Estudantes baianos participam da seletiva estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica

Evento será realizado nesse fim de semana

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  • Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 05:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr

Construir um robô do zero pode parecer coisa de ficção científica, mas esse feito não é uma realidade tão distante. Estudantes baianos não só conseguem projetar e executar a máquina, mas também competem entre si para saber quais equipes vão representar a Bahia na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR).

A fase estadual do campeonato acontece neste final de semana, no estacionamento “i” do Shopping da Bahia. De acordo com o coordenador de Robótica do SESI Bahia, Fernando Didier, estão confirmadas 130 das 238 equipes inscritas na seletiva do estado - a primeira antes do campeonato nacional e internacional.

Para participar do campeonato, as equipes formadas por quatro estudantes devem criar sozinhas um robô capaz de realizar o salvamento de uma pessoa de um local perigoso de forma autônoma, ou seja, sem a necessidade de ser controlado por um ser humano.  Robô projetado para a Olimpíada Brasileira de Robótica (Foto: Betto Jr) Apesar do tema do desafio, nenhum ser humano precisa realmente ser salvo pelos robôs. A eficácia do salvamento é testada em uma arena de quatro metros quadrados. Com apenas cerca de 21 cm, a máquina dos estudantes deve ser capaz de seguir um desenho no chão e desviar de obstáculos, subir rampas, passar por redutores, como quebra-molas, e conseguir retomar o caminho mesmo com falhas nas linhas-guia. 

A olimpíada aceita estudantes do ensino fundamental ao ensino médio e técnico, com a idade máxima de 19 anos. Alguns estudantes começam a ter contato com a robótica desde muito cedo. É o caso de Marcos Vinicius Santos, 15 anos, estudante do SESI Djalma Pessoa e membro da equipe Sputnik, que entrou no mundo da programação com apenas 10 anos.“Conheci o torneio de robótica no SESI de Candeias, no sexto ano. Eu era muito curioso para saber como funcionavam as coisas. Entrei em uma equipe do torneio interno na área de programação”, contou o estudante do primeiro ano que quer trabalhar como programador.Próximas fases Estudantes da rede pública e privada participam da competição em busca de uma vaga na fase nacional. O campeonato é dividido em dois níveis, o primeiro para o ensino fundamental e o segundo com alunos dos ensinos médio e técnico. O número vagas para as próximas seletivas só vai ser divulgada na final da etapa Bahia. No máximo, duas equipes baianas de cada nível vão competir no nacional, informou Coordenador de Robótica do SESI Bahia.

Além dos quatro membros, as equipes possuem um técnico para auxiliar o processo de construção dos robôs - desde a concepção do projeto até a montagem e a programação da máquina. Entretanto, Fernando Didier ressalta que o técnico pode apenas instruir, sem interferir no processo.

Técnico da equipe Dynasty, do SESI Djalma Pessoa, Jackson Amorim de Góes, conta que todo o processo de criação dura cerca de seis meses. “Na escola, a gente dá oficinas, a gente dá o conhecimento necessário de modelagem, construção e projeto e programação. Geralmente eles se engajam tanto no processo que participam mais de uma vez [da olimpíada]”, afirmou.

Ainda de acordo com o Técnico, os estudantes passam cerca de três horas por dia trabalhando no projeto para a OBR, mas, com a proximidade da competição,  as equipes chegam a ficar 10 horas na escola. Estudante do terceiro ano do SESI Djalma Pessoa, Alec Santos, 16,  membro da equipe Hydra, disse que já chegou ficar das 13h às 18h na escola para trabalhar no projeto.

A avaliação da etapa estadual é feita por 36 voluntários da área de engenharia. Para escolher as vencedoras, serão feitas três rodadas, das quais apenas as duas maiores notas são levadas em conta pelo júri. As equipes que passarem para a fase nacional vão viajar para Rio Grande, no Rio Grande do Sul, para competir entre os dias 22 e 26 de outubro.

Robótica na educação Nas escolas do Serviço Social da Indústria (SESI), as aulas de robótica são ministradas há 14 anos, informa a Gerente de Educação do SESI Bahia, Cléssia Lobo. Ela explica que o SESI baiano foi o primeiro a incluir a matéria na grade curricular.

Os alunos aprovam a decisão de utilizar tema no dia-a-dia da sala de aula. Para o estudante Marcos Vinicius, a robótica também auxilia na aprendizagem de outras matérias. “A robótica ajudou com a matemática. As modelagens ficaram mais avançadas e a programação foram evoluindo aos poucos”, falou sobre a complexidade do assunto.

A Gerente de Educação do SESI Bahia afirma que é justamente a possibilidade de ampliar conhecimentos que faz com que o ensino da robótica seja interessante. “  A robótica é pra criar o interesse em algo, não seja um mero usuário de ec. A gente quer fomentar o jovem com interesses em áreas que parecem difíceis. Eles percebem que essas áreas podem ser compreendidas com esse aprender pelo fazer”, pontuou.

O ensino do tema nas escolas também é uma possibilidade de “botar a mão na massa”, ressalta Cléssia Lobo. “Investimos na robótica como metodologia e ambiente de aprendizagem por meio de desafio e busca de solução de problemas. Os estudantes aprendem a levantarem hipóteses, se frustraram e trocaram ideias entre eles para chegar em uma solução real. Então, é aprender pelo fazer para solucionar problemas”, apontou.

Atrações para o público Quem se interessa por tecnologia pode acompanhar a fase regional da competição. Com entrada gratuita, os interessados poderão observar os robôs em ação, ver um corrida de fórmula 1 nas escolas e conhecer as modalidades de robótica.

No Mundo SESI, o visitante vai ver a equipe baiana SEVENSPEED, campeã nacional de Fórmula 1 nas Escolas, pilotar seu carro de corrida robótico. Integrantes da Liga Robótica SESI, da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, os estudantes construíram o carrinho de corrida mais rápido do Brasil.

No espaço também vão acontecer oficinas de programação, por meio da robótica educacional e do CrafBox, que usa realidade aumentada para ensinar a matéria. Estudantes que conseguiram resolver problemas na pedreira Aratu também vão apresentar o seu projeto durante o evento.

Agenda Bahia Neste final de semana, também acontece o Desafio Cidades C.R.I.A.T.I.V.A.S - Tecnologia para o Bem de Todos, no estacionamento “i” do Shopping da Bahia. Cinco equipes de cinco escolas do SESI Bahia vão participar desta segunda disputa.

As equipes da escola estadual Mestre Paulo dos Anjos, o Centro Juvenil de Ciência e Cultura, o Instituto Federal da Bahia, a Escola SESI Candeias e a Escola SESI reitor Miguel Calmon vão ter que desenvolver um projeto para solucionar um problema da cidade.

A escolha da equipe ganhadora é feita por uma banca de cinco avaliadores, dentre eles arquitetos, pesquisadores e engenheiros, e pelo voto popular. A equipe vencedora vai ganhar um websérie produzida pelo Correio, com imagens da sua trajetória, além de apresentar o projeto no Agenda Bahia.

O professor de robótica do Centro Juvenil de Ciência e Cultura, Diego Barreto, contou que estudantes do centro vão participar de ambas competições. “Vamos revesar. Vamos testar a capacidade do trabalho em equipe e divisão de tarefas”, contou.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro