Esqueça essa ideia de que existe “vinho de mulher”

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  • Paula Theotonio

Publicado em 7 de março de 2019 às 09:57

- Atualizado há um ano

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(Foto de Paula Theotonio/divulgação) Em busca de pesquisas para abordar às vésperas do Dia Internacional da Mulher, digitei VINHO e MULHERES no Google e fui negativamente surpreendida. É enorme a quantidade de textos opinativos que versam sobre os rótulos e tipos de uva preferidos pelas mulheres. Muitos indicam que preferimos os “fáceis de beber”: suaves, rosés ou brancos. Tintos, só de uvas com poucos taninos e baixa acidez.

Quanta besteira!

Este senso comum de que “Rosé é vinho de menina” ou “Pinot Noir é vinho de moça”, no meu ponto de vista, é duplamente problemático: impede os machões de provarem excelentes rótulos de vinhos leves e afasta mulheres pouco conhecedoras dos vinhos potentes, longevos e tânicos. Dizer tais sandices está mais próximo das armadilhas do patriarcado de que uma verdadeira predileção no paladar feminino.

Para combater os achismos, vamos aos dados.

Vinhos e mulheres: paladar complexo

Segundo relatório da Universidade de Copenhagen, nós – meninas! - temos um senso mais apurado para diferenciar nuances de sabores. Para a sommelier de cerveja e cientista Deborah Parker, do Reino Unido, somente uma pequena parcela das pessoas possuem sensibilidade inata para análises. Em sua maioria, são mulheres.

E outra: de acordo com o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade do Rio de Janeiro, as mulheres têm 50% mais células no bulbo olfatório, região do cérebro responsável por processar aromas. E a publicação científica Food Quality & Preference sugeriu que os homens costumam ter um comportamento emocional mais forte com a bebida; e, por isso, sentem mais dificuldades de diferenciar seus tipos e sabores.

Fica combinado que nada de “vinhos fáceis” para mulheres?

Vinhos e consumo: o que elas realmente gostam

Um estudo realizado pelo Instituto Datavin para o Observatório Espanhol do Mercado do Vinho (OeMv), separou as consumidoras em seis tipos. As curiosas (24% do total), preferem os vinhos tinto e branco finos. As tradicionais (22%) optam pelo tinto e costumam beber em casa. Já as bebedoras ocasionais (17%) preferem os rosados e brancos, que passam uma imagem de frescor.

As entusiastas ou grandes bebedoras de vinho (15%) costumam escolher os de melhor relação qualidade/preço. As jovens, entre 18 e 25 anos (11%) consomem pouco vinho e geralmente aqueles que sejam suaves. Por fim, existem as indiferentes (11%), que preferem beber vinhos tintos que estejam com um bom preço.

Ou seja: ao contrário do que anda se dizendo por aí, gostamos de todos os tipos de vinho – e preferimos tintos. Tudo vai depender do gosto pessoal, da fase da vida e da predisposição para beber mais vinhos.

Paladar feminino versus Patriarcado

Essa “fluidez evolutiva” do paladar também se aplica a outras bebidas. Em 2017, conversei com uma amiga que fabrica cervejas artesanais e a questionei sobre as preferências de quem está começando a provar rótulos diferenciados.

“A mulher – e qualquer pessoa, na verdade – quando envereda pela cerveja artesanal, sempre procura algo parecido com a convencional. Então vemos que a mulher começa por uma de trigo, uma cerveja mais adocicada ou frutada, enquanto os homens são mais ousados no amargor”, contou-me Cecília Vasconcelos.

Sobre como esse paladar é formado, gerando tais preferências, não encontrei pesquisas. Mas é fácil notar que há um incentivo maior entre homens pelo consumo de bebidas amargas e alcoolicas, desde pequenos. Porque é “coisa de macho”.

Eu também me atrevi a perguntar, lá no meu instagram (siga @paulatheotonio), pelas preferências das minhas seguidoras. As respostas foram as mais variadas; e tudo isso só me leva a uma conclusão: vinho de mulher é o que ela estiver a fim de bebe