Fila da agonia: soteropolitanos madrugam por teste de covid

Filas nos bairros onde há medidas restritivas começam a ser formadas até três horas antes do início das testagens

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  • Luana Lisboa

Publicado em 18 de maio de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Em três bairros de Salvador, os fins de madrugada prometem uma maior movimentação pelos próximos cinco dias. É que as medidas de enfrentamento à covid-19, realizadas pela Prefeitura, foram ampliadas para a Boca do Rio, Lobato e São Marcos. Além desses bairros, Brotas, Fazenda Grande do Retiro e São Caetano continuam a receber as distribuições de máscaras, higienização de vias e os tão almejados testes rápidos de covid. Mas para garantir um teste, muitos moradores desses bairros estão tendo que assistir o sol nascer.  Às 5h de segunda-feira (17), José Jorge Barbosa estava na fila. O chef de cozinha, de 63 anos, já havia tomado a primeira dose da vacina, quando foi infectado com o coronavírus, mês passado. Ficou 15 dias em isolamento e, agora, fez o teste rápido só para verificar o resultado negativo. “Quando cheguei na fila para o teste na Boca do Rio, onde moro, já tinham 20 pessoas na minha frente”, relatou. O mesmo aconteceu com Ana Bárbara Machado, moradora do Lobato. A enfermeira ainda não recebeu a vacina e, assustada com o aumento do número de casos dentre vizinhos e familiares, foi à fila conseguir seu teste às 6 horas.“Como tive contato com um parente infectado no Dia das Mães, resolvi fazer o teste e, às 6h da manhã, já estava na fila. Na minha frente tinham poucas pessoas, mas atrás tinham mais de 80. Acho que é um dos momentos mais críticos da pandemia aqui no bairro”, contou Ana.A impressão dela não está errada. Só na segunda-feira, a gestão municipal disponibilizou 855 testes rápidos nos seis bairros que estão recebendo as medidas. Desses, 247 resultados foram positivos, ou seja, 28% das pessoas nas filas testaram positivo. No Lobato, especificamente, foram 105 testes, dos quais 32 deram positivo, ou seja, 30% do total. Em relação aos outros bairros, só não está pior do que São Caetano, que de 150 testes, teve 60 casos positivos para a doença (40%).“Nos últimos 30 dias, o Lobato passou de 300 casos. Esse aumento também aconteceu em São Marcos e na Boca do Rio. A ideia é que a gente consiga estabilizar esses bairros, para só então as medidas migrarem para outros bairros”, explicou Fábio Mota, coordenador das medidas e também titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult).Essa semana, Liberdade, Paripe e Pernambués saíram da lista de bairros com as medidas por apresentarem redução no número de ocorrências - as medidas de proteção à vida duram uma semana, mas podem ser prolongadas por mais sete dias.  Mas isso não quer dizer que a situação nesses bairros está exatamente tranquila. “A gente não sai de bairros porque a situação está maravilhosa, saímos quando há outros piores. O que a gente tem observado é que, quando chegamos nos bairros, as pessoas tomam o susto e passam a diminuir as aglomerações e a usar máscaras, mas quando saímos, infelizmente, há um relaxamento”, continuou o coordenador. Até a próxima segunda-feira (24), as testagens estão acontecendo a partir das 8h, nos seguintes locais: fim de linha da Boca do Rio; fim de linha de São Marcos; quadra poliesportiva da Praça ACM, em São Caetano; e no estacionamento da Cemel, próximo à Igreja Católica São Paulo, na Fazenda Grande do Retiro. No Lobato, os exames acontecem na Unidade de Saúde da Família (USF) Joanes Leste. Além da distribuição de máscaras, desinfecção de vias, outra medida adotada é a atuação da assistência social através do Centros de Referência de Assistência Social (Cras) Itinerante.

Em outros bairros, as testagens podem ser feitas nas Unidades Básicas de Saúde e nas Unidades de Pronto Atendimento, onde são disponibilizados de seis a sete testes por dia.*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro