Estudo descobre 'cidades' pré-coloniais da Amazônia com pirâmides de até 22m de altura

Os lugares pertenceram à cultura Casarabe, que se desenvolveu no período de 500 a 1400 d.C.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2022 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: H. Prümers / DAI via Nature

Um estudo publicado na revista Nature, nesta quarta-feira (26), aponta a existência de uma estrutura urbana em plena Amazônia, antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus.

Os locais foram descritos pelos cientistas como "assentamentos urbanos de baixa densidade", conectados por estradas. O estudo reúne mapas que mostram a estrutura tridimensional de grandes pirâmides, plataformas e montes construídos sem o uso de pedras, mas com terra.

Ao todo, os pesquisadores encontraram dois grandes assentamentos e 24 menores, na região de Llanos de Mojos, na Bolívia. Dos 26, 11 ainda não eram conhecidos. Os lugares pertenceram à cultura Casarabe, que se desenvolveu no período de 500 a 1400 d.C.

O arqueólogo Christopher T. Fisher, professor de antropologia na Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, avaliou, em comentário anexado ao estudo, que os dados "apontam para populações densas, paisagens geradas pelo homem, centros com arquitetura monumental e uma complexa hierarquia de assentamentos que podem ser indicativos de sociedades de “nível de Estado”, contradizendo percepções anteriores de que as populações da região eram pequenas e de desenvolvimento limitado. Fisher não participou do estudo.

Os assentamentos foram encontrados com dificuldade, uma vez que a vegetação densa dificulta o mapeamento das florestas tropicais.

Para isso, foi utilizada uma tecnologia chamada "lidar", um mapeamento a laser aéreo que funciona disparando feixes infravermelhos de um avião, helicóptero ou drone em direção à superfície e capturando os sinais refletidos.

A arquitetura dos assentamentos incluía uma infraestrutura maciça de gestão de água, com canais e reservatórios, além de plataformas escalonadas, sobre as quais havia estruturas em forma de U, montículos de plataforma retangulares e pirâmides cônicas de até 22 metros de altura.

Esse padrão de assentamento da cultura Casarabe é um tipo de urbanismo tropical de baixa densidade que não havia sido descrito anteriormente na Amazônia, de acordo com os cientistas.“Propomos que o sistema de assentamento da cultura Casarabe é uma forma singular de urbanismo agrário tropical de baixa densidade – até onde sabemos, o primeiro caso conhecido para toda a planície tropical da América do Sul”, dizem os pesquisadores.Os dois assentamentos maiores, chamados de Cotoca e Landívar, foram, de acordo com os pesquisadores, "centros primários na rede de assentamentos da cultura Casarabe – os principais de uma rede de assentamento regional conectada por calçadas retas ainda visíveis que saem desses locais em direção à paisagem por vários quilômetros".

Além disso, "a presença de plataformas localizadas em pontos estratégicos de algumas das calçadas e em vãos na interseção de calçadas e recintos poligonais sugerem que o acesso a esses grandes locais de assentamento pode ter sido restrito e controlado", acrescentam.