Entrou água na farofa: entenda por que a Justiça barrou a festa de Gkay, em Busca Vida 

Justiça pede encerramento da festa e multa diária de R$ 7.189 

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  • Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2022 às 17:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Redes Sociais
. por Reprodução/VRBO.com

Uma casa de cinco quartos, 18 banheiros, de 1.100 m² de área, em frente ao mar, em uma das praias mais paradisíacas do Litoral Norte da Bahia: Busca Vida, no município de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Esse foi o cenário da festa que a influenciadora Gessica Kayane – conhecida como Gkay – em parceria com a Beats, iniciou na última quarta-feira (16) e terminou, graças uma liminar da Justiça.  

A festa seria um “Plano B” para o Carnaval, cancelado na capital baiana. Dentre os convidados, estava a cantora Anitta, a dançarina baiana Leokret, Pequena Lo, Rainha Matos, David Brazil, Ney Lima, Rico Melquiades e o ator Sérgio Marone. Ao todo, eram 30 participantes, amigos de Gkay. 

Na descrição da casa alugada, de acordo com o site de locação Vrbo.com, a proprietária, Erlange Santana da Cruz, promete total privacidade aos clientes. Ela cita acesso a uma praia privada “que hospeda regularmente tartarugas gigantes que retornam à praia para colocar seus ovos”; que a propriedade – alugada a R$ 13.805 por dias - é “imperceptível aos olhos indiscriminados”, por conta do “sistema de alta segurança do condomínio” e por estar cercada “por um parque privado” de cerca de 12 mil m². 

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Mas, o barulho da festa não passou despercebido. Incomodou os vizinhos, moradores e fez a administração do Condomínio Busca Vida entrar com uma ação judicial contra Erlange. O contrato de locação estava em nome da agência Califórnia, que tem como um dos sócios Fábio Duarte, ex-namorado de Ivete Sangalo e fundador do FitDance.  

A empresa alugou a residência para uma ação publicitária da Beats, marca que tem Anitta como embaixadora, e montou um palco com o nome da cerveja no jardim da propriedade. Em outras situações, casamentos, formaturas, aniversários aconteceram no local, com mais convidados do que a festa de Gkay e bandas ao vivo.  

No entanto, segundo Marcelo Dourado, síndico-administrador do condomínio, que tem mais de 1.200 casas, foi o cunho comercial da festa que infringiu as normas administrativas. “Aqui, a locação é permitida sendo de cunho familiar. A exposição da marca, além do evento ser anunciado como uma promoção aberta ao público em geral, tratando-se de evento publicitário, por si só, contraria a finalidade de uso residencial, prevista nas nossas normas condominiais”, argumenta.  

Além disso, a festa ocorria em uma Área de Proteção Ambiental (APA). O palco, com luzes em led, além da música alta, atrapalharia a desova das tartarugas, acompanhada pelo Projeto Tamar. A administração do condomínio pediu pagamento de uma multa de R$ 50 mil à proprietária pelas infrações. Porém, a Justiça determinou multa diária de R$ 7.189,86, caso a festa continuasse. 

Segundo a juíza Marina Rodamilans de Paiva Lopes da Silva, autora de decisão judicial, “a Convenção de Condomínio é soberana e obrigatória para todos os titulares”. Ela entendeu que era “um evento publicitário de grande porte” e que a proprietária descumpriu as regras da administração, além do Regulamento de Uso e Ocupação do Solo do local.  

O síndico reforçou que não tem nada contra os artistas que alugaram a casa. “Em hipótese alguma. Queremos que as normais condominiais sejam cumpridas”, enfatiza Dourado. 

O Plano B do Carnaval foi feito na quarta (16), quinta (17) e seria realizado também nesta sexta-feira (18), além do período entre 26 de fevereiro e 02 de março. Logo no primeiro dia, a prefeitura de Camaçari notificou a proprietária, por “realização de eventos sem licença”. Há a assinatura de Ernange no documento, mas não foi possível confirmar se ela estava na casa. Procurada, ela não quis dar entrevista: “Não falo com jornalista”. 

Na quinta, por volta das 18h, a liminar chegou à casa alugada e impediu a realização do show da banda É O Tchan, que aconteceria no palco. Os convidados continuaram a farra na parte interna da casa. A Polícia Militar da Bahia também enviou uma equipe, acionada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Sedur) de Camaçari, “para acompanhamento em apoio à verificação do local”. 

Um dos sócios da agência Califórnia, Rafael Almeida, também foi procurado, mas não quis falar sobre o assunto. Ele pediu que a reportagem entrasse em contato com a assessoria da Ambev. A Ambev não enviou posicionamento até o fechamento da matéria, nem a produção de Gessica Kayane.  

Por meio de nota, a Sedur falou sobre a interdição do evento. “O órgão foi acionado para averiguar um suposto evento, que aconteceria na praia de Busca Vida, em Vila de Abrantes, Camaçari. Na ocasião, profissionais da Sedur interditaram o evento, com base na estrutura já montada no local, uma vez que não possuíam licença para realização, conforme prevê a lei para eventos no âmbito estadual”, informou. 

A secretaria acrescentou ainda que posteriormente, a assessoria do evento compareceu à Sedur para prestar esclarecimentos. Disse que “se tratava de um encontro com algumas personalidades nacionais, sendo uma proposta de divulgação de marketing, de marcas registradas”. Ainda de acordo com a Sedur, os responsáveis informaram que a ação era destinada para um público restrito e sem venda de ingressos, “chegando a um total de até 50 pessoas, entre convidados, produção e a equipe de filmagem e transmissão”. De acordo com a secretaria, os organizadores foram orientados a respeitar o volume sonoro compatível com um ambiente residencial.