'Estamos impedidos de trabalhar', diz vizinha do prédio que pegou fogo na Vasco da Gama

Vizinhos aguardam retirada dos escombros da antiga Vasco Imports

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  • Luana Lisboa

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 22:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

"Estamos impedidos de trabalhar desde que a loja de autopeças pegou fogo". Quem conta é a proprietária vizinha da loja Vasco Imports, destruída por um incêndio na manhã desta segunda-feira (27), na esquina da Rua Sérgio de Carvalho com a Avenida Vasco da Gama, na entrada do Vale da Muriçoca. Janaia Guanaes explica que seu comércio, Mármores e Granitos, e o do lado oposto dos agora escombros estão com uma notificação da Defesa Civil de Salvador e, por isso, proibidos de abrirem as portas até que os entulhos sejam retirados. A previsão do proprietário da Vasco Imports é de que isso seja feito nesta quarta (29).

Apesar do comércio de Janaia não correr risco de desabar, o fato de ainda dividir parede com o local que pegou fogo ocasionou um prejuízo financeiro que ela ainda não conseguiu colocar na ponta da lápis. Uma parede já caiu sobre a marmoraria e, enquanto não for retirada, não há espaço para que Janaia e seus funcionários trabalhem com segurança. Por isso, ela chegou a alugar um local para conseguir realizar os serviços que tem prazos de entregas mais próximos aos clientes. Além disso, o tanque de água do sua loja queimou, e ela está também sem energia.

A Coelba desligou a luz na região por conta do combate ao fogo - havia risco de atingir a rede elétrica. Pouco mais de 50 imóveis entre residências e comércios estão sem energia no local.

"Ele disse que vai fazer o serviço amanhã. Enquanto o entulho não sai, as paredes ficam pressionadas pelo grande volume de escombros e não posso trabalhar. Hoje atendi os telefones apenas para dar satisfação ao cliente. Ele [o dono da Vasco Imports] está dando muito prejuízo para mim e para o outro vizinho e para mim fica cada vez mais oneroso a cada dia que meu comércio está fechado", desabafa.

Janaia explica que tem ciência que está agindo de acordo com o Código Civil. O Artigo 927 estabelece que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), aquele que causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Em parágrafo único, "haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem".

Mas para se prevenir, a proprietária recomenda que, diferente dela, outros donos de estabelecimentos paguem um seguro. "Eu só fui procurar agora porque não sabia que era tão barato, às vezes achamos que será um serviço caro e por isso, não vamos atrás. Encontrei uns que custam cerca de 30 a 50 reais no mês. Todos tem que saber disso", diz.

A Vasco Imports não tinha auto de vistoria dos bombeiros. Mas o documento não é necessário para o alvará de funcionamento ser concedido. O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, o AVCB, comprova que o imóvel tem os equipamentos necessários para evitar que um incêndio tome proporção tão grande, em caso de fogo.

Janaia explica que os bombeiros não puderam fazer o resfriamento total dos escombros e, por isso, até então, dos entulhos saem fumaça. "Eu até jogaria água, mas estou sem. Não compreendo, e como aconteceu muito de repente, ainda estou tentando me atualizar sobre como agir".