Exposição reúne obras de Jenner Augusto, de um filho e de um neto do artista

Tríptico - A Arte em Três Gerações está no Palacete das Artes até 3 de setembro

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  • Roberto Midlej

Publicado em 11 de julho de 2017 às 21:58

- Atualizado há um ano

Guel Silveira e Zeca Fernandes, pai e filho, ao lado de obra de Jenner Augusto (foto: divulgação)

A relação da família com a arte começou há mais ou menos 70 anos, quando Jenner Augusto (1924-2003) se lançou como pintor e mais tarde se consolidou como um dos mais importantes nomes da segunda geração modernista baiana. Guel Silveira, filho de Jenner, seguiu os passos do pai. E Zeca Fernandes - neto do modernista e filho de Guel - , embora não tenha a arte como ofício diário, arvora-se a realizar algumas criações.Agora, pela primeira vez, as obras das três gerações estão reunidas numa exposição, que foi aberta ontem, no Salão de Arte Contemporânea do Palacete das Artes. Tríptico - A Arte em Três Gerações fica em cartaz até 3 de setembro. “As obras dos três não têm só uma relação afetiva, mas a relação entre elas se dá mesmo pela arte. A curadoria, além do olhar técnico, acaba se envolvendo também pela parte afetiva”, disse Mario Brito, curador da mostra.Para Mario, apesar de a influência de Jenner ser clara na obra de seus herdeiros, há uma independência autoral: “São três expressões diferentes, mas todas de qualidade técnica visível”.César Romero, artista plástico e colunista do CORREIO, comentou a importância de Jenner: “Ele integrou a segunda geração modernista da Bahia com Rubem Valentim, Lygia Sampaio e Carybé. E é um dos poucos paisagistas brasileiros. Além disso, é um mestre da cor”. César ressaltou que Jenner andou muito pelo Nordeste, região marcada pela luminosidade, e isso influenciou no forte colorido de suas obras. “Essa marcante presença da cor em suas obras é suficiente para apontar sua origem nordestina e esse forte tom nordestino é um de seus maiores legados”, defendeu César. Na obra de Jenner, notam-se elementos característicos do Nordeste, como os paus-de-arara, os retirantes e a cerâmica. Guel Silveira, 61 anos, começou a pintar por influência do pai, que o matriculou num curso de pintura quando ele tinha ainda nove anos. Na escola, que funcionava no Teatro Castro Alves, estudou com Sante Escaldaferri (1928-2016) e, mais tarde, com Calasans Neto (1932-2006). Guel comentou a influência do pai em suas criações: “No começo, claro, havia influência, até porque trabalhei no ateliê dele. Mas nunca tive uma preocupação consciente de fazer algo diferente ou semelhante à obra dele”.Zeca Fernandes, 40 anos, também frequentava o ateliê do avô e aos nove anos de idade ganhou dele um kit de pintura. Entre os 14 e os 15 anos, passou uma temporada no atêlie de Jenner, onde aprendeu algumas técnicas e a misturar tintas. Embora apaixonado por arte, Zeca foi por outro caminho e tornou-se marchand. Mas em casa, arriscava-se fazendo alguns desenhos, expostos agora pela primeira vez. Na exposição, há também fotos suas feitas em Salvador, Cachoeira e Paris.