do valor do emocional na preparação para o Enem (Foto: Marina Silva/CORREIO) Já Beatriz Mothé Fraga, 17 anos, que tem o objetivo de cursar História, não pode dizer o mesmo. Com a prova se aproximando, ela tem visto a missão de se manter tranquila ficar mais complicada. "A cada dia que passa, eu fico mais nervosa e ansiosa. Especialmente por conta da quantidade de conteúdos tanto para o exame quanto para o 3° ano do Ensino Médio. E, por causa do aumento da ansiedade e estresse, é um pouco mais difícil focar e absorver os estudos, além de afetar todas as minhas outras ações e vivências que vão além do acadêmico", relata Beatriz.

Até quem vai fazer a prova como treineiro revela que a proximidade do Enem tira um pouco de sua tranquilidade. Caso de Manuela Victória, 16, que ainda não decidiu o que quer fazer no Ensino Superior, mas não está livre da preocupação. "Fico extremamente ansiosa para ver se eu irei me sair bem. O enem é uma experiência muito nova, ou seja, o friozinho na barriga é ainda maior. Então, a crise de ansiedade bate, a angústia de não saber como é, o medo de não conseguir fazer a tempo e ainda mais o desespero de não tirar uma nota boa ao alcance do que eu quero seguir", diz ela.

Rotina Casos como os de Beatriz e Manuela são comuns para Elisângela Santos, pedagoga, psicopedagoga e orientadora do Colégio Montessoriano. Ela explica que o nervosismo já tinha na pandemia um agravante e, agora, é mais presente com o Enem chegando. "Tem a covid-19 e ainda vem toda uma preocupação com esse momento, o que tem deixado eles bem ansiosos. A gente recebe alunos que estão chorosos em sala de aula, que estão desmotivados para participar até do momento de orientação profissional que é de uma ajuda fundamental para eles", conta. Elisângela acredita que a pandemia é um agravante para os alunos (Foto: Acervo Pessoal) Solange Perdigão, psicóloga escolar do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifba), no Campus Barreiras, compartilha situações parecidas que, para ela, já são conhecidas. "Não é de hoje que os jovens ficam tensos perto do Enem, que é um momento que eles julgam como muito crucial. Agora, parece um pouco mais intenso. Tenho recebido demanda de jovens que, no momento, já estão preocupados, ansiosos e nos procuram para conversar sobre o medo desse nervosismo os atrapalharem na prova", fala ela. 

Para Maria Fernanda, esse fenômeno também é natural no período em que estamos. "É comum que, a essa época do ano, apesar de fazermos um acompanhamento diário ao longo do ano, que vá batendo medo e ansiedade. Eles procuram com mais frequência o setor de psicologia e relatam coisas que têm todo ano como cansaço físico e mental, ansiedade e os medos de não conseguir", lembra a psicóloga, que faz o acompanhamento dos jovens durante todo o ano, assim como Elisângela e Solange. Maria Fernanda relata que é normal ver alunos mais nervosos nesta época (Foto: Acervo Pessoal) Apoio Justamente por procurarem esse auxílio é que os estudantes já têm a consciência que precisam se ajudar a não cair em desequilíbrio emocional. Beatriz, que faz acompanhamento psicológico desde a infância, aposta em apoio profissional para isso. "Nos últimos anos, 2021 em especial, eu tento planejar formas de estudo e lazer que me ajudem a manter a preparação e a saúde mental, além de tentar lidar com as ansiedades e pressões em cima do Enem em parceria com o psicólogo de forma que alivie um pouco as preocupações", afirma a jovem. 

Tem também quem busque, principalmente, um apoio familiar como Manuela, que tem a mãe como um porto seguro na hora lidar com os seus medos enquanto não passa por apoio profissional. "O auxílio da minha mãe me ajuda bastante na hora lidar com a pressão do Enem. Depois do dela, tem a ajuda dos professores no ambiente escolar que tentam “acalmar” nós alunos. Eu não tenho nenhum tipo de acompanhamento profissional. Futuramente, quero voltar [a fazer]. É muito importante que eu tenha uma pessoa que converse comigo e me oriente para que eu não perca o meu equilíbrio", declara. Manuela se apoia na mãe para encarar o nervosismo (Foto: Acervo Pessoal) Para Giovanna, a solução tem sido um misto de equilíbrio na rotina e muito diálogo em casa. "Cuidar da saúde física e mental é essencial, principalmente agora que estamos chegando perto da prova. Tô me alimentando melhor, dormindo oito horas por dia, meditando, conversando com minha família e buscando apoio deles que é de extrema importância", garante.

Dicas preciosas Quem não tem esse tipo de apoio na escola e em casa pode ter ainda mais dificuldades para saber por onde começar uma mudança que reduza a ansiedade. Por isso, as profissionais que trabalham com orientação pedagógica deram dicas de como manter o equilíbrio:"Se eu tenho um pensamento que não vou passar, a atitude que eu tiro daquilo é procrastinar, chorar e me prejudicar. Uma técnica que eu trabalho é incentivar a conhecer os seus próprios pensamentos, colocando eles no papel e descobrindo o que de fato você pensa sobre. Conhecer pensamentos e emoções, tirar a culpa e olhar pros ganhos que você teve são aspectos positivos que fortalecem nosso emocional", indica Maria Fernanda.

"É extremamente importante ter equilíbrio. Não pode desprezar o valor de dormir bem, se alimentar bem, fazer atividade física e ter uma pausa, um descanso. Atividade física regular, por exemplo, é fundamental para propiciar um equilíbrio que vai ajudá-los a ter um processo de preparação com menos exaustivo psicologicamente falando", aponta Solange Perdigão.

"O que a gente sempre orienta é manter um equilíbrio na rotina. Não adianta só focar no estudo e esquecer do lazer, que é valioso na reta final. Então, tem que ter diversão, meditação guiada, relaxamento com a família. Isso tem que fazer parte do dia a dia para o jovem não se estressar demais com os estudos", alerta Elisângela Santos.Canal reúne todos os simulados e videoaulas

O Revisão Enem é um projeto multiplataforma - impresso, digital e redes sociais - do CORREIO em parceria com o SAS, plataforma de educação, com o objetivo de auxiliar os estudantes no preparo para as provas.

O projeto traz conteúdos especiais com reportagens, artigos, dicas para a redação e de livros, filmes e séries que têm relação com o exame; além de estratégias de resolução de questões. Há também um canal especial que reúne todos os simulados e videoaulas para os alunos.

O Enem exige uma rotina intensa de estudos. Por isso, o CORREIO disponibiliza uma série de simulados interativos, com questões objetivas para os estudantes testarem os seus conhecimentos. Os alunos podem acompanhar semanalmente a resolução das questões, conferir os gabaritos e analisar seu desempenho, além de revisitar as questões no dia e na hora que quiserem.

Nas redes sociais (@correio24horas), o jornal traz conteúdos nos grupos de leitores do Whatsapp e vídeos no Instagram/IGTV com dicas sobre como fazer a redação dentro das competências avaliadas no Enem; e também o Raio-X do ENEM, que tira dúvidas de cada disciplina.

Veja os links do 10º simulado e da página Revisão Enem:

- Simulado

- Revisão Enem no CORREIO

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro