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Advogado de Raiane contou que uma das mulheres relatou que também foi mantida em cárcere privado
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2021 às 16:37
- Atualizado há um ano
O caso da babá Raiane Ribeiro, de 25 anos, que pulou do terceiro andar de um prédio para fugir de agressões não teria sido o primeiro envolvendo a patroa que a contratou. Segundo a defesa da funcionária, após o episódio, pelo menos três outras mulheres se manifestaram e relataram ter sido vítimas de abusos parecidos.
De acordo com o advogado Bruno Oliveira, todas elas relataram ter passado menos de 30 dias na casa e declararam ter sofrido ameaças da ex-patroa. “Quando viram, realmente, qual era a natureza e condições de trabalho, elas decidiram ir embora. Uma, inclusive, me relatou que ficou 15 dias em cárcere privado, tentando ir embora e sem conseguir”, declarou a defesa. Todas as moças que tentaram a vaga para atuar como babá desistiram do emprego com menos de um mês e devem depor no caso de Raiane.
Ainda segundo o advogado, as mulheres ficaram sabendo do caso através da mídia e decidiram colaborar com a investigação para que episódios como esse não voltem a acontecer. “Elas viram a imprensa e acabaram se sensibilizando pelo fato e decidindo denunciar também.”
Os depoimentos das três ainda não têm data marcada para acontecer. “Ainda temos mais três testemunhas arroladas, e mais pessoas para serem ouvidas amanhã, pessoas do condomínio”, disse o advogado.
Na tarde desta quinta-feira, a patroa prestou depoimento ao delegado Tiago Pinto, titular da 9ª Delegacia (9ª Boca do Rio), que investiga o caso.
Em nota, a Polícia Civil informou que apura a ocorrência e que a suspeita e funcionários do condomínio serão ouvidos na delegacia. A 9º delegacia também irá solicitar imagens de câmeras de segurança.
Entenda o caso Raiane Ribeiro trabalhava cuidando de crianças em um apartamento no Edifício Residencial Absolutto quando caiu do terceiro andar. Socorrida para o Hospital Geral do Estado, ela prestou depoimento no posto policial da unidade e disse que pulou da janela para fugir da patroa.
Segundo a funcionária, ela foi agredida e trancada em um cômodo da casa, após ter seu celular tomado pela patroa. Tudo teria começado quando ela avisou que queria deixar o emprego após uma semana de contratada.
Raiane conversou com o CORREIO na noite desta quarta-feira (25) e relatou os momentos traumáticos que viveu. Natural do município de Itanagra, a 120 km de Salvador, ela disse que viu o anúncio de emprego em um site e decidiu se candidatar. Após contato com a anunciante, a babá trocou informações e após algumas chamadas de vídeo foi contratada para trabalhar.
"Depois que eu vi o anúncio, entrei em contato, e o acordo era trabalhar integral e folgar a cada 15 dias", disse Raiane.
No entanto, após iniciar o trabalho, Raiane conta que recebeu nova proposta de emprego e que após comunicar à patroa, passou a ser ameaçada. "Quando eu pedi para sair do trabalho, ela respondeu: 'eu quero ver se você vai embora. Eu não sou vagabunda. Você não vai embora", disse a mulher.
Segundo Raiane, essa ameaça teria ocorrido na terça-feira (24). A babá teria pedido socorro à irmã, pelo telefone. A irmã de Raiane então entrou em contato com uma tia que mora em Salvador. Após o contato, um homem teria ido até o prédio onde Raiane trabalha, mas após fazer contato pelo interfone, a patroa disse que Raiane não estava no local.
Nesta quarta-feira (25), uma pessoa voltou no prédio a pedido da tia de Raiane para procurar a jovem, segundo ela, desta vez, a patroa arrancou a fiação do interfone para evitar o contato. Sem contato externo, Raiane diz que foi trancada no banheiro. Desesperada, ela tentou fugir pelo basculante.
"Ela me trancou no banheiro, ai vi o basculante e decidi fugir para alcançar a janela do apartamento do lado e lá pedir ajuda, mas aí não consegui e fiquei pendurada. Aí depois, eu caí", conta.
Ela caiu dentro de um apartamento localizado no primeiro andar e foi socorrida. Raiane fraturou o calcanhar, e levou pontos na testa, além de ter ficado com alguns hematomas no corpo. Ela teve alta no mesmo dia.
O CORREIO não conseguiu contato com a patroa de Raiane.
* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela