Especialistas defendem mais diversidade e inclusão no universo digital

Palestrantes do Agenda Bahia debateram como humanizar a tecnologia

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  • Andreia Santana

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 23:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

De uma forma ou de outra, todo mundo se relaciona com tecnologia de alguma maneira hoje em dia, seja pelo celular ou gerando dados ao acessar aplicativos. A diferença é que nem todas as pessoas param para pensar que a tecnologia não é neutra e que carrega a visão de mundo de quem a cria. 

A provocação de Sil Bahia, idealizadora do PretaLab e diretora de projetos do Olabi MarkerSpace, abriu o painel Humanize[se]: Como homem e máquina podem andar juntos nessa nova era tecnológica?, ontem pela manhã, durante o seminário Humanize[se], evento de encerramento do Fórum Agenda Bahia 2018.

Para ela, não é possível olhar a automatização e os robôs como se não houvesse um engenheiro por trás de cada ferramenta. “O que muda quando uma pessoa negra, trans ou da periferia pode pensar aplicativos, o que pode ser diferente?”, questionou Sil, para logo depois acrescentar que a diversidade de atores no universo tecnológico não precisa ser apenas de gênero e raça, mas também etária, social e econômica. 

Junto com Sil Bahia, participaram do debate Frank Tyneski, designer americano e presidente da RKS Design, empresa de inovação com sede na Califórnia (EUA), Conrado Schlochauer, embaixador da Singularity University, e Marcelo Arantes, vice-presidente Global de Pessoas, Marketing, Comunicação Empresarial e Desenvolvimento Sustentável da Braskem. A moderação foi da jornalista Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews. 

O painel aconteceu logo após as palestras de Frank e Conrado, no final da manhã, e, diferente do que ocorreu em outros anos do Agenda Bahia, quando os dois palestrantes da manhã debatiam o tema central do evento, dessa vez o formato foi alterado para trazer as reflexões de dois conferencistas da parte vespertina da programação.

Colocar o cidadão no centro da discussão que busca encontrar caminhos para que humanos e máquinas convivam e colaborem é ponto pacífico entre os quatro palestrantes. Cada um com sua experiência profissional e de vida, defende que todas as pessoas têm de ser incluídas nos prognósticos do futuro digital.

Marcelo Arantes, por exemplo, trouxe o exemplo da Braskem que, há cerca de um e meio, iniciou um processo interno de transformação que passa por questionar as pessoas que trabalham na companhia sobre qual a empresa que elas desejam para o futuro. 

“Atrás da tecnologia tem gente. As pessoas é que são o principal fator de transformação”, afirmou, para logo depois emendar que a Braskem possui um percentual de engajamento dos funcionários de 82%, contra um turnover voluntário (rotatividade que ocorre nas empresas, quando funcionários decidem sair de seus cargos) de 1,1%, um dos índices mais baixos do setor industrial nacional.

“A Braskem acordou para o fato de que o mundo está mudando. E não é só na tecnologia, mas na questão da diversidade. Temos 33% de jovens negros em nossa equipe e o número de mulheres que alcançam posições de liderança aumenta ano após ano. Isso acontece porque a empresa quer dar voz às pessoas”, acrescenta Marcelo.

Conrado Schlochauer acrescentou que o potencial humano que pode ser desenvolvido com a tecnologia não tem cor, gênero ou orientação sexual e “está espalhado no mundo todo”. Para ele, a forma de incluir cada vez mais gente, estimulando a diversidade na revolução digital, é ouvir as pessoas de maneira aberta e explorar a tecnologia como ferramenta para unir pessoas e conhecimentos.

“As pessoas precisam ter acesso aos novos instrumentos. A tecnologia pode funcionar como um meio de acesso para a compreensão do mundo”, acredita.

Frank Tinesky também acredita no potencial humano e defende a abertura da mente não apenas para uma economia global, mas para uma comunidade global nesses novos tempos hiperconectados. O designer também acredita que a tecnologia não pode limitar a capacidade das pessoas descobrirem quem elas são. 

“É preciso perceber o que está ao redor, conversar e interagir sem olhar apenas o celular e assim cultuar mais o nós do que o eu”.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do jornal CORREIO, com patrocínio da Braskem, Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; e apoio do Sebrae e da VINCI Airports.