Ferry-boat Agenor Gordilho será afundado na região do Corredor da Vitória

Embarcação realizou a travessia Salvador-Itaparica durante 45 anos e não será reformada

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  • Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2019 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Antonio Saturnino/Arquivo CORREIO

Depois de ter anunciado que o ferry-boat Agenor Gordilho seria afundado na Baía de Todos-os-Santos, a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) definiu que a embarcação será naufragada próximo à região do Corredor da Vitória. A pasta informou que a ação visa incentivar o turismo náutico, de mergulho ou subaquático.

Para que o ferry-boat seja naufragado, todas as peças e materiais que apresentem riscos a mergulhadores ou ao meio ambiente estão sendo retirados da embarcação. Antes do afundamento, o ferry será vistoriado. Equipes da Marinha e de órgãos ambientais também realizarão inspeções. As datas para vistoria e naufrágio ainda não foram marcadas.

O ferry-boat Agenor Gordilho realizou a travessia Salvador-Itaparica durante 45 anos, levando, em cada viagem, até 600 passageiros e 90 veículos. A embarcação estava parada desde o final de 2017 e custava R$ 10 mil mensais ao estado.

Segundo informações da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), responsável pela fiscalização do serviço, a vida útil de embarcações como a Agenor Gordilho gira em torno de 30 anos. Portanto, diante da idade do barco e do custo benefício de uma recuperação, a reforma não era indicada.

Normas O advogado Zilan Costa e Silva, especialista em Direito Marítimo e mergulhador, afirmou que essa medida é realizada em diversos destinos do país e fomenta o mergulho. De acordo com ele, o naufrágio cria um recife artificial e cria vida marinha no local, mas deve ser realizado dentro da lei."Existe uma série de normas técnicas que devem ser seguidas, como a limpeza do casco e de todos os poluentes da embarcação. O ferry terá que estar livre de qualquer substância que pode agredir o meio ambiente", destacou Zilan.O advogado ainda ressaltou que esse será o primeiro naufrágio artificial do estado, que possui outros 148 naturais, ao todo. "A Bahia recebeu diversos naufrágios ao longo da história de navios que vinham para cá na época em que éramos o porto central do Brasil no Comércio", disse.

Turismo Quem também gostou da iniciativa foi Roberto Duran, o presidente da associação que fomenta o turismo da Bahia, a Salvador Destination. Ele explicou que o setor pedia ao governo há muito tempo que naufragasse outras embarcações.

"A gente pedia que parques aquáticos fossem criados para visitação. O que a gente precisa é ter um leque de atrações para diversas modalidades de turismo, não podemos ficar reféns apenas de lazer, por exemplo. Temos que fortalecer a gastronomia, os museus, o religioso, dentre outros", afirmou Duran.

Ele explicou que o turismo náutico possui diversas modalidades, como a de esporte, a de pesca, oceano, vela e mergulho, por exemplo.

Uma empresa foi contratada pela Setur para realizar estudos com localizações mais propícias para o naufrágio controlado de embarcações e seus impactos ambientais.

“Todo o processo para realização do naufrágio controlado na Baía de Todos-os-Santos foi contratado pela Secretaria do Turismo do Estado por cerca de R$ 410 mil e cobre o naufrágio de até três embarcações”, afirmou a pasta, em nota.