Estimativa é de que um terço dos baianos tenha mais de 60 anos até 2060

Projeção do IBGE é de que uma em cada três pessoas no estado será idosa

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  • Priscila Natividade

Publicado em 3 de novembro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/ CORREIO

A aposentada Conceição Gonçalves tem 68 anos, mas não para. Anda de ônibus para baixo e para cima, vende colchão, sandália magnética e até Tupperware. Peregrinou durante seis anos até o INSS para conseguir se aposentar. Enfrenta osteoporose, artrose, mas nem parece que sente essa dor, quando as netas a chamam para a brincadeira. 

“No tempo de minha mãe, mal se chegava aos 40 já colocava o saião e ia fazer crochê. Eu não vejo velhice. Saio, busco minhas vendas, meus clientes. Não aceito esse negócio que estou ultrapassada. Eu estou na luta, tocando minha vida pra frente e mando ver”, afirma.

E manda mesmo. Os baianos estão vivendo mais. Com previsão, na verdade, de viver mais ainda. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos na Bahia (pessoas com 60 anos ou mais de idade) aumentou 13,8%, passando de 1.773.391 em 2012 para 2.017.717 no ano de 2017, o que representou mais 244.326 idosos em cinco anos. 

A estimativa é que a Bahia tenha um envelhecimento mais acelerado que a média nacional. Até 2060 a população de idosos deve mais que duplicar no estado, chegando a 4.767.653 pessoas de 60 anos ou mais. Ou seja, caso esta projeção se confirme, pouco mais de 1 em cada três pessoas no estado será idosa: 34,5% da população da Bahia terá 60 anos ou mais de idade. 

Para a presidente da Associação Brasileira de Gerontologia, Eva Bettine, para atender ao perfil do novo idoso o estatuto precisa avançar, sobretudo, nos artigos que tratam do atendimento em saúde e nos que se relacionam com a oferta de equipamentos públicos para atender, tanto os idosos com boa saúde e mobilidade, quanto os que estão mais fragilizados.“O Estatuto do Idoso é uma legislação muito avançada, pelo menos comparativamente com outros países. Porém, o perfil do novo idoso mudou muito desde 2003. É necessário um atendimento mais rápido, maiores investimentos em prevenção de doenças e promoção de saúde”, avalia. A diretora técnica do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Ina Voelcker, concorda e defende ainda um avanço em políticas que estimulem a flexibilidade das empresas em manter os idosos na força de trabalho. “A gente sempre enxerga o idoso no outro. Mas toda a questão do envelhecimento deve ser uma preocupação nossa desde cedo. Com a expectativa de vida cada vez maior e a terceira idade mais ativa,  o futuro precisa de um enfoque muito grande na questão da educação continuada para manter este idoso trabalhando. Sem dúvida, este será um dos desafios”.