Fiéis fazem vaquinha para manter Casa do Padre, que recebe sacerdotes idosos

Campanha pretende arrecadar R$ 30 mil para arcar com a manutenção do espaço

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 19 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Uma campanha organizada pela Irmandade São Pedro dos Clérigos e por fiéis católicos pretende arrecadar recursos para a manutenção da Casa do Padre, que acolhe sacerdotes idosos, localizada no Dois de Julho. O espaço é administrado pela irmandade.

Segundo o Padre Manoel Filho, que está à frente da instituição, a Casa do Padre está com despesas regulares em atraso e precisa de novos produtos e serviços, principalmente na área da lavanderia e refeitório. “Não é ainda uma reforma, que está num plano futuro. A vaquinha é para sanar os custos imediatos e atualizar os equipamentos da casa, cozinha e lavanderia, como máquina de lavar, fogão e geladeira, por exemplo”, explica. 

Atualmente, oito padres vivem na casa, com idades de cerca de 70 anos. Apenas um deles está acamado. O local possui sete funcionárias, dentre cozinheiras e arrumadeiras, e mais uma cuidadora que fica responsável pelo padre acamado. “Essa profissional é paga pela própria aposentadoria do padre e recursos da família. Já os outros funcionários e custos mensais são arcados pela irmandade”, diz padre Manoel.  

Diocesano  Um dos idosos que vivem na Casa do Padre é o sacerdote católico Matheus Lima Leal, 69 anos. Natural do Rio de Janeiro, ele mora na Bahia desde 1986, quando veio como membro da Ordem Beneditina. “Aqui eu me desliguei da ordem e passei a ser padre diocesano, ou seja, que serve a própria Arquidiocese”, lembra. Esse é justamente o perfil dos padres acolhidos. 

“A importância dessa casa é acolher os padres diocesanos. Lá não ficam os religiosos, que são cuidados pela própria instituição que fazem parte. A Irmandade São Pedro dos Clérigos é formada por diocesanos, que colaboram a vida toda com a instituição e, no fim da vida, podem optar por ficar nessa casa, sem deixar de contribuir com o local”, relata. Os padres acolhidos também contribuem com um valor fixo, que não foi divulgado, para viver na Casa do Padre.  

No caso do Padre Matheus, após se desligar da Ordem Beneditina, ele atuou nas paróquias da Vitória, Chame-Chame, Amaralina e Santo Antônio Além do Carmo, além das cidades de São Sebastião do Passé e Maragogipe, que hoje faz parte da diocese de Cruz das Almas.  “Há um ano e pouco moro aqui e, sempre que posso, vou para Maragogipe colaborar com a paróquia. Como eu não tenho condições financeiras de alugar sozinho uma residência em Salvador e tenho direito desse espaço, preferi ficar aqui. É um local central, perto de tudo e com uma estrutura que possibilita convivência entre os padres e refeições comunitárias”, relata.  Na casa, cada padre tem seu quarto. Há também refeitório, capela, biblioteca, jardim e área externa. A não ser os tradicionais horários de refeição, os sacerdotes não tem uma rotina diária obrigatória para ser cumprida. “Não é como num seminário. Eles têm atividades individuais. Alguns ajudam ainda em alguma paróquia, vão como vigário, fazem Missa. Cada um constrói sua rotina”, explica o padre Manoel.  

Pandemia  Além de moradia, a Casa do Padre serve também como hospedagem para visitantes que tenham ligação com a instituição. No entanto, por causa da pandemia, ainda não está permitido a entrada do público externo no local. Todos os acolhidos já tomaram a primeira dose da vacina e aguardam a segunda dose para ficar totalmente imunizados.  

Algo que também acontecia no local antes da pandemia era a realização de trabalhos voluntários. “Alguns grupos da igreja faziam almoço de final do ano, de Natal, festa de confraternização no dia do padre, mas não era algo regular”, diz padre Manoel, que não considera que o local seja um asilo. “Não há uma relação de abrigo. É sim um lugar onde os padres moram. Eles não foram abandonados, mas escolheram viver no local”, argumenta. 

A Irmandade São Pedro dos Clérigos foi fundada no Século XVI, poucos anos depois da criação da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, em 1551. Desde o início, a finalidade principal da instituição quadricentenária é de cuidar de padres idosos, doentes ou já aposentados. Segundo o padre Manoel, sua instalação no Dois de Julho ocorreu há 50 anos. Além dessa vaquinha, em breve deverá lançado uma outra campanha para implantação de uma sala de reabilitação e um espaço melhor de convivência.  

Até às 19h de sexta-feira (16), 44 pessoas tinham contribuído com a vaquinha, totalizando uma arrecadação de mais de R$ 4 mil. Para ajudar, você pode acessar o link da campanha aqui. 

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.