Fake forever

Por Aninha Franco

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Publicado em 20 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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 Votei pela primeira vez pra presidente da República em 1989. Briguei com a família, rompi com alguns amigos e optei por Lula que perdeu pra Collor de Melo. Depois, votei duas vezes pra Lula contra FHC, em 1994 e 1998, até que, finalmente, Lula venceu em 2002, com meu voto. Em 2005, assisti ao Mensalão e entendi que era tudo fake, que o PT era tão corrupto quanto os outros partidos. Mas a dúvida em relação a Lula talvez tenha me feito votar em Jaques Wagner, em 2006, e me tornar responsável pela desconstrução do Pelourinho, do PIB turístico e cultural da Bahia que existiam até a chegada do PT no estado. De novo, em 2010, caí no marketing da presidenta, do feminicídio, das mulheres no poder e quando Dilma demitiu os ministros de Lula, que, quase todos, deveriam estar sob a guarda de Moro, fui ao delírio. Eleger Dilma como uma excelente administradora foi fake news monumental, me lembrou Cora Ronái em texto recente, fake news que eu e a sociedade acreditamos. E pagamos com 13 milhões de desempregados e a crise que está aí.  Quando o PT se instalou na Bahia, percebi que era tudo marketing porque de perto não dá pra enganar, e de muito perto deu pra perceber que o único departamento petista que funciona, realmente, era o departamento de marketing. Marketing na televisão, nos blogues, nas revistas... Aquilo que nós vimos ACM fazer montando seu Diário Oficial, o PT fez com uma habilidade que nunca antes na história deste país de histórias tão distantes dos fatos. Se alguém quiser criar uma história do Brasil próxima dos fatos de 2003 a 2018, consulte os marqueteiros e as agências de publicidade. Eles venceram o Mensalão, o Petrolão, e elegeram Dilma em 2010 como a gerenta exemplar que só foi exposta depois que Moro trancafiou João Santana na Papuda e a presidenta destravou a língua. Ali ficou claro que Dilma nunca havia falado antes o que pensava da mandioca, do vento, das crianças.  Em 2013, a sociedade indignada foi às ruas. E em 2014, mesmo com a fake news da comida sumindo da mesa, Aécio encostou em Dilma, não porque fosse um bom candidato, mas porque o PT estava difícil de suportar. Lembro de Lula dentro de um hotel, em Brasília, perguntando aos partidos o que eles queriam do Brasil para apoiar o PT numa das ações mais agressivas de um líder politico contra a sociedade... Pequena, diante dos escândalos de corrupção pós Lava Jato que de semestrais tornaram-se bimestrais, semanais, até chegarem a diários. Com a corrupção e o marketing enriquecendo centenas de picaretas, as ruas e as universidades sustentadas pelo assistencialismo das bolsas, a violência explodindo o país, Lula foi preso e o PT ameaçou que haveria morte e reações violentas contra a sociedade, ameaça fake, porque o PT havia perdido a sociedade com tanta mentira, e mercenários não se abalam com a prisão de seus líderes.  Então, a sociedade assistiu ao espetáculo da prisão de Lula, viu o PT escolher Gleisi entre Gleisi e Lindberg para presidente do partido e lançar Lula, preso por corrupção, presidente do Brasil, atribuindo sua prisão a questões políticas. Quais? Ninguém explica. Fake forever. Quando Haddad e Manuela assumiram a candidatura fake de Lula, a sociedade entendeu, finalmente, que se continuasse dando PT a Perda Total seria irreversível. E parece que caiu fora.

Aninha Franco é escritora e pensadora