Entenda como ganhar mais tempo no mundo dominado pela tecnologia

Seminário Humanize[se] vai discutir revolução digital

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  • Andreia Santana

Publicado em 27 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Ilustração - Quintino Andrade com Creative Commons e Schutterstock)

Quando o americano Frank Tyneski estudava design, o CAD - Computer Aided Design [sistema de computador utilizado para facilitar projetos e desenhos técnicos] - ainda era uma novidade e ele precisava esboçar manualmente os layouts de suas produções. Hoje, o que Tyneski levou anos para dominar no universo analógico, é feito em bem menos tempo por quem estuda design, arquitetura ou engenharia. 

“Os alunos de design de hoje têm muito mais tempo para trabalhar com equipes multidisciplinares. Eles estão realizando pesquisas online, enviando seus modelos CAD para uma impressora 3D e criando renderizações reais de fotos e animações de tirar o fôlego”, enumera Frank Tyneski, que estará em Salvador no dia 07 de novembro participando do seminário Humanize[se], evento que encerra o Fórum Agenda Bahia 2018.

Se por um lado os estudantes de design têm na tecnologia uma forma de vencer prazos com mais conforto, boa parte da humanidade ainda pena para aprender o compasso da dança das horas.  

Com tantas demandas a atender – e distrações como as redes sociais para administrar - encontrar formas de otimizar o tempo equivale a acertar na loteria. E o tempo é cada vez mais valioso. Ao menos, é o que defende o empreendedor e pesquisador Paulo Hansted, um dos pioneiros no estudo da indústria das Smart Cities (cidades inteligentes), que defende a ideia de que as pessoas estão dispostas a comprar o tempo que falta.  

“Quando você compra um pacote de salada pronta, daquelas já lavadas, 50% do valor pago no produto está relacionado ao ganho de tempo frente a opção tradicional, que teria que ser manipulada”, compara.

Ainda segundo Hansted, lá em 1999, uma pesquisa norte-americana sobre mercado de consumo já indicava que as pessoas estavam dispostas a pagar mais por qualquer produto ou serviço que as fizesse ganhar algumas horas. 

“Na era digital, como o que podemos fazer com o tempo não para de se multiplicar e a exigência aumenta, essa tendência de quase 20 anos atrás se mantém", acrescenta. Frank Tyneski fará a conferência de abertura do Seminário Humanize[se] O toque humano 

Em plena 4ª Revolução Industrial, onde as máquinas já substituem humanos em diversas atividades, além de ganhar mais tempo, as pessoas buscam também reaprender a ser pessoas. Frank Tyneski lembra que existem áreas onde o toque humano ainda transcende o robô: 

“Existem áreas onde o tempo de qualidade não pode ser digitalizado. Por exemplo, as empresas de automóveis ainda empregam modeladores de argila que esculpem carros-conceito. Isso ocorre porque os modelos esculpidos por robôs não têm a essência do toque humano e isso é algo que os clientes percebem instintivamente”, exemplifica.

Perguntado se acredita que as máquinas substituirão as pessoas como forma de aumento de produtividade em menos tempo, Tyneski lembra que embora já estejamos na era da computação onipresente, a tendência é que surjam mais oportunidades para as pessoas. 

“A inteligência artificial ainda está longe de ser tão flexível quanto um ser humano. No entanto, a  próxima geração de IA é adaptável, flexível e funciona com os mesmos princípios que o cérebro humano. A chave para esse avanço é sua capacidade de absorver Big Data e fazer previsões corretas”, pondera.

Paulo Hansted, no entanto, chama atenção para a estimativa de que até 2050, 75% das atividades hoje executadas por humanos serão automatizadas. “Sob a perspectiva do emprego e negócios, isso exige adaptabilidade, capacidade de se reinventar todos os dias, em qualquer segmento. Para aqueles que compreenderem esta equação, isto significa um ‘oceano’ de oportunidades, porque para cada função que se extingue na era digital, muitas outras demandas surgem”, analisa. Paulo Hansted é o desenvolvedor do conceito das Mobile Cities Estica que não dá

Os dias só tem 24 horas e ainda não tem tecnologia no mundo que os torne mais elásticos. A percepção do tempo, no entanto, é relativa, lembra Paulo Hansted: “O que podemos fazer com as 24 horas do dia não para de se multiplicar, então mais do que nunca o tempo depende da postura de cada um. Para os otimistas, que desejam abraçar o mundo em uma sociedade digital sem fronteiras, isto pode ser um pesadelo, pois as 24 horas parecem cada vez menos suficientes”, lembra.

Frank Tyneski acrescenta que existe uma preocupação mundial crescente com a superdosagem de tecnologia a que estamos submetidos, embora não seja uma opção para todo mundo descartar-se totalmente da onda digital. “Hoje, a maioria de nós é obrigada a trabalhar longas horas e estar conectada ao nosso trabalho, mesmo em nosso tempo livre, usando os dispositivos que possuímos e transportamos pessoalmente. Nosso trabalho está sempre conosco e constantemente em movimento, nunca nos deixando esquecer que estamos conectados a uma aldeia global que nunca dorme. Esta é a condição humana e não como a maioria de nós escolheria viver livremente. Você nunca ouve uma pessoa dizer: Adoro mandar e-mails da cama e é assim que eu começo e termino meu dia", afirma o designer industrial reconhecido e premiado internacionalmente e com experiência no desenvolvimento de produtos inovadores e experiências focadas no usuário."Pelo lado positivo, essas tecnologias conectadas permitem que mais pessoas trabalhem em qualquer lugar que escolherem. Ainda assim, a maioria de nós está buscando um equilíbrio mais saudável entre a vida e o trabalho. Essa necessidade e desejo humano está criando oportunidades para as empresas que podem balançar o pêndulo para o outro lado favorável às pessoas (Frank Tyneski)LEIA ENTREVISTA COM FRANK TYNESKI

Equilíbrio 

“A ideia é desacelerar porque o mundo se tornou muito veloz”. A frase é uma das premissas da Associação Portuguesa de Slow Movement, nascida em 2009, na esteira do Movimento Slow, uma revolução cultural que surgiu a partir do protesto do italiano Carlo Petrini, em 1986, contra a instalação de um restaurante fast food na Piazza di Spagna, em Roma.

Aqueles que aderem ao Movimento Slow (devagar, em inglês), desafiam a urgência da era digital e buscam viver em um mundo cada dia mais acelerado sem perder a qualidade de vida. 

“Tarefa nada fácil, porque vivemos talvez no momento mais empolgante da história. Para um descobridor, na época do velho mundo, imaginem o que não representaria a possibilidade de desvendar dezenas de novos mundos a cada amanhecer?”, questiona Paulo Hansted, referindo-se às maravilhas da tecnologia, que colocam o mundo ao alcance com um deslizar de dedos numa tela de led.

Para o empreendedor, que embora não seja adepto do Movimento Slow acredita na necessidade das pausas, a hiperconexão e os hiperestímulos diários criam um estado de euforia que dá a impressão de que podemos produzir sempre mais. “A cobrança que se estabelece tende a ser proporcional e isto complica tudo. Não é a quantidade de exposição ao desafio que determina o resultado e sim a qualidade da energia orientada. Então, na era digital, menos pode ser mais. Pequenos intervalos de ócio ao longo do dia fazem muita diferença e neste sentido o mundo analógico pode ser muito útil (Paulo Hansted)Humanize[se]

No dia 07 de novembro acontece o seminário Humanize[se], encerrando o Fórum Agenda Bahia 2018. A revolução digital e seus impactos estarão em pauta. O evento, que trará Frank Tyneski a Salvador pela primeira vez, também vai discutir a criatividade e o pensamento exponencial como formas de ajudar as pessoas a adaptaram-se aos novos tempos ultravelozes.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do jornal CORREIO, com patrocínio da Braskem, Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Consulado Americano, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; e apoio do Sebrae e da VINCI Airports.

APLICATIVOS GRATUITOS PARA GANHAR TEMPO

>>Organize o e-mail / Slack – A ferramenta slack.com está disponível para web, iOS, Android e Windows. Usada no ambiente corporativo, substitui o e-mail em conversas rápidas e permite criar diferentes canais, segmentados por assunto, para interagir com cada equipe de trabalho. Permite compartilhar diversos tipos de arquivo e marcar pessoas

>>Anotações e arquivos / Evernote – O evernote.com está disponível para web, iOS, Android e Windows. Permite criar anotações e organizar em pastas temáticas, usar imagens, fotografias digitalizadas, áudios e textos. Tem uma ferramenta de desenho que permite fazer anotações com a própria letra, como em um bloco de anotações de papel. É possível ainda salvar links, criar lembretes e listas de tarefas.

>>Para leitura / Pocket – O getpocket.com, disponível para web, iOS, Android e Kobo, permite salvar links e documentos online, para leitura posterior, off-line. É possível salvar páginas ou artigos da web com apenas um clique e a tela para leitura pode ser ajustada para luminosidade, cor, tamanho da fonte e até escolher acessar o texto em formato áudio. O aplicativo pode ainda ser instalado como extensão do navegador de internet.

>>Agilize o trabalho / Google Drive – O drive.google.com, disponível para web, iOS e Android, é um clássico dos organizadores online. Permite criar, editar e visualizar documentos direto do navegador ou do aplicativo no celular. Os conteúdos são salvos automaticamente, permite armazenar fotos, áudios, textos, planilhas, etc.; e ainda dá para diversas pessoas trabalharem ao mesmo tempo no arquivo e se comunicarem via chat enquanto editam o conteúdo.

>>Organize as tarefas / Remember The Milk – O rememberthemilk.com, disponível para web, iOS e Android, também é um dos clássicos. O aplicativo permite listar tarefas e compromissos. Na data marcada, ele lembra o que precisa ser feito via push no celular ou por mensagens via Skype, Google Hangouts e Twitter. Permite compartilhamento de listas de afazeres com outras pessoas e até atribui tarefas para cada uma delas. Ao criar as listas é possível estabelecer graus de prioridades e data limite.

PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO HUMANIZE[SE]:

Manhã

8h – Credenciamento9h - Cerimônia de Abertura9h30 - Palestra Design Para a Era Experimental, com Frank Tyneski10h - Talkshow do palestrante Frank Tyneski 10h20 - Palestra Pensamento  Exponencial: Uma Visão Humana, com Conrado Schlochauer10h50 - Talkshow do palestrante Conrado Schlochauer 11h10 - Painel Humanize[se]: Como homem e máquina  podem andar juntos nessa nova era tecnológica?  Frank Tyneski, Conrado Schlochauer e Sil Bahia debatem a questão moderados por Flávia Oliveira 

Tarde

14h às 15h30 - Oficina Psico-Estética:  A Arte Prática do Design Thinking, com Frank Tyneski14h às 15h30 - Oficina O Mundo mudou. E você?, com  Eduardo Endo, diretor dos MBAs da FIAP14h às 15h30 – NAVE: Programação e robótica como solução para as cidades, com Anderson Paulo da Silva16h às 17h30 - Oficina Criative [se], com Alessandra Terumi 16h às 17h30 - Desafio de Inovação Acelere[se]. As oito startups participantes do programa de mentorias farão um pitch para investidores em potencial. Cristiana Arcangeli fará palestra sobre os desafios de empreender e dicas para novos empreendedores16h às 17h30 - Painel Tecnologia, Impacto Social e Diversidade, com Sil Bahia, diretora de projetos do Olabi  Markerspace, Brenda Costa, cofundadora do OxenTI Menina, e Ka Menezes, Professora da Faculdade de Educação da UFBA, presidenta do Raul Hacker Club de Salvador Bahia e idealizadora do Projeto Crianças Hackers.

INSCRIÇÕES GRATUITAS

O quê - Seminário Humanize[se] / Evento de encerramento do Fórum Agenda Bahia 2018Quando -  07/11, 8h às 17h30Onde -  Quality Hotel & Suítes São Salvador (Rua Dr. José Peroba, 244 – Stiep)Como participar - Os formulários de inscrição podem ser acessados no site agendabahiacorreio.com.br/humanizese.

*Vagas Limitadas. É preciso se inscrever em cada atividade que se deseja participar. **As inscrições para as oficinas O mundo mudou. E você?, com Eduardo Endo, Criative[se], com Alessandra Terumi, e Tecnologia, Impacto Social e Diversidade, com Sil Bahia, Brenda Costa e Ka Menezes, já estão com as lotações esgotadas.