‘Estamos colocando colchão no chão e macas nos corredores’, diz Léo Prates

Salvador está com unidades de saúde lotadas e taxa de ocupação de UTI continua subindo; 78% dos pacientes são do interior

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  • Gil Santos

Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 18:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/Arquivo CORREIO

As cenas de pessoas deitadas no gramado na porta das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e dos gripários enquanto aguardam por atendimento e a reclamação da demora começaram a se repetir nas últimas semanas, em Salvador, mas da porta para dentro o cenário não é menos desafiador. O secretário municipal de Saúde, Léo Prates, contou que a superlotação está obrigando as equipes a improvisarem para garantir o atendimento a todos os pacientes.“O Ministério da Saúde preconiza que Salvador tenha uma UPA para cada 300 mil habitantes. Como somos 3 milhões de habitantes, isso daria dez UPAs. Nós já temos 21, contando com a estrutura do estado, e o prefeito autorizou a abertura de mais um gripário. E não está dando conta. Nós estamos tendo que colocar colchão no chão, macas nos corredores e poltronas para garantir o atendimento da população, porque a determinação do prefeito é que continue não faltado atendimento para ninguém”, afirmou.A ocupação dos leitos de UTI, que alcançou 25% no segundo semestre de 2021, começou uma escalada no final do ano e continua subindo. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a taxa de ocupação está em 68%. No caso das crianças a situação é ainda mais crítica, chegando a 95% de ocupação. Nesta segunda-feira (10), a prefeitura anunciou a abertura de mais 30 leitos no Hospital Sagrada Família. A unidade terá 110 acomodações.

Pacientes de outras cidades Outro ponto destacado pelo secretário é o perfil dos pacientes. Léo Prates contou que 78% das pessoas que estão ocupando os leitos de covid em Salvador são moradores de cidades do interior do estado. Além disso, em 80% dos casos de internação o paciente não concluiu o ciclo de vacinação.

“É importante que o estado e as prefeituras do interior decentralizem esse atendimento. Quem for até a porta da UPA dos Barris vai ver caravanas de carros com adesivo TFD, que significa Tratamento Fora do Domicílio, chegando e deixando os pacientes. Nós não temos condições de suportar isso”, disse.  

Ele cobrou mais compromisso da população para conseguir continuar garantindo atendimento. “Precisamos, um, da colaboração do cidadão. Dois, da colaboração dos empresários. Os protocolos sanitários não são peças de ficção, são para serem cumpridos e manter o negócio deles aberto. Terceiro, de que os entes que tem mais aporte financeiro, ou seja, federal e estadual, ajudem nesse esforço da assistência em Salvador”, afirmou.

Na capital, 200 mil pessoas não voltaram aos postos para tomar a segunda dose da vacina contra a covid-19 e 400 mil estão com a dose de reforço atrasada. Na Bahia, 1,6 milhão de pessoas são aguardadas para receber a segunda dose e 2,4 milhões ainda não foram tomar a dose de reforço.