Familiares e vizinhos voltam a protestar após morte de adolescente na Boca do Rio

Eles acusam PM pela morte e dizem que policiais simularam troca de tiros

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  • Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2022 às 14:38

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Um novo protesto aconteceu no início da tarde desta sexta-feira (21), na comunidade da Baixa Fria, na Boca do Rio, após a morte do adolescente Samuel Caio dos Santos de Oliveira, de 15 anos. 

A mãe do jovem contou que ouviu quatro tiros depois que o filho desceu de casa. Ela contou que depois tentou descer para ver se era realmente o filho, mas foi impedido por um policial militar. "Subi, voltei para trás, e falei com minha filha, 'Mataram Samuel", recontou ela em entrevista à TV Bahia. 

"A sede deles de matar (PM), a vontade que ele tinha de matar, ele ameaça aqui todos. Nunca vai dizer a verdade. Em toda comunidade que a gente mora, eles matam. (Dizem que) é tentativa de alguma coisa, que foram recebido a tiros. Tudo mentira", disse a mãe, que afirmou que os PMs deram tiros espalhados pelas paredes após a morte do adolescente para simular uma troca de tiros.

Procurada, a Polícia Militar afirmou que os protestos aconteceram de maneira pacífica e que até agora "não chegou nenhuma denúncia contra os policiais na Corregedoria sobre esse fato". O major Marcio Alcântara, comandante da 39ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), disse à TV Bahia nesta sexta que a PM foi até a Baixa Fria após denúncia de que homens armados estavam traficando drogas no local.

"De imediato, uma de nossas equipes foi deslocada ao local e recebida a tiros. Durante o confronto, infelizmente, o Samuel Caio foi alvejado. Foi prestado o socorro, mas ele veio a óbito", afirmou. (Foto: Marina Silva/CORREIO) "Era um menino" Uma familiar do garoto disse que ele estava na rua por volta das 17h, quando a Polícia Militar chegou à localidade. "Ele estava na porta do beco, como em qualquer esquina daqui, como o povo fica. Estava tendo operação e a polícia já chegou assim, metendo tiro. Eles não querem saber se é mãe de família, pai de família. Samuel tinha apenas 15 anos, era um menino, inocente", disse a mulher, muito emocionada. Familiares mostram restos de bala que ficaram pelo local (Foto: Maysa Polcri/CORREIO) Ela acrescentou que o menino chegou a chamar pela mãe antes de morrer, mas foi impedido de receber socorro."Ele estava no chão chamando a mãe pela última vez e ninguém deixou ela se aproximar, nem para se despedir. A polícia impediu ela de ver o filho, xingou, disse que ia dar tapa na cara. Depois, jogaram ele na mala do carro, meteram arma na cara e sumiram com ele, não sabemos nem pra onde levaram o corpo", disse uma familiar, muito abalada.A busca pelo corpo do menino acabou no Hospital Geral Roberto Santos, para onde a vítima foi levada. Um outro vizinho diz estar em choque com o que aconteceu. "Eles [policiais] já chegaram atirando. Eles não querem saber se a pessoa é trabalhadora, nada. Chegaram várias viaturas e, na hora, ele estava subindo o Morro do Borel, se assustou, aí correu. Nisso, a polícia já chegou atirando. Quando a mãe tentou se aproximar, dar socorro, os policiais nem deixaram ela encostar, já levaram o corpo embora e a gente sequer sabe pra onde levaram", reforça o morador que, por segurança, prefere manter anonimato.