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Da Redação
Publicado em 7 de setembro de 2020 às 15:12
- Atualizado há 2 anos
A mãe de Isabele Guimarães Ramos, morta aos 14 anos por uma amiga da mesma idade em Cuiabá (MT), disse que espera que a responsável seja "presa e internada". O inquérito policial concluiu que a menor assumiu o risco ao manusear a arma e, por isso, vai responder por ato análogo ao homicídio doloso, ou seja, quando há intenção de matar.>
"Não me traz conforto nenhum (a conclusão do inquérito), porque, veja bem, minha filha não está aqui mais para poder falar, e posso falar por ela. Ela teve os sonhos interrompidos naquele dia, quando recebeu um tiro na cabeça", disse Patrícia Hellen Guimarães Ramos, em entrevista ao Fantástico. >
A mãe disse ainda que esperar que o Ministério Público aceite as conclusões do inquérito policial. "Ela era uma garotinha brilhante e hoje ela não está aqui para fazer o que tinha vontade. Espero que nenhuma mãe passe por essa dor que estou vivendo hoje. O que mais espero é que essa garota seja presa e internada. Espero também que o Ministério Público apresente denúncia e acate o inquérito policial na integralidade", afirmou.>
A família de Isabele também entende que não é apenas a amiga a culpada, pois houve uma "conjunção de fatores". "Houve um contexto envolvendo os pais da atiradora quanto os pais do jovem que levou a arma", diz o advogado Hélio Nishiyama, que representa os parentes da vítima. >
Para a polícia, a adolescente deixou o estojo com uma das armas em cima de um móvel no quarto dela. Foi até o banheiro, e dentro dele, disparou contra Isabele a 20 ou 30 centímetros de distância, em uma altura de 1,44 centímetros. O tiro entrou no nariz e saiu pela nuca.>
A defesa da garota que atirou afirma que não houve intenção e que o disparo foi acidental. A adolescente teria disparado sem querer ao tentar segurar a case que caiu no chão.>
Inquérito A polícia conclui que a menina tinha consciência dos riscos ao apontar a arma para a amiga. Ela treinava tiro com o pai, que é empresário, e tinha conhecimento técnico, afirmou o delegado Wagner Bassi, da Delegacia Especializada no Adolescente. >
"Era uma adolescente treinada, capacitada. Quando fazemos treinamento de tiro, antes de pegar na arma, aprendemos uma situação que chama segurança. Aprendemos a desmuniciar e olhar se a arma está carregada. Ela tinha capacitação de segurança", considerou. >
A arma usada no crime era da família do namorado da jovem que disparou. O adolescente de 16 anos levou as armas para a casa dela. Ele as deixou lá temendo ser parado em uma blitz. O garoto vai responder por ato infracional análogo a porte ilegal de arma de fogo.>
O pai da suspeita vai responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar; posse ilegal de arma de fogo; entregar arma para adolescente e fraude processual. Ele mexeu na cena do crime, mesmo sendo alertado por um enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). >