Familiares afirmam que não autorizaram mudança de corpos em Candiba

Uma das covas reabertas foi de uma vítima de covid-19

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  • Gil Santos

Publicado em 2 de junho de 2021 às 15:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/ Arquivo CORREIO

Um dos três corpos sepultados no cemitério municipal de Candiba, no Centro-Sul do estado, e que teve a cova reaberta por conta de reformas, era de uma vítima de covid-19. Nesta quarta-feira (2), a irmã do homem que morreu no dia 23 de maio fez um desabafo nas redes sociais e cobrou providências. A família está pensando em denunciar o caso ao Ministério Público.

A Prefeitura de Candiba fez a remoção de três corpos que estavam sepultados no cemitério municipal da cidade para outra região do terreno, na sexta-feira (28). O caso foi denunciado por moradores nas redes sociais e por conta da repercussão o município emitiu uma nota afirmando que a mudança de local aconteceu por conta de uma reforma, que teve autorização das famílias e que os familiares acompanharam a operação, realizada durante a noite. As famílias negam.

Nesta quarta-feira, a irmã de uma das vítimas contou que a prefeitura agiu de maneira intransigente. Ela pediu para não ser identificada, e contou que não houve autorização formal, nem antes nem depois do procedimento.

“Eles ludibriaram meu sobrinho e minha cunhada, no dia 28, dizendo que os outros familiares já haviam aceitado e só faltava a autorização deles. Pressionados e muito debilitados emocionalmente, eles disseram ‘sim’ verbalmente. Mas logo depois perceberam que foram enganados”, disse.

O irmão dela passou alguns dias internado e foi vítima do novo coronavírus. Por conta dos protocolos se segurança, o sepultamento aconteceu cerca de 10h após o óbito, com a presença de poucos familiares, por isso, a família disse que ficou surpresa quando a cova foi reaberta.

A mulher questionou o fato de apenas três corpos terem sido removidos para a reforma e o motivo do procedimento ter sido realizado à noite. Ela também negou que a família tenha acompanhado o procedimento, como a prefeitura afirma em nota. Os moradores argumentam que os três corpos removidos tinha sido sepultados em frente ao túmulo do pai do prefeito, e que esse teria sido o real motivo das transferências.

A família está cogitando denunciar o caso ao Ministério Público.

Ligação O familiar de outra vítima contou que recebeu uma ligação dos assessores da prefeitura na sexta-feira, algumas horas antes do procedimento. Ele disse que também não autorizou a ação e que quando chegou ao cemitério a cova já tinha sido aberta.

“Recebi uma ligação dizendo que o prefeito precisava falar comigo. Estava ocupado na hora. Retornaram outras duas vezes, mas não quiseram adiantar o assunto por telefone e quando cheguei lá o processo já estava em andamento”, disse.

Ele contou que ficou indignado, mas que não pretende levar o caso à justiça. “Eles já fizeram, já mudaram o corpo de lugar, então, não adianta fazer mais nada”, concluiu.  

O CORREIO tem tentado falar com a Prefeitura de Candiba desde a segunda-feira (31), mas os responsáveis ainda não foram localizados para comentar o caso.