Feira de Santana comemora aniversário entregando reforma da 1ª casa da cidade

Princesa do Sertão completa 187 anos de emancipação política nesta sexta; casarão que deu origem ao município vira centro de memória e estudos

  • D
  • Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2020 às 05:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Antônio Carlos Magalhães
. por Foto: Arquivo

Não dá para fazer aquele belo desfile de escolas pelas ruas e nem festa como todo ano. Com o cenário difícil, Feira de Santana, a nossa Princesa do Sertão, se reinventou para comemorar o seu aniversário de 187 anos de emancipação. Neste 18 de setembro, a prefeitura da cidade deve entregar ao povo a reforma do Casarão Olhos D’Água, imóvel de mais de 300 anos, tido como a primeira habitação erguida no município. 

O espaço, que um dia foi pousada obrigatória de vaqueiros e tropeiros que cortavam os sertões tangendo boiadas, agora abrigará um memorial de Maria Quitéria, heroína da Independência do Brasil, e será também o espaço sede do Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana e das academias de Letras, Artes, Educação e Medicina. O casarão será um núcleo de preservação da memória e estímulo à ciência e cultura locais.

Restrita aos membros envolvidos no projeto, a solenidade de inauguração terá hasteamento de bandeiras e execução dos hinos municipal e nacional. A restauração do espaço, situado na Rua Dr. Araújo Pinho, custou mais de R$ 331,6 mil e seguirá sob administração da Fundação Municipal Cultural Egberto Costa. Professor da Uefs e secretário municipal de Planejamento, Carlos Brito falou sobre a importância da data e dificuldade da comemoração deste aniversário sem a possibilidade da tradicional presença das pessoas. “O dia da cidade é um marco na vida de todos os cidadãos porque representa nossa emancipação política. Foi a data em que Feira passou a ter um status diferente, a chamar a atenção no Brasil Império. Nós tivemos a visita do imperador Dom Pedro II, que veio ver o tal comércio pujante. A partir daí, Feira desenvolveu a sua economia no comércio do gado e foi passando por etapas até que se tornou um grande polo comercial, sendo o maior do interior do Nordeste”, relembra Brito.A data de emancipação foi decretada feriado na cidade. Mas só nas repartições municipais. O comércio? Aberto, é claro. Não fosse pela pandemia de coronavírus, que, aliás, chegou na Bahia primeiro por lá, a celebração deste dia incluiria ainda distribuições de comendas a pessoas que se destacaram em suas atuações, como historiadores, médicos, e demais contribuintes para a história e o desenvolvimento do município. 

[[galeria]]

O nome de Feira de Santana remonta à história do casal considerado fundador da cidade, o fazendeiro Domingos Barbosa de Araújo e sua esposa Anna Brandoa. Foram eles que ergueram o dito casarão, na então Fazenda Olhos D’Água, onde construíram uma capela em homenagem à Senhora Sant’Anna, mãe de Maria Santíssima e santa da qual eram devotos.   Nascia ali um ponto de passagem, um meio do caminho para o porto de Cachoeira, no Recôncavo, que era também uma das cidades mais importantes da época. Com o comércio de gado forte na fazenda de Domingos, surgiu junto uma feira esporádica e dali foram-se abrindo ruas largas, que mais tarde deram espaço a casas comerciais a fim de atender as demandas de todo o público que cruzava os sertões. Com uma população estimada em quase 620 mil pessoas, Feira é hoje a segunda maior cidade da Bahia e a 11ª mais populosa de todo o Nordeste.