Extremamente rara, maior águia das Américas é fotografada no sul da Bahia

A ave é uma jovem fêmea de cor branca e cinza, e tem aproximadamente 1 ano e meio de vida

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2022 às 13:54

. Crédito: João Marcos Rosa/Divulgação
. por João Marcos Rosa/Divulgação

Uma ave extremamente rara foi fotografada no município de Belmonte, no sul da Bahia. Considerada a maior águia das Américas, a harpia (Harpia harpyja) foi encontrada próxima ao seu ninho, em uma fazenda.

A ave é uma jovem fêmea de cor branca e cinza, e tem aproximadamente 1 ano e meio de vida. Ela foi encontrada após o filhote ter sido avistado pelos proprietários da área. Segundo especialistas do Projeto Harpia, que foram até o local para fotografar o animal, encontrar essa espécie de ave é um episódio muito raro, uma vez que ela corre risco de extinção e quase não há mais exemplares desses na Bahia.

[[galeria]]

Nativa das florestas tropicais das Américas Central e do Sul, a harpia depende de grandes regiões de floresta para sobreviver e é muito sensível aos impactos sobre a natureza, principalmente o desmatamento e a caça. No Brasil, ela é mais comumente encontrada, no Brasil, nas regiões da Amazônia e da Mata Atlântica. “A harpia é um predador de topo na cadeia alimentar. Necessita de disponibilidade de presas para sua alimentação, bem como de grandes árvores, para construção de seus ninhos”, afirma Virginia Camargos, Coordenadora de Estratégia Ambiental e Gestão Integrada da Veracel.

Nessa fase de amadurecimento, segundo explica Aureo Banhos, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e coordenador do núcleo do Projeto Harpia na Mata Atlântica, os filhotes voam em áreas próximas ao ninho onde estão os pais e ainda dependem de seus cuidados. Geralmente, as harpias colocam de um a dois ovos, mas apenas um sobrevive. A partir daí, os pais cuidam dele por cerca de dois a três anos, mesmo que o animal já consiga voar sozinho e caçar.

Esse cuidado prolongado faz com que a reprodução da harpia seja lenta, o que intensifica o perigo do animal desaparecer. “Essa fêmea tem sido monitorada desde junho de 2021, quando foi identificado o ninho em que se ela encontra, até hoje, junto com os pais”, conta o professor Aureo.

Dentro da área da Estação Veracel foram identificados outros dois casais de harpias, que estão sendo monitorados. As harpias são monogâmicas e, quase sempre, utiliza o mesmo ninho para reprodução. 

O Projeto Harpia, que é dedicado à proteção da espécie e é apoiado pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, foi até o local fazer o registro. A RPPN é a maior reserva de Mata Atlântica do Nordeste, com 6 mil hectares, e está localizada nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, no Sul da Bahia. O espaço é mantido pela Veracel Celulose.

Em 1997, foi fundado o Programa de Conservação do Gavião-Real (outro nome popular da harpia), após a descoberta de um ninho da espécie, em uma floresta próxima à região de Manaus. Em 2005, o projeto estendeu suas atividades para a Mata Atlântica, começando pela Estação Veracel. Vinte anos depois, a iniciativa foi renomeada como Projeto Harpia.

O projeto conta com o apoio de pesquisadores parceiros, voluntários, estudantes e bolsistas para a realização da coleta de dados, projetos de educação ambiental e divulgação de informações no entorno de ninhos. Diversos ninhos de harpia e de outras grandes águias florestais, como o uiraçu e o gavião-de-penacho, são monitorados por essa iniciativa.

Na Mata Atlântica, um núcleo do Projeto Harpia foi estabelecido e é coordenado pelo professor Aureo Banhos. Com pesquisadores e equipamentos especializados no estudo e no manejo da ave, o núcleo vem desenvolvendo pesquisas, reabilitação, reintegração e conservação da população de harpias de vida livre que habitam as matas dos fragmentos florestais da RPPN Estação Veracel, do Parque Nacional do Pau-Brasil (PARNA do Pau-Brasil), e de outras reservas no Sul da Bahia.