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Vinicius Nascimento
Publicado em 1 de maio de 2022 às 19:27
- Atualizado há 2 anos
Trocar conhecimento é valioso. Circular com os próprios saberes, também. Esses dois ideais nortearam a Feira de Artesanato Indígena, que reuniu produtos de vários povos indígenas no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM). A feira reuniu produtos de artesãos e artesãs dos povos indígenas Tupinambá, Tumbalalá, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Kiriri-Xocó, Xuku-Kariri, Kiriri, Tuxá, Xukurú e Funiô durante todo o final de semana. >
A edição especial da Feira Artesanato da Bahia integra a segunda edição do projeto Abril do Artesanato Indígena, que, a partir do dia 29 de abril, vai contar na programação com a exposição fotográfica Resistência Pataxó, do fotógrafo Ricardo Prado, o Encontro de Artesãos e Artesãs Indígenas e a entrega de Carteiras de Mestres Artesãos. >
Entre os produtos oferecidos na Feira, havia copos talhados à mão em madeira e a cerâmica em argila com pintura em Tauá (pigmento de argila em cor branca). Objetos de decoração como pinturas em madeira, trançado de fiada e tecida em aió, cocares, arcos e flechas, e os instrumentos musicais como maracas e apitos, entre outros.>
O pequeno Pedro Lírio, 8 anos, pediu ao pai, Marco Aurélio, 42, para ir ao MAM e deu de cara com a Feira. Se deu bem e saiu de lá com um arco e flecha artesanais para chamar de seus. "Gostei muito!", exclamou Pedro ao lado do pai, orgulhoso pelo programa dominical proposto pelo garoto.>
Uma das expositoras foi Dica Pataxó, presidente da associação Mulheres em Ação, que funciona junto ao seu povo, na Coroa Vermelha, em Porto Seguro.>
"A gente veio aqui participar dessa feira porque recebemos apoio. Trocamos saberes com outros parentes, outras etnias, encontramos parentes. Dei oficina para quem não quem não sabia. Essa troca de conhecimento é importante para mantes nossos saberes vivos", disse Dica, que se mostrou feliz com as vendas nos dois dias de evento.>
"Está sendo muito bom. Estamos gostando muito. Vai nos ajudar a fazer reparos em nossa estrutura da associação, como por exemplo uma máquina que temos quebrada. Na sede, o telhado é de piaçava, então nesse período mais frio acaba sendo complicado. Por isso a gente está muito feliz, dá um oxigênio importante para a nossa iniciativa", afirmou Dica Pataxó>
Coordenadora de Fomento ao Artesanato da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), Ângela Guimarães afirma que essas feiras são importantes para que as produções artesanais indígenas circulem pelo estado e também ajudam para que o Poder Público se aproxime dos povos indígenas mais afastados.>
"Os indígenas são os primeiros artesãos brasileiras. Começa com o utilitarismo, depois o artesanato religioso com cocares, instrumentos de caça, pinturas. Tudo isso expressa a identidade Com o processo do isolamento é mais difícil para comunidades acessarem mercados que vendem artesanato. Tudo que fazemos é aproximar e diminuir as distâncias. Cada feira que a gente aporta, abrimos espaços", declarou.>
Além da Feira, a programação contou com o Projeto Rede Sonora. Os músicos Amadeu Alves e Fabrício Rios, fizeram apresentação no sábado, às 17h. Já no domingo, o cantor Gerônimo subiu ao palco montado no MAM.>