Estações sem banheiros e vagões climatizados: veja como funcionará metrô de Salvador

Apesar do trem comportar mil pessoas, durante a fase experimental os trens não vão operar com a capacidade total de usuários

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  • Louise Lobato

Publicado em 5 de junho de 2014 às 13:15

- Atualizado há um ano

Correio24horas percorreu de metrô o trecho entre as estações Acesso Norte e Campo de PólvoraFoto: Louise LobatoO metrô de Salvador circulou nos trilhos na manhã desta quinta-feira (5), na Estação Acesso Norte, em testes realizados nos vagões e no sistema elétrico. Com funcionários ainda trabalhando, a fase chamada de operação assistida vai ser inaugurada no próximo dia 11, com a presença da presidente Dilma Rousseff, quando o metrô circulará de graça até setembro.Segundo Harald Peter Zwetkoff, presidente da Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR Metrô Bahia), todos os reparos no sistema já foram finalizados.

"O que falta são ajustes de tempo de percurso do trem e ponto exato de parada em cada estação. Isso será feito até setembro", explicou.

Os testes realizados foram abertos à imprensa, que pôde circular na estação. O Correio24horas percorreu de metrô o trecho entre as estações Acesso Norte e Campo de Pólvora, da Linha 1, que vai da Lapa ao Retiro. A linha possui 7,3 quilômetros de extensão e a viagem entre os dois pontos vai durar 18 minutos, incluindo as paradas de 30 segundos em cada estação.

O modelo de trem adotado tem quatro vagões com ar-condicionado, cada um com seis portas. Nas partes subterrâneas do trajeto, o passageiro não vai encontrar ninguém falando alto no celular, já que não há sinal de telefonia e internet móvel. Por enquanto, não se sabe se o metrô vai oferecer wifi gratuita aos usuários.

Apesar do trem comportar mil pessoas, durante a fase experimental os trens não vão operar com a capacidade total de usuários. O metrô viajará a uma velocidade média de 30 a 40 quilômetros por hora.

"Na operação assistida, a velocidade não será a máxima prevista no projeto, que é de 80km/h. Vamos trafegar com a velocidade reduzida (cerca de 40km/h) para ter mais segurança e fazer todos os ajustes finais na linha", disse Zwetkoff. 

"O tempo de operação assistida é experimental, de ajustes, com horários restritos. Eles são inclusive progressivos - eles começam com quatro horas, e depois ele vão sendo aumentados para seis horas até chegar no tempo normal de funcionamento", conta Eduardo Capello, chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur).

"Já no momento da operação comercial os sistemas de metrô deverão estar completamente integrados com os sistemas de transporte coletivo da cidade, para que a população possa fazer uso regular disso e se firme com os horários completamente definidos", garante Capello.

Após a fase de testes, a previsão é de que aconteça uma viagem a cada 10 minuto e que 6 mil passageiros sejam transportados por hora. Sacos de areia foram usados em outras viagens de testes não oficiais, antes do embarque de passageiros nos vagões.Trens comportam 200 passageiros sentados e 800 em péFoto: Louise LobatoFuncionamentoOs quatro trens funcionarão de segunda a sexta-feira em horário especial até 14 de setembro. Em junho, a população poderá utilizar o sistema das 12h às 16h. Durante o mês de julho, o metrô vai funcionar das 10h às 16h. Já em agosto e setembro, o sistema começa a operar mais cedo: às 9h e 8h, consecutivamente.Nos dias de jogos da Copa do Mundo na capital baiana, o serviço será exclusivo para os torcedores que vão assistir as partidas na Fonte Nova. O horário também será especial. "O metrô vai começar a operação cinco horas antes e termina 3h após a conclusão dos jogos para as pessoas que foram cadastradas e pegaram a pulseirinha", explica o presidente da CCR.

De acordo com Hamilton Andrade, gerente de Operações da CCR, a expectativa é de que 500 passageiros sejam transportados em cada trem, totalizando 1.800 pessoas por hora. Depois deste período de jogos, o metrô tornará a receber até mil passageiros.

"A demanda de usuários que tiver a gente vai absorvendo, mas não vamos passar da capacidade máxima", conta Andrade.

Após o período de testes, no dia 15 de setembro, o horário de funcionamento será ampliado e passará a atender das 5h às 0h. No período comercial também será iniciada a cobrança de tarifa para acessar os trens e a integração com os ônibus. No início da operação a tarifa simples será de R$3,10 e R$3,90 para quem fizer integração.

Oitenta funcionários "Posso Ajudar?" da concessionária serão disponibilizados em cinco estações para orientar os passageiros. Material impresso e explicativo também será distribuído.

Para garantir a segurança dos passageiros e do sistema operacional, o Centro de Controle Operacional (CCO), localizado temporariamente na Estação Acesso Norte, funcionará durante 24 horas. Além do CCO, cada estação possui um pequeno centro de controle local  que complementa a rede. No total são 290 câmeras de monitoramento nas áreas de acesso às estações, terminais, áreas de circulação e trilhos.

"Do Centro de Controle você consegue ver todas as estações, todas as vias e todos os trens", relata José Antônio da Silva, diretor de Implantação da CCR no metrô de Salvador. "De lá você monitora tudo que acontece dentro de todas as estações. Ele vai ficar provisoriamente no Acesso Norte, e depois será relocado para a estação em Pirajá". Sala de controle e operações faz videomonitoramento de todas as áreas da estação (Foto: Louise Lobato)"Nós teremos seguranças em todas as estações e em todos os pontos de embarque. Nós não esperamos que ocorra qualquer tipo de assalto ou violência dentro dos vagões", diz Zwetkoff, presidente da concesisonária.

Sem banheiros

As estações que serão inauguradas nesta segunda-feira (11) chegam com uma dificuldade para os usuários do sistema - nenhuma delas conta com banheiro. Os existentes são de uso administrativo, apenas para funcionários do metrô.

"Nas estações ao redor do mundo, você vê várias estações que realmente não têm banheiro. São estações de baixa demanda, não são estações em que o passageiro fique ali - são locais onde o passageiro chega, pega o trem e sai", comenta Eduardo Capello, chefe de gabinete da Sedur. 

De acordo com Capello, as estações já construídas em Salvador não têm banheiro por conta do projeto inicial da prefeitura, que não previa isto. "Este trecho já estava construído, com um projeto mais antigo. A CCR está buscando alternativas para que ela possa disponibilizar banheiros nas estações", disse. 

"As novas estações terão novos projetos, e aí já existem condições de adotarmos estes banheiros para o público", assegura Eduardo Capello.

Wagner: 'dever cumprido'O governador Jaques Wagner participou, na manhã desta quinta-feira (5) da vistoria aos trens e estações da Linha 1 do metrô de Salvador que coloca o sistema em operação assistida até 15 de setembro. Depois da viagem, Wagner falou com a imprensa e comemorou a operação."É uma sensação de alegria, de dever cumprido e de orgulho muito grande. O poder público tinha essa dívida de mais de 14 anos e, finalmente, após assinarmos contrato assumindo o metrô, já estamos colocando-o em operação um ano depois. Tenho certeza de que o povo vai se orgulhar muito", disse.Wagner na Estação do Campo da Pólvora (Foto: Elói Corrêa/GOVBA)Investimento

Com a construção iniciada em abril de 2000, o Sistema Metroviário Salvador-Lauro de Freitas passou a ser administrado em um modelo de Parceria Público Privada (PPP) a partir de outubro de 2013. Somente na Linha 1, desde então, o Governo do Estado da Bahia, o Governo Federal e a CCR investiram R$ 8,7 milhões. 

O total de investimento no sistema, contabilizando a Linha 2 do metrô, vai chegar a R$ 3,6 bilhões - R$ 1,4 bilhão da concessionária, R$ 1 bilhão do governo estadual e R$ 1,2 bilhão de recursos oriundos do governo federal. 

A previsão é de que a população baiana tenha todo o sistema funcionando até abril de 2017, quando fica pronta a Linha 2, que segue até o Aeroporto de Salvador. Funcionários trabalham para finalizarmanutenção nas estações do metrô(Foto: Louise Lobato)Testes realizadosEm janeiro, o consórcio CCR começou a testar o sistema elétrico. Em seguida, foram desmontados os trens e avaliada as condições dos trilhos. Também foi realizada uma ultrassom nos seis quilômetros de trilhos que ligam a Lapa ao Retiro para diagnóstico das suas condições. "Foram detectados vários pontos que a gente vai ter que fazer solda", destacou Harald.

Além disso, como o trem é elétrico e os trilhos apresentavam pontos de ferrugem, foi necessário então polir para garantir o contato elétrico. "Para poder andar com segurança e alguém dentro, tem que rodar muitos dias antes para garantir a operação", completou.Confira fotos de todas as áreas do metrô de Salvador[[galeria]]

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