Feito agulha no palheiro: só 3% dos conteúdos checados pelo Comprova este ano eram verdadeiros

Em 200 verificações publicadas desde março, só seis receberam etiqueta de 'Comprovado'; coronavírus lidera os temas e maioria das publicações é enganosa

Publicado em 14 de novembro de 2020 às 16:00

- Atualizado há um ano

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Vamos fazer uma conta. Nos últimos sete meses, quantos textos, fotos, vídeos, gráficos ou arquivos de áudio você recebeu por mensagens no WhatsApp ou encontrou circulando nas redes sociais? Provavelmente, tratavam da pandemia da covid-19 ou, mais recentemente, das urnas eletrônicas. Em quantos deles você acreditou e passou adiante? Você consegue dizer quais histórias eram verdadeiras e quais foram inventadas ou tiveram informações distorcidas para confundir você e milhares de outras pessoas?

É uma resposta difícil. Mas, colocando ‘na ponta do lápis’ fica mais fácil - embora o resultado seja desanimador. Os jornalistas que integram o Projeto Comprova, uma coalizão formada por 28 veículos de mídia em todo o Brasil, verificaram, de 25 de março deste ano até esta sexta-feira (13), 200 conteúdos que foram ganhando fôlego e projeção na internet. E só seis deles receberam a etiqueta de ‘Comprovado’. Significa que só 3% dos conteúdos que foram apurados pela equipe eram fatos verdadeiros.

“O que motiva a abertura de uma investigação é a dúvida manifestada por leitores ou percebida pelo monitoramento sobre a veracidade de conteúdos que têm grande viralização nas redes sociais”, explica Sérgio Lüdtke, editor-chefe do Comprova.“Os conteúdos enganosos apelam mais para o sensacionalismo, para a emoção, para o medo, alertam para conspirações e chamam para ações urgentes. Com esses atributos, acabam tendo um engajamento maior. Infelizmente, a verdade não atrai tanto”, completa Sérgio.Os gráficos a seguir mostram um recorte de sete meses - 189 verificações até 30 de outubro. De lá para cá, foram verificados mais 11 conteúdos - nenhum verdadeiro. Numa temporada em que as postagens sobre o novo coronavírus vêm, até aqui, dominando as redes, aquelas consideradas enganosas foram 52,4% das checagens de março a outubro. Em seguida aparecem os etiquetados como falsos - 44,5%.

VEJA AQUI TODAS AS VERIFICAÇÕES DESTE ANO

Parte das verificações publicadas este ano correspondem a um período de 70 dias em que o Comprova se dedicou exclusivamente a checar conteúdos sobre o novo coronavírus. Já a terceira fase do projeto começou em 10 de junho e conta com 28 veículos, incluindo o CORREIO, que integra o Comprova desde 2019.

O Comprova é coordenado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio do Facebook e do Google News Initiative. Nesta fase, estão sendo checados conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal,eleições e pandemia. Infografia: Quintino Andrade/CORREIO