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Da Redação
Publicado em 27 de março de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Donos de lanchas, jet-skis e barcos que mantêm as embarcações na Marina do Bonfim, na Cidade Baixa, e não tiveram os equipamentos afetados pelo incêndio, começam a retomar a rotina após o fogo ter destruído 30 lanchas no local. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) informou que o espaço terá que ser reconstruído.>
As carcaças das embarcações queimadas continuam divindo o estaleiro com as que conseguiram ser salvas. Elas estão isoladas ao fundo, em uma área interditada pela Codesal. O aposentado Jorge Ubiraci, 61 anos, é um dos que retomou a rotina. “Continuo trabalhando no meu barco. Pra mim está tudo normal”. Já o soldador Edson Ramos, 51, que teve a casa invadida pelo fogo, ainda tem com o que se preocupar. Parte da laje da residência cedeu, as paredes ficaram pretas e os azulejos racharam. A Codesal pediu a demolição de parte da laje afetada. >
Segundo ele, a administração da Marina disse que vai arcar com os gastos. O estaleiro deve liberar o dinheiro - orçado em torno de R$ 8 mil - após divulgação do resultado do laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT), exigência feita pela seguradora do imóvel. Segundo a Polícia Civil, o documento ficará pronto em, no mínimo, 30 dias. >
"Pra mim foi dramático demais. Ver as lanchas se acabando e o fogo invadindo aqui... E meu medo era passar pra casa de minha mãe, que fica aí do lado", contou Edson. No momento do incêndio, ele, o filho e a esposa não estavam em casa. Parte da laje da casa de Edson Ramos cedeu com a invasão do fogo (Foto: Pedro Vilas Boas/CORREIO) Edson e o filho não se encarregaram apenas de resolver o próprio problema, mas também se prontificaram a ajudar na retirada das embarcações do estaleiro. "A Marina é um meio de sustento nosso também, porque ela passa serviço pra gente aqui do lado", justifica. Eles são donos de uma oficina que fica no primeiro andar da casa.>
De acordo com o funcionário do estaleiro Carlos Antônio, 27 das embarcações queimadas sofreram perda total com o fogo. Apenas 13 do total de embarcações hospedadas na Marina possuíam seguro próprio. O espaço dispõe de seguro apenas para danos no imóvel.>
"Momentos de pânico">
A agente domiciliar Marinalva Guimarães, 45, que mora próximo à Marina, conta que hoje está mais tranquila, mas no dia viveu "momentos de pânico", como ela mesmo descreve. "As paredes da minha casa ficaram todas pretas, minha cortina e sofá também. Eu fechei tudo, mas quando voltei tava tudo cheio de pó. Meu filho de 8 anos teve dor de cabeça a noite toda", lembra. Ela mora com três filhos e o marido.>
Dalmiro Magalhães, 49, dono de uma das lanchas que não foi afetada pelas chamas também se recorda do dia com tristeza. "No mundo náutico existe uma união muito grande. A gente fica muito sentido com as pessoas. Existe uma cumplicidade muito grande. O sentimento agora é uma mistura de agradecimento por não ter sido afetado, mais de tristeza pelas que foram", explica o bancário, enquanto olha o estrago causado pelo fogo nas embarcações. A lancha que teria começado o incêndio foi identificada como Santinha 3 (Foto: Pedro Vilas Boas/CORREIO) Perícia>
A assessoria da Polícia Civil informou que os donos das embarcações estão sendo ouvidos desde a sexta-feira (23). A linha de investigação aponta que o incêndio teria começado com um curto-circuito no ar-condicionado de uma das lanchas guardados na Marina, chamada de Santinha 3.>
"Conversei com um dos funcionários. Ele disse que na hora um equipamento estava ligado, mas não soube dizer que equipamento era este e qual serviço era feito na hora”, declarou o perito criminal Marcos Almeida, do DPT, após análise no estaleiro no dia do incêndio.>
“Cada coluna tem um ponto de energia, onde se costumava carregar algumas baterias das embarcações. Mas tudo isso será esclarecido com o laudo pericial”, complementou Almeida, sem dar mais detalhes do caso”.>
Entenda o caso>
O incêndio na Marina do Bonfim começou por volta das 12h30 de quinta-feira (22). As chamas se espalharam com facilidade e moradores tentaram conter o fogo enquanto aguardavam a chegada dos Bombeiros.>
Foram 30 embarcações queimadas, sendo 27 com perda total. A administradora da Marina, Flora Franco, assegurou que o estabelecimento tinha seguro, mas não quis comentar o assunto com a reportagem.>