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Da Redação
Publicado em 19 de março de 2020 às 06:01
- Atualizado há 2 anos
Os casos de infecção pelo novo coronavírus superaram ontem a casa dos 200 mil, com quase 9 mil mortes em todo o planeta. Os números são assustadores e diante deles a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu que a doença é uma ameaça sem precedentes. Mas nem tudo é motivo para choro. A semana termina com boas notícias: uma vacina contra o vírus e um medicamento que proporcione a cura estão mais próximos. >
Desde a última segunda (6/3) uma vacina está sendo testada em seres humanos nos Estados Unidos. E se tudo ocorrer bem, a imunização estará à disposição em 18 meses. A informação é do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (Niaid), que comunicou que o objetivo deste primeiro conjunto de testes é descobrir se a vacina é segura. Se sim, novos estudos vão indicar a eficácia da medicação. >
Ontem, autoridades sanitárias da China disseram que testes feitos com um pequeno grupo de pacientes sugerem que um remédio desenvolvido para combater outras doenças virais também pode ter efeitos positivos contra o novo coronavírus. A droga, favipiravir, é produzida comercialmente no Japão com o nome de Avigan. >
Segundo Zhang Xinmin, funcionário do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, cerca de 80 pacientes da região de Shenzhen que receberam o remédio tiveram melhora mais rápida de seus sintomas respiratórios e demoraram menos tempo para eliminar o vírus de seu organismo. De acordo com o Nikkei Asian Review, jornal japonês de língua inglesa, essas melhoras se deram após 4,6 dias (no caso da tosse) e quatro dias (no caso dos testes sobre a presença do material genético do vírus), contra uma média de seis e 11 dias dos pacientes que não tomaram o remédio. >
Reação do corpo O terceiro motivo para se ter esperança vem da Austrália, onde um grupo de cientistas descobriu como o sistema imunológico combate a Covid-19, informação fundamental para o desenvolvimento de uma vacina. Em um artigo publicado na revista científica "Nature Medicine", uma equipe de pesquisadores ligados à Universidade de Melbourne, afirma que a reação do sistema imunológico contra a Covid-19 é semelhante à da gripe comum.>
Como é recente o aparecimento do novo coronavírus, os especialistas ainda têm poucas informações sobre seu comportamento e como o corpo humano reage a ele, mas a descoberta da equipe australiana pode servir para facilitar muito a maneira de combatê-lo. "Nosso estudo fornece novas contribuições para a compreensão da amplitude e cinética das respostas do sistema imunológico durante um caso não grave de Covid-19", afirma o artigo. Os cientistas estudaram amostras de sangue de uma paciente de 47 anos infectada com coronavírus quando viajou para a China. >
Notícias positivas têm passado despercebidas>
Mas mesmo antes desses novos avanços, já existiam boas notícias encobertas pelas más. Uma das principais é que a humanidade já sabe o que causa a doença. Parece bobagem, mas não é. Para efeito de comparação, os primeiros casos de Aids foram descritos em junho de 1981 e foram necessários mais de dois anos para identificar o vírus causador da doença. Os primeiros casos do covid-19 foram identificados em 3 de dezembro do ano passado na China. Em 7 de janeiro o vírus que a causava já estava identificado. O genoma (sequenciamento genético) estava disponível no dia 10. E desde 13 de janeiro está disponível para todo o mundo um teste para detectar a presença do vírus.>
Ainda: As fortes medidas de controle e isolamento impostas pela China estão gerando resultados. Há semanas, o número de casos diagnosticados diminui a cada dia. Em outros países, está sendo realizado um acompanhamento epidemiológico da doença muito detalhado, o que permite que a doença seja controlada mais facilmente, como ocorre, por exemplo, na Coreia do Sul e em Cingapura.>
Também já está demonstrado que a doença não causa sintomas ou é leve em 81% dos casos. Em 14%, pode causar pneumonia grave e em 5% pode se tornar crítica ou letal. Apenas 3% dos casos ocorrem em menores de 20 anos e a mortalidade em menores de 40 anos é de apenas 0,2%. Nas crianças, os sintomas podem passar despercebidos. Já existem mais de oito projetos de vacina contra o novo coronavírus - o mais avançado é o americano - e mais de 80 ensaios clínicos com antivirais que foram usados contra outras infecções e são comprovadamente seguros e podem ter efeito positivo contra o novo coronavírus.>
A evolução da ciência e da tecnologia nas últimas décadas assusta: coloca empregos em risco, impõe mudanças comportamentais e promove conflitos geracionais. Porém, o novo coronavírus mostra que são ciência e tecnologia que vão nos salvar. >