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Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2022 às 11:01
Os diversos estudantes quilombolas que precisavam se deslocar ainda de madrugada da Ilha de Maré para as Universidade Federal da Bahia (Ufba) e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), comemoraram a inauguração da segunda Casa do Estudante Quilombola do Canela, que foi entregue nesta terça-feira (18).>
O prefeito de Salvador, Bruno Reis, ressaltou a importância da casa para os estudantes que estão buscando um futuro melhor. Para o gestor, a inauguração da segunda casa, que tem capacidade de acolher 40 universitários, é essencial para que "esses estudantes possam, através do estudo, ter condições de realizarem os seus sonhos"."Aqui em Salvador a gente não tem essa história de 'não é comigo, não'. A gente faz nossas obrigações, nossas responsabilidades que estão previstas na legislação", disse. Ainda na coletiva, que foi realizada no Canela durante a entrega, Reis ressaltou que, caso mais estudantes queiram morar mais próximo das universidades, a prefeitura poderá implementar outras residências. "Caso no futuro, caso tenha uma demanda maior, a gente tem sim condições de ampliar". A estudante Haiala Carvalho, de 25 anos, foi uma das primeiras jovens que conseguiu entrar para a primeira casa, inaugurada em 2018, no bairro de Brotas, que hoje abriga 25 estudantes. A futura enfermeira, que está no 8º semestre, ainda reside no imóvel. Para ela, foi uma luta poder conseguir esse reconhecimento, já que saía da Ilha de Maré às 3h e só conseguia chegar na Uneb por volta das 7h40. >
"Eu morei um tempo de aluguel em Periperi com minha irmã e gastava muito tempo. Essa casa deu uma oportunidade para que outros estudantes possam vir. Não é para desistir, porque os outros já estavam lá [na Ilha] e precisavam da nossa perseverança. A conquista da primeira casa deu abertura para que a luta continuasse, para que outros estudantes viessem após o nosso ingresso. Isso que importa", comemora. >
Haiala virou motivo de orgulho para outros estudantes que residem na Ilha de Maré, como William Morais, 21, que faz administração também na Uneb. Ele ressaltou a importância da casa para os jovens que estão prestes a entrar nas universidades. "Nós temos dois polos quilombola na Ilha, é uma porta que está aberta. A galera que já está fazendo o ensino médio, a partir do primeiro ano e já está frequentando o curso. Vão testando, vão fazendo Enem, vão fazendo vestibulares para UNEB e, quem sabe, quando passar, já tem um lugar para ficar em Salvador". >
A casa tem capacidade para abrigar até 40 alunos. A estrutura é composta por dois pavimentos, cinco quartos, quatro suítes, seis banheiros, área de serviço, cozinha ampla, salas de TV e de estudos, garagem e depósito. >
O espaço terá investimento anual de aproximadamente R$200 mil para manutenção. Para ter acesso à casa, o jovem precisa comprovar, através de certificado, que é um quilombola, nascido e residente nesse território, além de estar matriculando e cursando o ensino superior em Salvador. >