Entenda um pouco mais sobre como funcionará a vacina Butanvac

Butantan anunciou imunizante e espera Anvisa para iniciar testes clínicos; EUA entraram com tecnologia

Publicado em 27 de março de 2021 às 07:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Governo de São Paulo/ Divulgação

O Instituto Butantan solicitou, na sexta-feira (26), autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos da Butanvac, uma possível nova vacina contra a covid-19. Se tudo correr bem nos testes, o instituto promete começar a produzir a vacina em larga escala já a partir de maio, iniciando a aplicação na população em julho. O objetivo é fabricar 40 milhões de doses até o fim do ano.

O imunizante será chamado de Butanvac e o instituto afirmou ter feito toda a produção. No entanto, a Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos, revelou ao jornal Folha de S.Paulo que desenvolveu a vacina. 

Em nota, o Butantan afirmou que a “produção da Butanvac, primeira vacina brasileira contra o novo coronavírus, é 100% nacional” e que ela “será desenvolvida integralmente no País”. Sobre o consórcio internacional, disse que “tem um papel importantíssimo na concepção da tecnologia e no suporte técnico para o desenvolvimento do imunobiológico, algo imprescindível para uma vacina segura e eficaz”. 

O pedido de autorização se refere às fases 1 e 2 de testes, nas quais serão avaliadas segurança e capacidade de promover resposta imune em 1,8 mil voluntários. Na fase 3, até 9 mil pessoas irão participar - etapa que vai estipular a eficácia da nova fórmula. 

A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais são avaliados em animais efeitos positivos e toxicidade. O imunizante também será testado nos dois outros países, Vietnã e Tailândia - neste último, a fase 1 já começou. 

Como é feita? A Butanvac tem uma tecnologia já empregada pelo Butantan, que utiliza o vírus inativado de uma gripe aviária, chamada doença de Newcastle, como vetor para transportar para o corpo do paciente a proteína S (de spike, espícula) integral do novo coronavírus.

Presidente do órgão, Dimas Covas defendeu que o desenvolvimento já levou em conta a variante brasileira P1, e que a provável vacina demonstrou oferecer uma resposta imune maior do que as atuais. Por isso, existe a possibilidade de ser aplicada até em dose única. “Essa é a geração 2.0 da vacina. Nós aprendemos com as vacinas anteriores e agora sabemos o que é uma boa vacina para a covid-19. Essa já incorpora algumas dessas modificações”, garantiu.

O Butantan é o maior produtor de vacinas do país e já fornece atualmente a CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac. 

Diferentemente da chinesa ou da vacina de Oxford/AstraZeneca, em que os parceiros nacionais podem produzir uma capacidade limitada de doses, agora, o Butantan é o principal desenvolvedor dentro do consórcio e poderá produzir a maior parte dos imunizantes.

O órgão já havia pedido à Anvisa a autorização para testar o soro de tratamento contra a doença, que já vitimou mais de 300 mil brasileiros desde o ano passado.

Governo reage No dia do anúncio da Butanvac, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, declarou já ter uma vacina em desenvolvimento na fase de testes clínicos, com voluntários, protocolada na Anvisa. “Três dessas vacinas avançaram para pré-testes; agora estão entrando para testes com voluntários. Em fevereiro, uma dessas vacinas se adiantou bastante com a Anvisa”.

Questionado se o anúncio  estava relacionado com a divulgação do instituto paulista, Pontes disse se tratar apenas de uma coincidência e que era bom para o Brasil ter mais de uma vacina em desenvolvimento.

ENTENDA OS PRINCIPAIS PONTOS DA BUTANVACTestes   A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, em animais. Agora, se a Anvisa liberar, os testes clínicos em humanos podem começar a partir do próximo mês, onde serão avaliadas a segurança  e a capacidade de promover resposta imune. Produção   Se tudo der certo, a fabricação começa no mês de maio. A expectativa é que 40 milhões de doses estejam disponíveis a partir de julho. Elas só poderão ser usadas, porém,  se passarem pela aprovação da Anvisa. Tecnologia É a mesma utilizada para a produção da vacina da gripe, que é feita no Butantan. As cepas são cultivadas em ovos de galinha, resultando em doses de vacinas inativadas, produzidas com fragmentos de vírus mortos.Voluntários   No começo, serão 1,8 mil voluntários. Os testes das fases 1 e 2 serão realizados em pessoas com mais de 18 anos e que ainda não estão sendo contemplados pela vacinação pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). A seleção e os estados que participarão da pesquisa  não foram divulgados. Atualização Segundo o Butantan, a vacina já é atualizada para a variante brasileira, chamada de P1. A expectativa do instituto é que ela possa ser aplicada em uma dose.